Trecho da sentença condenatória contra Toffoli. O juiz ainda não aceitou o recurso do futuro ministro do STF.
Os negócios que resultaram na dupla condenação do candidato a ministro do STF ocorreram entre 2000 e 2002, na gestão do então governador do Amapá, João Capiberibe. Nesse período, Toffoli acumulou dois trabalhos prestados a Capiberibe. O primeiro foi o de "colaborador eventual" do governo do estado. O segundo, levado a cabo pelo escritório de advocacia de Toffoli, foi o de defender os interesses pessoais de Capiberibe e de seu grupo político junto ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Até aqui nada de ilegal aos olhos da Justiça ou de pouco ético do ponto de vista de quem precisa ter "reputação ilibada" para se candidatar a uma vaga no STF. A coincidência de data dos dois trabalhos prestados por Toffoli e seu escritório a Capiberibe, no entanto, chama atenção. Enquanto recebia dinheiro para assessorar o governo do Amapá, Toffoli defendia também interesses pessoais de Capiberibe em três processos no TSE. No dia 14 de julho de 2000, o governo do Amapá contratou Toffoli como "colaborador eventual", sem precisar honorários ou função específica. Dez dias depois, Toffoli ingressou com uma ação no TSE em favor de Capiberibe. A sentença condenatória contra Toffoli sugere que se está aqui diante não de uma coincidência, mas de uma manobra para pagar com dinheiro público um advogado e seu escritório por prestarem serviços particulares ao governador.
Se José Antonio Dias Toffoli,advogado-geral da União, também foi o advogado-geral de Lula desde a campanha eleitoral de 1998, ele conheceria os esquemas de caixa-dois que pagaram as campanhas do presidente, segundo restou comprovado nas investigações do mensalão? Se foi indicado para o governo como subchefe da Casa Civil, pelo chefe da quadrilha do mensalão, líder da sofisticada organização criminosa, ultimamente conhecido como José Dirceu, como será a sua posição se tiver que julgar o ex-chefe e atual cliente na banca de advocacia? Por fim, se as condenações recebidas, contra as quais afirma que recorreu, chegarem em última instância ao STF, Toffoli poderá votar pela própria absolvição, sem direito a recurso por parte dos seus julgadores? Por fim, a pergunta mais básica de todas: se um cidadão sem preparo técnico-profissional, envolvido com um partido reconhecido como o mais corrupto do Brasil, sendo advogado de campanhas eleitorais que utilizaram fartamente o caixa-dois, possuindo duas condenações por recebimento indevido de dinheiro público, aceita sem pestanejar a indicação política do seu cliente, o presidente da república, para o STF, não estaria sendo apenas o instrumento de um projeto político muito maior?
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Trecho de matéria da Veja, intitulada " Ministro e réu":
Os negócios que resultaram na dupla condenação do candidato a ministro do STF ocorreram entre 2000 e 2002, na gestão do então governador do Amapá, João Capiberibe. Nesse período, Toffoli acumulou dois trabalhos prestados a Capiberibe. O primeiro foi o de "colaborador eventual" do governo do estado. O segundo, levado a cabo pelo escritório de advocacia de Toffoli, foi o de defender os interesses pessoais de Capiberibe e de seu grupo político junto ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Até aqui nada de ilegal aos olhos da Justiça ou de pouco ético do ponto de vista de quem precisa ter "reputação ilibada" para se candidatar a uma vaga no STF. A coincidência de data dos dois trabalhos prestados por Toffoli e seu escritório a Capiberibe, no entanto, chama atenção. Enquanto recebia dinheiro para assessorar o governo do Amapá, Toffoli defendia também interesses pessoais de Capiberibe em três processos no TSE. No dia 14 de julho de 2000, o governo do Amapá contratou Toffoli como "colaborador eventual", sem precisar honorários ou função específica. Dez dias depois, Toffoli ingressou com uma ação no TSE em favor de Capiberibe. A sentença condenatória contra Toffoli sugere que se está aqui diante não de uma coincidência, mas de uma manobra para pagar com dinheiro público um advogado e seu escritório por prestarem serviços particulares ao governador.
5 comentários
Com a palavra a Dra. Procuradora-Chefe do MPF em Macapá para determinar a fiscalização do Imposto de Renda do Toffoli para ver se e quanto teria recebido de honorários de Capiberibe para a defesa, que de Imposto de Renda ela entende, certamente....Para dar uma olhadinha´apenas nessa rubrica é questão de minutos...
ReplyAgora vai.
ReplyVai, porque tem que ir.
Pro ralo.
A indicação.
E o cargo na AGU também, claro.
Que vá trabalhar prá Dil-Má na campanha , ganhou um milhão do Lula ISSO, muito mais do que ganharia no Supremo, muito melhor, portanto.
Acabo de ler uma comentarista no blog do Noblat dizendo que o Sarney, em tudo o que é do Capiberibe....sei não.....que clima!
ReplyDe Luís Fernando Camargo de Barros Vidal, da Associação Juízes para a Democracia, em artigo sob o título "Sobre o ministro Toffoli":
Reply"A indicação de um moço ao cargo de Ministro do STF não assusta. Não são os seus 41 anos que causarão problemas para o Brasil. O que poderá causar estragos são os 29 anos que este moço permanecerá no tribunal até envelhecer e atingir os 70 anos de idade".
Data vênia, a questão é outra: se este moço, nos seus 41 anos, já fez o que fez o petralha, o que não poderá ainda causar de estragos para o Brasil nos 29 anos que permanecerá no tribunal, até atingir os 70 anos de idade?!
São decdisões como esta que nos fazem repetir o moleiro de Potsdan na sua célebre resposta a Frederico II da Prússia, que pretendia vê-lo despejado de suas terras situadas ao lado do suntuoso palácio de Sans Souci, construído próximo ao moinho de onde tirava o seu sutento. O rei presunçoso mandou que o moleiro desocupasse imediatamente as cercanias do palácio. O emisário do rei ouviu a resposta sem permeios. Ato contínuo o rei mandou chama o moleiro e em sua presença declarou:
Reply- Você não está entendendo? Não sabe que posso até removê-lo sem nada pagar-lhe, portanto, desocupe imediatamente as terras e procure outro lugar para instalar-se.
Sereno e ciente da existência do seu direito, o moleiro apenas redarguiu:
- Vossa Alteza é que não está entendendo. Ainda há juízes em Berlim.
Felizmente nessa Republilqueta de quinta categoria, ainda há juízes como o Meritíssimo (certamente que por mérito e não por compadrio ideológico) Mário César Kaskeus. Obrigado, Excelência, por nos fazer crer que ainda há juízes no Brasil.
Infelizmente, assim como há juízes no Brasil, há ministros no supremo tribunal federal e senadores no congresso (e todos com iniciais minúsculas como o caráter que lhes são peculiares).
Pobre Brasil! quem te viu, quem te vê.
Quanto ao moinho de Potsdan, para os incrédulos ou curiosos, visitem as coordenadas 52º24'15.15" 13º02'08.38" através do Google Earth. Basta copiá-las do comentário e colá-las na janela do "voar para".
Vejam. Ficarão supresos os céticos. Quanto a nós que esperamos justiça, ficamos mais indignados.
Fortíssimo amplexo, nobres amigos.