Palocci dá a deixa para Dilma: demitir o ministro porque não foi informada.

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, afirmou ontem em entrevista à Folha que não informou à presidente Dilma Rousseff os nomes dos clientes de sua empresa de consultoria, a Projeto, nem a natureza dos serviços que ela prestou. "Não entrei em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles", disse Palocci, em sua primeira entrevista desde que a Folha revelou seu enriquecimento, há duas semanas. Principal auxiliar da presidente desde o início do governo, o chefe da Casa Civil disse que não deu essas informações a Dilma nem quando discutiram o assunto em dezembro, antes da posse, nem depois da revelação de seu enriquecimento.

A entrevista foi feita em duas etapas. O ministro primeiro respondeu a um questionário com 20 perguntas. Depois, complementou as respostas respondendo a novas perguntas pessoalmente. Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 nos últimos quatro anos, usando os rendimentos da consultoria para comprar um apartamento de luxo e um escritório em São Paulo, como a Folha revelou em 15 de maio. O ministro faturou R$ 20 milhões no ano passado, período em que chefiou a campanha de Dilma à Presidência e exerceu o mandato de deputado junto com as atividades da sua consultoria.

 

Folha - O sr. forneceu à presidente a lista dos clientes de sua consultoria antes de assumir o cargo de ministro?
Antonio Palocci - Quando fui convidado pela presidente Dilma para assumir o cargo de ministro, comuniquei a ela que era sócio de uma consultoria e que teria que tomar providências a respeito. Antecipei que seguiria as normas e as determinações da Comissão de Ética Pública da Presidência. Não entrei em detalhes sobre nomes dos clientes ou serviços prestados para cada um deles.Antes de minha posse, o objeto social da empresa foi alterado, todos os seus contratos e atividades encerrados e a administração de seus recursos foi repassada a uma instituição financeira.

O sr. também não informou a presidente sobre o faturamento da empresa?
Não. Não achei que era adequado importunar a presidente com esse tipo de informação, esse tipo de detalhe. O que eu disse a ela claramente era sobre a existência da empresa, o que a empresa fazia, o que eu teria de resolver antes de entrar no governo. Se a empresa continuasse funcionando, haveria conflito de interesses.

E depois que a Folha revelou o faturamento de sua empresa em 2010?
Não falo sobre faturamento. O faturamento foi 100% informado aos órgãos de controle tributário e todos os impostos foram recolhidos. A Receita nunca multou a Projeto. Nem a Prefeitura de São Paulo. A empresa teve certidões de regularidade na Receita durante todo esse período. Isso para mim é que é o importante. Não acho adequado levar essas informações à presidente.

Mas nem depois que foi divulgado?
O que ela me sugeriu, o que me orientou, é que eu desse todas as informações necessárias à Procuradoria da República e explicasse os procedimentos da empresa.

Nem por curiosidade a presidente perguntou quem eram seus clientes e quanto o sr. faturou?
Não.

Por que o sr. não torna pública a lista de clientes, para que o país saiba se há conflitos de interesse na atuação do principal ministro do governo?
No governo da presidente Dilma não há ministros principais, sou um da equipe.Nunca escondi minhas atividades de consultoria. A empresa [Projeto] sempre esteve registrada em meu nome e de meu sócio na Junta Comercial, com seu objeto social, sede e demais dados disponíveis para consulta de qualquer pessoa. Lembro-me que jornais e revistas chegaram a noticiar algumas das atividades que realizei como consultor.Tomei cuidados adicionais, como, por exemplo, não prestar serviços para qualquer empresa, entidade ou órgão público e nunca permitir que a Projeto intermediasse ou defendesse interesses privados perante o poder público.Não é por acaso que até agora ninguém apresentou qualquer fato concreto que possa sugerir algum desvio de conduta meu ou uma irregularidade nas atividades da empresa. Até agora não vi nenhuma acusação concreta, só luta política. Quanto à lista de clientes, é praxe que as relações comerciais entre empresas privadas sejam regidas pela confidencialidade. Isso ocorre por várias razões, inclusive pela sensibilidade empresarial das informações envolvidas e para proteger as estratégias de negócios dos clientes. Além disso, seria irresponsabilidade da minha parte expor, neste contexto de embate político, um conjunto de empresas renomadas em seus setores.

