Ibope x Datafolha e as regiões do Brasil. Quanta diferença!

Abaixo, estamos fazendo um comparativo entre as três últimas pesquisas Datafolha e as três últimas pesquisas Ibope que mediram as intenções de votos para Presidente da República. Com uma diferença: o comparativo é por regiões, para que possamos avaliar as diferenças entre os dois institutos. Basta clicar nas imagens para ampliar e ler.

A margem de erro de 2% destas pesquisas, que podem estar erradas em 4% no cenário nacional, dão um confortável, aconchegante e enorme cobertor para Ibope e Datafolha. Se eles errarem dentro da margem, apresentando uma diferença de 4% entre os candidatos, é aceitável em âmbito nacional. Mas, quando projetamos esta mesma margem para as regiões é que aparecem as grandes distorções. Os 4% de erro no país, se fossem concentrados em uma só região,  representariam cerca de 10% de erro no Sudeste; cerca de16% de erro no Nordeste; cerca de 24% de erro no Sul;  cerca de 28% de erro no Centro-Norte. É ou não é confortável? No entanto, é esta "folga"para os institutos que explica os grandes erros e as grandes viradas às vésperas de eleições. 

Abaixo, uma análise das últimas seis pesquisas por região.  Atenção: azul é Serra. Dentro da bolinha, o percentual e a sigla: DT é Datafolha e IB é Ibope. Obviamente, vermelho é Dilma. Dentro da bolinha, o percentual e a sigla, DT é Datafolha e IB é Ibope. Algumas vezes aparece uma bolinha verde: é quando os dois institutos encontraram o mesmo percentual.

Vejam a Região Sul. Os institutos encontraram dados completamente diferentes. Enquanto o Ibope mostra um crescimento acelerado de José Serra (PSDB), o Datafolha mediu uma queda assombrosa do mesmo candidato. Hoje, existe uma diferença de 10% a favor de Serra no Ibope e de apenas 3% no Datafolha. Quem está certo? Qual é a tendência? Será que o eleitor do Sul, considerado o mais politizado, está tendo este comportamento tão errático?

Na Região Sudeste, os dois institutos convergem para um mesmo resultado. No entanto, o Datafolha vê queda de José Serra, enquanto o Ibope vê estabilidade. Para Dilma Rousseff, os institutos chegam aos mesmos números. Outro detalhe: para o Ibope, só Dilma cresce, Serra não cai. O que isso pode significar? Todos os indecisos estão indo para o PT? Todos os votos de Ciro foram para o PT? Fica a dúvida no ar.

O Nordeste mostra Dilma em crescimento, tanto no Ibope quanto no Datafolha. Para José Serra, os dois institutos demonstram uma estabilidade, com uma diferença: no Datafolha, o patamar de Serra é 6% maior do que no Ibope. O mais interessante é que esta "leitura" vem desde a primeira pesquisa. Há um leve crescimento de Serra, mas os números não fecham entre os dois institutos.

O Centro-Norte, assim como no Sul, apresenta uma grande diferença entre os dois institutos, apesar de ambos indicarem um crescimento de Dilma Rousseff. Para o Datafolha, existe uma diferença de 6% entre Dilma e Serra, a favor da petista. Já para o Ibope, a diferença é de 16%, ou seja, 10% a mais. Como explicar?

Finalmente, voltamos ao raciocínio inicial. Mesmo com tantas diferenças entre os institutos, os dois encontram, hoje, mais ou menos o mesmo percentual para os dois candidatos: 37% e empate técnico. Ou 34% para um e 39% para o outro, dentro da margem de erro. Por isso, é importante analisar as pesquisas regionais, pois são elas que melhor retratam o quadro. Nas pesquisas nacionais, 4% de margem são mais de 4 milhões de votos, que podem signficar mais de 40% do eleitorado do Norte do país.