Papo furado.

"A velha história de que 30% vota com Lula, 30% contra ele e os restantes variam em função do contexto, tem nova aritmética. As pesquisas mostram que os primeiros cresceram e encurtaram a proporção dos segundos. O piso subiu de um lado e desceu do outro.Em outras palavras: com os 30% que as atuais pesquisas lhe dão, Dilma ainda não chegou nem perto de seu “ patamar”. (O que não quer dizer que vai ganhar as eleições, pois isso depende de muitas coisas)."

O texto acima encerra um artigo no Correio Braziliense, do presidente da Vox Populi, Marcos Coimbra. Para quem não lembra, este é aquele instituto que usa as mesmas amostras para fazer pesquisas eleitorais. Diz para o TSE que vai fazer sorteio aleatório dos municípios e não faz. Volta aos mesmos lugares, aos mesmos bairros, às mesmas ruas, sabe-se lá se até não manda torpedos para os entrevistados avisando da sua chegada. Ou até mesmo se não faz a pesquisa por telefone. Quando não existe sorteio, nós temos o direito de pensar que todas as falcatruas estão sendo cometidas. A Vox Populi também andou invertendo os nomes dos candidatos nos discos apresentados aos entrevistados. Os nomes da oposição, é lógico. Por isso o instituto é conhecido como Xov Ilupop, já que os resultados dos seus levantamentos normalmente são o avesso dos constatados nas pesquisas dos institutos sérios, como o Datafolha e o Ibope. Feita a apresentação, vamos desmontar a mistificação posta no artigo. A "velha história" de que 30% vota com Lula é, na verdade, o eleitorado do PT, com ou sem Lula. É o que ocorre em qualquer município e não só na eleição à presidência. Não existe, assim, o "vota com Lula". Esta é a grande mentira que a Vox Populi, a Sensus e, para não sermos injustos, a própria Datafolha e o Ibope tentam empurrar goela abaixo do povo brasileiro, colocando incessantamente como tema das pesquisas eleitorais. Uns antes e outros depois de perguntar em quem o eleitor vai votar. A grande aposta é sobre o poder de cabresto de Lula que, por ter uma alta popularidade, poderia resolver a eleição. Até o presente momento, depois de dois anos de campanha aberta feita por Lula para a sua candidata, isto não ocorreu. E ao contrário do que o sociólogo da Vox Populi tenta inocular na opinião pública, o que tem ocorrido é que a péssima candidata petista não tem conseguido nem mesmo chegar ao patamar histórico do seu partido. Os institutos e grande parte da imprensa, além dos petistas, é claro, torcem para que este "momento mágico" aconteça. Não querem perder a tese furada. Tentam, assim, identificar o momento em que a boiada vai entender o que Lula quer que ela faça. Era para ser em fevereiro, quando se daria o "X" nas pesquisas. Agora é para ser em julho, depois que todas as alianças estiverem formadas. Outros dizem que não tem como passar o horário eleitoral, onde a candidata vai grudar no Lula. Haverá, segundo eles, o momento em que o Lula vai encontrar finalmente o "ponto G" do eleitor brasileiro que, em orgasmo eleitoral coletivo, sairá correndo e dando urros de prazer para informar nas pesquisas que vai votar na sua boneca inflável. Quem tem uma candidata tão desnivelada em relação ao adversário tem mesmo é que torcer por isto. Porque é mera torcida, despida completamente de qualquer sustentação na prática ou na teoria. Aliás, é exatamente isso que o tal Coimbra expressa nas suas mal traçadas linhas, com a sua pena de aluguel.