É sabido que um de seus clientes foi a construtora WTorre, que fez negócios com estatais. Que serviços o sr. prestou e quanto recebeu?
O caso desta empresa é um bom exemplo de como a disputa política se sobrepôs aos fatos. Bastou o seu proprietário admitir publicamente que eu havia feito análises de cenários econômicos a seus diretores para que alguns parlamentares a acusassem de ter sido favorecida pela Receita Federal e ter obtido a restituição de impostos em tempo recorde. No mesmo dia, o Ministério da Fazenda esclareceu que a Receita apenas cumpriu uma ordem judicial, que determinava que ela decidisse sobre um processo que já tramitava havia quase dois anos. Dois anos é agora tempo recorde? E a Receita deveria passar a não cumprir ordens judiciais? Ou seja, a alegação de favorecimento foi rapidamente desqualificada.Mesmo assim, é inegável que ocorreu uma forte exposição negativa da empresa, por motivação exclusivamente política.Não duvido que algo semelhante ocorreria com qualquer outro cliente da Projeto que viesse a público.

O sr. sente-se impedido de lidar na Casa Civil com assuntos de interesse da WTorre?
Quanto à minha atuação como ministro, estou submetido a regras específicas para evitar conflito de interesses e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Sigo e seguirei todas as recomendações e normas à risca.

Se algum representante da WTorre tiver um problema para resolver na Casa Civil, como o sr. acha que deve ser seu comportamento?
Não vou falar sobre isso.

Sua consultoria participou da venda das ações da Camargo Corrêa no grupo Itaú ao fundo de pensão Petros, manteve negócios com o banqueiro André Esteves e prestou serviços para o banco Safra?
Pelos motivos que já apontei, não vou tratar dos nomes dos clientes, mas repito que dentre eles não estavam empresas, entidades ou órgãos públicos e que a Projeto nunca atuou na defesa ou intermediação de interesses privados perante o poder público. Isso inclui os fundos de pensão das empresas estatais. Eles nunca foram clientes da Projeto e a empresa nunca defendeu qualquer interesse junto a tais fundos.

O senador Eduardo Suplicy disse que o sr. participou de uma operação de fusão de duas empresas em que sua consultoria teria faturado R$ 1 milhão. Que negócio foi esse? Sua consultoria trabalhou para viabilizar a operação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)?
O senador negou publicamente que tenha afirmado isso. Na conversa que tive com os senadores do PT expliquei, como fiz ao procurador-geral da República e faço agora, o funcionamento da empresa e dos contratos. Naquela oportunidade falei sempre em tese e não sobre um ou outro episódio concreto. Como já disse, a Projeto nunca atuou junto a qualquer outro órgão público na defesa de seus clientes.

Mas o sr. trabalhou em operações de fusão de empresas?
Trabalhava em projetos de novos empreendimentos. Uma vez ou outra, esses novos empreendimentos poderiam ser a aquisição de empresas.

Operações desse tipo dependem da aprovação de órgãos federais como o Cade.
Essa parte nunca fiz. A Projeto nunca atuou junto ao Banco Central, ao Cade, ao Ministério da Fazenda, para resolver problemas das empresas. Meu papel era anterior. Era analisar cenários para as empresas, propor empreendimentos. Todo empreendimento que você vai fazer, por exemplo, uma fábrica nova, você precisa pedir autorização para o Ibama. A Projeto não atuava no Ibama, mas atuava na proposta de construção desse empreendimento.

Algum cliente propôs que o sr. resolvesse um problema no Cade?
Não. Sempre que eu fazia uma contratação com empresas, deixava claro o que podia fazer e o que não podia fazer, o que era legal, o que eu não poderia prestar. Na área tributária, nunca fiz serviço para empresas. A Projeto nunca atuou com empresa pública, só com empresa privada. Nem prestando serviço para empresa privada em órgão público.

Quantos contratos a Projeto assinou, quanto faturou e quanto lucrou desde o início de suas atividades?
O faturamento da empresa, mês a mês, em todos os seus detalhes, foi devidamente informado aos órgãos fiscais competentes, junto com o recolhimento de todos os tributos devidos.

Como ministro, o sr. lidou com temas de interesse de empresas que contrataram a Projeto, ou se declarou impedido de atuar nesses casos?
É importante que fique claro que antes de assumir a Casa Civil todos os contratos de consultoria da Projeto foram encerrados. Hoje, a empresa não tem mais clientes, nem pode exercer qualquer atividade dessa natureza.

