Os ambientalóides não gostam de democracia.

Artigo publicado hoje, na Folha de São Paulo, pela senadora Kátia Abreu, intitulado "Política e ambiente":

O longo processo de votação do novo Código Florestal, que só em sua fase final se arrasta por um ano, serviu para tornar claras as diferenças entre os produtores rurais brasileiros e os políticos que se definem como ambientalistas.  Não seria impróprio reconhecer que, de um modo geral, os ambientalistas são conservadores em sua visão do mundo e autoritários na sua ação política.  Além disso, só levam em conta aspectos ambientais, fechando os olhos para a rica complexidade da vida moderna que nos obriga a tratar com equilíbrio os fatores econômicos, sociais e culturais.

Os produtores rurais são otimistas em relação ao futuro e desejam o aumento da produção e da renda como aspiração legítima da sociedade. Para atingir seus propósitos, acreditam nos mecanismos da democracia representativa.  Por imaginar que os recursos da terra chegaram ao limite de utilização, os ambientalistas defendem a contenção e a modificação imediata do consumo das pessoas.  Tornaram-se o que se pode chamar de conservadores da era pós-moderna. Para eles, o que importa é recriar ambientes naturais que existiam antes do capitalismo moderno.  No fundo, a atual luta dos ambientalistas contra os produtores brasileiros é apenas um capítulo de sua guerra contra as formas de viver e de produzir que a ciência e a tecnologia permitiram, e que os homens naturalmente escolheram.

Essa visão tem graves consequências éticas, uma vez que implica limitar o jogo do consumo quando a grande maioria da humanidade ainda vive com baixa qualidade de vida e bem-estar.  Os produtores do Brasil, e grande parte da sociedade que os apoia, filiam-se a uma tradição mais otimista na capacidade que tem o homem de adaptar-se às mudanças no mundo material.  Desde os primórdios, a história não tem sido uma narrativa de fracassos e de desastres, mas, pelo contrário, de adaptação criativa e de superação.  Apesar de alguns insucessos, a marcha geral da civilização, invariavelmente, é positiva. No caso brasileiro, a adaptação da produção agrícola à evidente finitude dos recursos naturais já vem ocorrendo há tempos.

Nas últimas três décadas, a produção de grãos no país passou de 47 milhões de toneladas para 159 milhões de toneladas, enquanto a área plantada cresceu apenas de 37 para 49 milhões de hectares, com elevação de 151% na produtividade.  Se, em 2010, tivéssemos a mesma produtividade de 1977, teriam sido necessários, para a mesma produção agrícola, uma área total de 122 milhões de hectares, 73 milhões de hectares a mais do que efetivamente utilizamos.  O que poupa recursos e preserva o mundo natural de utilização não são normas, burocratas e retórica ambiental, mas a ação dos produtores e o apoio do avanço científico. Na prática, a política ambientalista não confia nas instituições da democracia representativa.

Longe dos principais partidos, seus integrantes exilam-se em pequenas siglas, em que desfrutam da comodidade do pensamento único, dispensando-se das canseiras do debate e do convencimento.  Com o apoio financeiro de empresas que se apropriam da natureza como ingrediente de marketing, procuram influir na burocracia do Estado para impor à sociedade sua visão restrita do mundo. E fogem da luta parlamentar -não propõem emendas nem projetos alternativos. No Brasil, até aqui, tiveram êxito.  Há 46 anos, o Congresso vem sendo privado de votar normas ambientais. A legislação em vigor foi criada ou modificada por meio de decretos, de resoluções e de portarias, decididas sem transparência e longe dos olhos da sociedade.

Os produtores rurais dependem da democracia para viver, produzir e progredir. Por isso, sua arena é o Parlamento e suas razões precisam ser compartilhadas pela maioria.  Como se vê, estamos diante de duas visões de mundo e de dois modos de ação política. O que prevalecer vai ditar os próximos rumos da sociedade, da economia e da política brasileiras.

KÁTIA ABREU (DEM-TO), 49, senadora e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve aos sábados, a cada 14 dias, neste espaço.

9 comentários

Coronel,

desculpe, mas mesmo sendo sobre o Código Florestal, preciso urgentemente manifestar o meu, o seu o nosso nojo de ver o Nullo ontem, no Jornal Nacional dando uma de Chefe Soberano de Estado!

