Código Florestal: Marina Silva vai aceitar o apoio de Blairo Maggi, que a derrubou?

Quando saiu do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva culpou o então governador Blairo Maggi (PR-MT), hoje senador, em entrevista à revista Isto É:

"Precisamos criar uma nova narrativa para os nossos produtos. Basta fazer o dever de casa, passando no teste e não mudando o teste como tentaram fazer aqui. Quando as pessoas falavam que o governador Blairo Maggi tinha se convertido ao ambientalismo, eu passava por cética. É que eu sabia o que estava acontecendo em Mato Grosso. Saí do governo porque o governador de Mato Grosso queria contrapor os dados do Inpe, que acompanha desmatamento com altíssima tecnologia, reconhecida no mundo inteiro, aos de uma Secretaria de Meio Ambiente que tinha acabado de ser criada", atacou Marina Silva. Ela expôs ainda que "o secretário, por sinal, foi agora preso numa operação (referindo-se a Luiz Daldegan, preso na Operação Jurupari com ex-integrantes da cúpula da Sema). Eles estavam fazendo apenas fraude política com a questão ambiental e prejudicando o agronegócio do Brasil. Mas saí vitoriosa e quem fez a opção pelo que dizia o Mangabeira, pelo que dizia o Blairo e pelo que dizia o ministro da Agricultura, se não está politicamente derrotado, eticamente está", disparou a ex-ministra. 

O senador Blairo Maggi, um dos maiores proprietários de terra no Brasil, considerado o maior produtor se soja do mundo,  também foi convertido e passou a atacar o Código Florestal, tendo sido recentemente desmascarado no plenário do Senado, pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Ontem, informam que manifestou apoio à Dilma Rousseff, no encontro dos senadores do PR, para que ela não aceite a emenda patrocinada pelo PMDB. O que existe por trás do "ambientalismo" de Blairo Maggi?

O primeiro fato é que licenças ambientais concedidas pelo seu governo levaram ao descontrole das queimadas em Mato Grosso, no fim de 2007, segundo dados do INPE. No embate dele com Marina Silva, Lula optou pelo governador, causando a demissão da ministra do Meio Ambiente. O fogo consumiu parques e reservas da Amazônia e do Cerrado. Levou diversas cidades a declararem estado de calamidade pública, cancelou aulas, superlotou hospitais públicos. No entanto, o fato também gerou uma investigação criminal.  O inquérito acaba de chegar ao STF que, como se sabe, não é infenso à influência do Planalto, muito antes pelo contrário. Para o bom entendedor, meio inquérito no STF basta.

O segundo aspecto é que existe uma estranha história ligando Blairo Maggi à Brasil Ecodiesel, um programa de Lula que continua capengando. Há um contrato mal explicado em que toda a soja utilizada é comprada das fazendas do senador, a preços para lá de especiais. E que na composição do biodiesel, em vez da mamona e do algodão, a soja de Maggi passou a representar 97% da matéria-prima. Atualmente, a Brasil Ecodiesel vive uma enorme crise, com o preço das ações desabando, o que pode estar prejudicando os interesses comerciais do ruralista que virou ambientalista. Se houver algum leitor ou comentarista com maiores informações, favor postar na área de comentários. 

O apoio de Blairo Maggi ao veto de cláusulas do novo Código Florestal escancara a realidade: para os grandes produtores, tanto faz, tanto fez uma nova legislação. Eles estão protegidos pelo lobby, pelo poder político, pelo tráfico de influência. E por uma rede de corrupção que derruba até ministros, não mesmo, Marina Silva? Vamos ver se a "ambientalista", que no fundo é uma lobista de interesses internacionais, vai se unir com o "ruralista", que no fundo é um oportunista, mais preocupado com os próprios interesses políticos e empresariais. Talvez a união de Maggi com Marina abra, de uma vez por todas, os olhos da imprensa e da própria Dilma.