Por que a Projeto recebeu mais dinheiro entre a eleição e a posse de Dilma, e por que continuou recebendo pagamentos após o anúncio de sua escolha como ministro?
Todos os valores recebidos pela Projeto naquele período se referem a serviços efetivamente prestados até 2010. Quando fui convidado a assumir o ministério, a Projeto tinha vários contratos em andamento. Foram tomadas providências necessárias para encerrá-los, mas isso não acontece da noite para o dia. Os contratos foram finalizados, e o objeto da empresa modificado antes da minha posse, evitando qualquer conflito.

O que o sr. fez com o dinheiro que sobrou depois que o sr. gastou R$ 7,5 milhões para comprar um apartamento e um escritório em São Paulo?
Desde dezembro de 2010, os recursos financeiros da Projeto passaram a ser administrados por uma instituição especializada. Por contrato, é padrão que a gestão dos recursos nesses casos seja feita sem qualquer consulta à empresa ou seus sócios, seguindo unicamente os critérios técnicos escolhidos pela instituição gestora. Ou seja, não interfiro de qualquer modo no destino dos recursos. Esta medida foi tomada para evitar qualquer conflito de interesses e foi informada à Comissão de Ética Pública logo que assumi o ministério.

O sr. aplicou todo o seu dinheiro no país ou remeteu uma parte para o exterior?
Todos os recursos foram aplicados no país. A Projeto não tem qualquer conta ou aplicação fora do país. Como pessoa física também não tenho recursos no exterior.

A Projeto justificou os pagamentos recebidos no fim de 2010 apontando o fim de suas atividades. Não havia multas e outras penalidades previstas para o encerramento dos contratos?
Os contratos previam a hipótese de rescisão a qualquer tempo e os termos de seu encerramento foram ajustados com os clientes. A empresa só recebeu pelos serviços efetivamente prestados até 2010.

12 comentários

Coronel,
nunca na história deste país vimos um ministro de estado ir para televisão tentar explicar seu enriquecimento mágico. Os petralhas conseguiram realmente implantar a iniquidade n Brasil. A cara de pau dessa canalha é infinita. A oposição, me parece, está toda comprada. A imprensa, na quase sua totalidade, principalmente as maiores do ramo, mostrando que passaram a ser imprensa oficial. Nosso país passou da era da mediocridade para era da velhacaria. Que Deus nos acuda.

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A gerenta super eficiente com o dela na reta não exigiú detalhes do safado e o manteve no cargo com o atenuante de ainda defendelo publicamente, vai ser eficiente assim lá na china.
O lula já a desmoralizou e também mandou ele defender o Pallocci agora o propio Pallocci a desmoraliza com a sua declaração.

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Coronel,
Algumas rápidas observações sobre explicações que não convencem:
1) WTorre: a receita apenas cumpriu uma ordem judicial sobre uma assunto que rolava há dois anos. E Palocci pergunta: "dois anos é tempo recorde?" Mas claro que é! Desde quando a Receita ou qualquer outro órgão do Governo cumpre decisão judicial de primeira instância? Recorrem sempre e se utilizam de todos os recursos e truques judiciais possíveis para retardar ao máximo os pagamentos. Junto com companheiros de outras empresas ganhamos uma ação movida contra o governo em todas as instâncias possíveis e imagináveis. Inclusive no STF. E o processo teve inívio em 1986. 1986! 25 anos! E até hoje não conseguimos ver a cor de todo o dinheiro que nos é devido. Logo, para mim 2 anos é tempo recorde sim!
2) Palocci não dava consultoria a qualquer empresa que tivesse negócios ou interesses com órgãos do Governo. E porque diabos alguma empresa iria recorrer a um médico sanitarista para tratar de assuntos administrativos internos ou para se aconselhar sobre fusões com outras empresas? Ainda mais pagando uma baba de dinheiro! Ou será que o sócio do Palocci na Projeto é algum gênio das finanças? Aliás, quem é esse sócio? Estou curioso...
3)Nem a Projeto e nem o próprio Palocci têm qualquer conta no exterior. Deve tratar-se de caso único e inédito para petralha nos altos escalões do poder. Aliás, Maluf também sempre jurou de pés juntos que nem ele e nem sua empresa jamais tiveram contas no exterior.
4) O milagre do encerramento da empresa e dos contratos com remuneração milionária. Quer dizer que ele prestava consultoria durante meses sem receber nada e. de repente, ao decidir fechar a empresa e deixar de cumprir com os compromissos previstos em contrato, todos os cliente saem correndo para pagar tudo o que era previsto? Ora, me poupem! Isto é querer imaginar que está dando explicações para um bando de imbecis.