O encontro com as centrais de trabalhadores e cúpula de PT, só reitera que elle é o governante do país e a Dilmoscamorta é marionete, doente, moribunda,

Cristiana Lôbo continua chamando o Nullo de presidente, e o outro comentador da Globo News (esqueci o nome), também!

Deus tenha piedade de nós.
Precisamos muito.

Flor Lilás/PR

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Os ambientalistas e esquerdistas (simpatizantes da causa) continuam comendo seus churrasquinhos e os "ripongas", enquando fumam seus baseados e discorrem sobre problemas ambientais, usam suas sandalinhas de
couro do coitado do boi...

Até em Higienópolis, o protesto foi com o famigerado churrasquinho...


A juventude simpatizante desse discurso seria capaz de mudar seus hábitos, inclusive alimentares, ou ser menos consumista por uma causa? Eu duvido... Assim como também duvido que pouquísimos militantes ambientalistas, ou elementos do governo, teriam coragem de propôr tal coisa... Isso não dá voto.

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A senadora continua sendo muito clara e objetiva em seus escritos. Só está pecando na hora de falar em política, onde sempre escapa pela tangente e fica parecendo ser não oposição e não governo. Porém, quando escreve e discursa livremente, deixa mais claro seu ideário liberal. No momento em que o governo e o PT estão em crise, a base de apoio está em crise, seria hora de fortalecer seu ideário, que com certeza terá muitos aderentes. Além do que, poderá ser fundamental na apreciação do Código Florestal no Senado da República. Será bom caso ela não esmoreça. Se o fizer, será apenas mais uma. Se destacar-se, poderá tornar-se uma liderança de peso.

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Não se preocupe, não, Flor Lilás!

A exposição do apedeuta somente expõe o quão frágil é o governo da rainha, a muda. O governo está emparedado e é refém do PMDB.

Ele sabe disso, e porisso está desesperado. Se o PMDB quiser, derruba este governo que mais parece um castelo feito de palitos de fósforos. Se sofrar, vão pelos ares!


Chris/SP

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Coronel,
esta mulher sim é preparada e honrada para ser presidente.

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Coronel,

Admiro a Kátia Abreu. Por isso mesmo, é muito chato - pra dizer o mínimo - ler no jornal que ela está "pensando" (?!?) se assina o pedido de CPI convocando Palocci no Senado. Essas posições dúbias dão o que pensar.

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Coronel
O que os ambientaloides tema a dier sobre essa informação do site de Claudio Humberto:

"27/05/2011 | 18:47
NYT: Chineses querem controlar produção de soja no interior do Brasil

O jornal The New York Times publicou nesta sexta (27) uma matéria sobre a imigração de chineses para o Brasil. No texto, a publicação americana fala sobre como ao chegar ao país e não encontrar terra o suficiente para compra, os chineses passaram a financiar a produção de fazendeiros brasileiros para que ao crescer fosse enviada à China. De acordo com um produtor entrevistado, o país do continente asiático precisa de muita soja e os plantadores de incentivo financeiro, o que segundo ele, seria “um novo começo para os fazendeiros de Uruaçu”, cidade no interior de Goiás. O que a matéria diz em seguida é ainda mais preocupante, segundo o jornal, os chineses pretendem controlar a produção de forma direta sem depender dos produtores ou de algum tipo de associação e “trazer o fervor pela agricultura auto-suficiente de sua nação para o outro lado do mundo”."

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Deixe estar Flor Lilás!

A derrota da Rainha de Copas é a derrota do velhaco, tudo de ruim que der no desgoverno dela fatalmente respingará no inútil, talvez assim acorde os passa-fomes do bolsa-esmola.
Se continuar como está até agora a Madame Satã levará o troféu do pior governo de todos os tempos, pior até do que aquele de seu amiguinho Sarney.

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Excelente a análise da Senadora Kátia Abreu. O Congresso é e deve ser o local onde essa questão e outra devem ser debatidas. Não podemos ficar reféns de uma minoria que quer impor sua vontade, quando milhares de outros brasileiros pensam exatamente o contrário. O Congresso eleito pelo povo deva dar mostras de sua soberania perante o Executivo e votar segundo aquilo que a sociedade julga ser favorável ao seu bem-estar. Descontentes sempre existirão, mas é da Democracia prevalecer a vontade da maioria. Não por acaso foi eleita a Sra Dilma Roussef.

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