As falsas premissas começam a cair.

Eles prevêem, prevêem, prevêem e não acontece. Depois de tudo o que afirmaram e informaram, José Serra(PSDB) continua à frente nas pesquisas e em trajetória ascendente. Por outro lado, Dilma Rousseff (PT) empacou e começa a descer. O que ainda sobra para ser derrubado? Muito pouca coisa e vale à pena desmanchar uma a uma estas falsas premissas que embalam os sonhos da blogosfera chapa-branca ou simpatizante, bem como do colunismo "vai-e-vem" que anda por aí, representado pelos Toledos, Valdos, Ricardos, Clóvis, Fernandos e outros menos votados. Vamos lá?

1. 25% ainda não sabem que Dilma é a candidata do Lula. Quando souberem, ela vai disparar!

Resposta: Ledo engano! 75% já sabem que a Dilma é apoiada pelo Lula. No entanto, 42% não sabem em quem vão votar, não conseguem indicar um só nome de candidato à presidência na pesquisa espontânea! Dos outros 58%, que conseguem indicar um nome, apenas 22% escolhem a candidata do Lula. Ou seja: menos de 1/3 dos eleitores que sabem que a Dilma é apoiada pelo Lula declaram seu voto na candidata, de forma espontânea.

2. De agora em diante, Lula vai poder dizer quantas vezes quiser que Dilma é a sua candidata, sem cometer crime eleitoral( esta premissa é do blogueiro do Estadão, aquele que inventou o "eleitor vai-e-vem"). E Lula falando, é voto certo!

Resposta: Nã-ná-ni-ná-nã! Sabe quantas pessoas chegam às vésperas da eleição sem saber dizer em quem vão votar? Pelo Ibope, são 24%. Pelo Datafolha, são 20%. Estes dados são das últimas pesquisas antes do primeiro turno de 2006, na pesquisa espontânea. Lembram quem era o candidato do Lula? Era o próprio Lula, mas mais de 20% não sabia nem ao menos que ele era candidato.  É o famoso "analfabetismo eleitoral". Na melhor das hipóteses, se 75% já sabem que a Dilma é a candidata do Lula e só 37% votam nela, falta pouco, muito pouco, para acabar a transferência de votos do presidente. Até dá para arriscar: não transfere nem mais 2%! A bichinha palanqueira vai empacar nos 40%, com tendência de queda, em função dos debates.

3. A economia está bombando. Com isso, o povo está feliz da vida e vai votar na "continuidade".

Resposta: Até agora, o fenômeno da "economia bombando" ainda não se traduziu em vantagem nenhuma, pois José Serra está à frente. A tendência, aliás, não é melhorar. A inflação está subindo, os juros estão subindo, a violência está aumentando, as estradas estão piores, a saúde anda mal das pernas...Para o pobre, economia é o que ele tenta fazer no final do mês e não consegue. Portanto, é só ajustar o discurso e apontar os problemas que o país ainda tem que resolver, para que este negócio de "economia bombando" acabe explodindo na mão de quem aumenta juro, não cuida da saúde, não arruma as estradas e por aí vai.

4. Quanto mais o eleitor souber que Dilma é Lula, mais ela vai subir...

Resposta: Esta é a maior bobagem. Com o começo da campanha eleitoral, o que o eleitor vai querer saber é quem são os candidatos e não quem os apóia. Este fato vai perder a importância nas primeiras semanas. É de uma imbecilidade sem limites achar que Lula vai comandar o voto do brasileiro, tendo mais peso do que a qualidade, a experiência, o currículo ou a biografia dos candidatos. A campanha terá 45 dias de TV, milhares de comerciais, cinco debates. Se forçarem a barra do Lula impondo o voto na Dilma, o tiro vai sair pela culatra. É claro que eles sabem disso. Eles não são burros.

Por tudo isso, a oposição que se prepare, pois a única saída para que o poste tenha alguma luz será o terrorismo eleitoral. Os dossiês. As falsas acusações. A destruição de reputações. Será espalhar mentiras, boatos e ameaças ao eleitorado. Podem anotar: é isso que eles vão  fazer. Não tenham dúvida. Seria bom que a imprensa não participasse deste esquema sujo, mas não há garantia nenhuma contra isso. Até agora, a imprensa tem sido a maior aliada do governo contra a democracia. Infelizmente.
.................................................................................
O eleitor não é um mané.

Nesta época de Copa do Mundo misturada com Eleições, onde tanto o colunismo esportivo quanto o colunismo político está dando com a cara no muro, errando todas as previsões, nada melhor do que lembrar o gênio Mané Garrincha. Na Copa de 1958, véspera do jogo contra a Rússia, então URSS, a preocupação era Tsarev, temível lateral incumbido de uma missão impossível: segurar Mané. O técnico Feola se esmerava junto ao nosso craque: “quando o Tsarev vier em disparada, passe a bola. Quando o outro beque vier pela direita, drible pela esquerda...”. Enfim, havia mil recomendações, cabendo as iniciativas aos russos. Na sua simplicidade, Mané Garrincha lança a pergunta demolidora: – O senhor já combinou tudo isso com os russos? Quando vemos jornalistas e blogueiros fazendo as previsões  mais idiotas e mais sem pé e sem cabeça sobre a influência de Lula na eleição e, especificamente, sobre o seu poder messiânico de eleger a sua candidata,  a gente fica se perguntando: - Será que estes senhores acham mesmo que o eleitor é mané? Tenham cuidado. O eleitor costuma dar dribles desconcertantes, daqueles de deixar adversário que usa saltinho alto sentado no chão.