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Há muitos anos soube, da boca de um advogado tributarista que prestava serviços a um amigo meu, o seguinte:
-O contribuinte pode declarar à Receita, em um campo específico da declaração de IR, ganhos cuja origem não queira revelar, paga o imposto correspondente, e está tudo lavado, bonitinho, sem maiores perguntas nem questionamentos.
Fiquei pasmo, estupefato - mas isso foi lá pelos idos de 1972.
Pensei que tivesse sido alterado.
Soube há pouco que garotas de programa hoje mesmo usam tal "facilidade" para fazer sua declaração de renda, ter seu CPF...

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Ele justifica, mas não explica!!!

Continuamos sem saber!!!


Chris/SP

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PALOFFI - na casa covil
GENUINO - no Min. da Defesa
RENAN - - na Comissão de ética do Senado
CUNHA - - na c.c.j. da câmara
DILMA - na p residencia
CARDOZO - na min. da justiça
SARNEY - na presidencia do Senado
MARTA - vice pres. do senado

Quanto lixo minha gente. Quando vamos começar a mandar todos eles para as putas que os pariu.

Só vontade não basta, se não começarmos logo, vamos morrer com vontade. Antes eles do que nós.

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Coronel

A cara de pau deslavada deste cidadão, ao fazer aquela entrevista de ontem, só pode ser para gozar de nossa cara.

Para eles, do governo, todos nós somos imbecis, lumpens, e que acreditamos em papai noel, chapeuzinho vermelho, coelhinho da páscoa, saci-pererê etc...

E olhar fotos dele ao lado da ATUAL, sorrindo, no lançamento do grande programa "adeus miséria", foi de lascar.


Acorda Brasil, ainda dá tempo. O EX já começa a colocar as manguinhas de fora, e a preparar a sua volta.

General Maximus Decimus Meridius
Curitiba-PR

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Coronel e amigos do blog,

Com sua licença, sugiro a todos que enviem uma "chuva" de email's para a casa covil manifestando a nossa indignação contra este vigarista, que se acha muito esperto e que tem a certeza de que NADA vai atrapalhar os seus planos de poder e de enriquecimento.
Já mandei email's "telegráficos" - digite a mensagem apenas no "título" e não no "corpo da mensagem". Por ex., mandei um assim: "Paloffi se o Francenildo deu explicações vc tb deve dar.Eu quero saber SIM! Outro: "Dilma, quem cala consente ou é cúmplice".
Assim, a mensagem aparece de qualquer forma e tem que ser lida para só depois ser deletada.
Tenho ligado tb e pedido para falar com a dilma (eles transferem a ligação para o gabinete da presidência e vc dá o seu recado para quem atende). Ontem,falei assim: "Quero falar com a dilma (sem essa de vs.excelencia ou sra.presidente).Sou uma brasileira honesta, trabalhadora e tb quero ficar rica. A dilma tem que mandar o paloffi ensinar a fórmula dele para nós, que trabalhamos muito e ganhamos pouco. O método dele é melhor do que jogar na megasena".
A moça que atendeu escutou tudo, sem desligar e imagino que de tanto ouvir este tipo de ligação, "alguém" fica sabendo das reclamações.
Esta é a fórmula que encontrei para demonstrar toda a minha contrariedade com a corrupção descarada deste desgoverno.
Temos que agir, fazer qualquer tipo de manifestação!
Bom fim de semana! Um abraço,

casacivil@planalto.gov.br
061 3411-1221 LIGUE JÁ!

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Dizem que o diabo, muito esperto, mora nos detalhes...

E os "detalhes" do rombudo Faloffi não tem nada há ver com os versos da música de Roberto E Erasmo Carlos. A melodia era outra - o tilintar de 30 dinheiros...

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Pra que ela vai "exigir detalhes" do Pallofi? Alguém duvida que ela ...


E o programa "adeus miséria" foi criado há muito tempo. Você já viu algum petista miserável?

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Diiiiiilma. Tá na hora de demitir o Palocci, Dilma.

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