A ONU e o ônus.

Entrem para dentro desta frase dita por Celso Amorim, El Ratito, como é conhecido em Honduras, exercitando todo o seu antiamericanismo e questionando a prioridade dada às vítimas haitianas e não aos interesses escusos da diplomacia brasileira, expressando uma revolta contida com o fato de que os Estados Unidos da América assumiram o controle das operações humanitárias no Haiti:

"Tudo isso pode ser visto como algo natural. Mas é importante ter a clareza de que nós (o Brasil) estamos sendo tratados com a prioridade adequada."

Praticamente toda a ONU que estava no Haiti foi vitimada pelo terremoto. Inclusive o brasileiro Luiz Carlos da Costa, vice-chefe da organização, que morreu juntamente com o número um, o tunisiano Hédi Anabi, além do comissário geral de polícia da instituição, o canadense Doug Coates. A torre de controle do aeroporto foi destruída e foi a presteza dos norte-americanos em trazer radares que conseguiu colocar ordem no caos. Não há nada inteiro em Porto Príncipe. Há dinheiro, víveres, água, remédio, navio-hospital e não existe logística que consiga organizar a distribuição e o atendimento para uma população vagando pelas ruas, a mercê das gangues que já aterrorizam e saqueiam. É neste contexto que esta aberração que ocupa o ministério das Relações Exteriores do Brasil conclama uma reunião da ONU para resolver quem controla o quê. Ainda bem que Celso Amorim começa a ser uma voz isolada."A nossa atitude é de cooperação e de integração. De forma alguma é confrontação. O importante é salvar vidas", disse o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Armando Félix. "Uma coisa são as operações da força de paz; outra é o auxílio humanitário. A missão da força de paz continua em vigor." Em meio ao caos, em meio ao nada, em meio ao tudo por fazer, Celso Amorim está preocupado apenas com o fato de que a maior potência do planeta juntou dois ex-presidentes em torno do atual e assumiu, de uma vez por todas, o que nem a ONU e muito menos o Brasil teriam como resolver. O desespero não é com dezenas de milhares de vítimas, mas apenas com a cadeirinha no Conselho de Segurança da ONU ou o Prêmio Nobel da Paz para Lula que se perderam na poeira de um terremoto devastador. Nunca é demais lembrar que a ONU é multilateral, mas o ônus é sempre dos Estados Unidos da América. Só Celso Amorim, cego de ódio, insiste em envergonhar o Brasil, transformando protagonismo em puro antagonismo.