O acintoso presidente da Petrobras.

Humberto Sisley, leitor deste Blog, e o Coronel foram os primeiros comentaristas da entrevista, lá no blog delles. Será que vão liberar? Não vão, a Petrobras é uma empresa que só aceita "opinião paga".

Atualizando: conforme antecipado, o comentário foi naturalmente censurado. O do Sisley passou no filtro.

Abaixo, frases da entrevista dada por José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, desmontadas pelo Blog:

“Nós estamos preparados para um vale-tudo!”
A tradução de vale-tudo é contexto onde é aceito qualquer expediente. Não é o caso de uma CPI instaurada por um poder da República. Existe, aí, uma afronta dita por um funcionário público contra a investigação promovida, legalmente, pelo Senado. Podemos depreender que serão usados os truques mais sujos e mais abomináveis para confrontar a democracia?
“Nós não atacamos ninguém ainda.”
A afirmação soa como uma ameaça. É como se a empresa detivesse denúncias escondidas, capazes de prejudicar “alguém”. A quem o Presidente da Petrobras está ameaçando? Com que direito ele assume esta posição ameaçadora? Ele é um juiz? Um procurador? Um promotor? Ou apenas um chantagista?
“O que poderia trazer problema é a criação de um clima nacional de denúncia para buscar denúncia para criar possibilidade de investigar coisas que vão aparecer.”
O próprio Presidente da Petrobras admite, publicamente, que a CPI criará um clima favorável para que os podres e as sujeiras da estatal apareçam para o povo brasileiro, que é o maior acionista da empresa. É isso aí mesmo, presidente: a CPI é feita justamente para investigar o que estava escondido e "as coisas que vão aparecer". Entendeu ou é preciso desenhar?
“O que estão fazendo é exclusivamente coscuvilhice, é tentativa de criar fofoca muitas vezes repetida para virar verdade.”
O presidente da Petrobras prova um pouco do velho veneno petista, que ele conhece muito bem. Mas, coitadinho, tenta se colocar como uma vítima, quando na verdade é apenas um réu. Um suspeito. Acusado de dirigir uma empresa afundada em corrupção, o seu papel é um só: tirar a carapaça de pelego sindicalista e responder com “fatos e dados” as acusações que sofrerá. Se comprovar que não existem fraudes em licitações, direcionamento de verbas publicitárias, má gestão dos recursos públicos, sairá fortalecido, junto com a empresa. Se não tiver como se defender, que saia dentro de um camburão.
“Vou pedir o salário total e individual da diretoria do Estadão.”
O presidente da Petrobras deveria recolher-se à sua insignificância e deixar de ter estes arroubos de arrogância. Não tem direito de exigir informações de empresas privadas, mas tem o dever, como funcionário público, de informar o quanto está ganhando. E está ganhando muito, rios de dinheiro, é o maior marajá do serviço público no país. Tem algum salário maior do que o do Gabrielli no serviço público? E não pode se comparar com executivos de mercado, porque estes não têm estabilidade no emprego, como ele tem.
“Mas há um crime de sigilo fiscal assumido pelo repórter. Não pode ficar impune uma coisa dessas.”
Se há crime fiscal, o responsável é a fonte e não o repórter. E o repórter não tem obrigação de revelar a fonte. Mas o caráter do Presidente da Petrobras pode ser medido pelo fato de que ele vê um crime na reportagem, mas o “crime” revelou dados verdadeiros e incontestáveis. Logicamente, quanto a isso, ele não tem como argumentar, já que o repórter prestou um serviço ao país, enquanto ele quer mandar prender e arrebentar o responsável pelo excelente trabalho de informação.

“Por que só O Globo tem acesso a essa informação? Por que essa informação é imediatamente reproduzida por algum senador da oposição? Será que há algum esquema de criação de fatos artificiais? Não há dúvida.”
O Presidente da Petrobras acusa um jornal com mais de 80 anos de estar associado com senadores para criar fatos artificiais. É uma acusação gravíssima. Talvez desesperada. Não há nenhum indício de que algum órgão de imprensa esteja associado com o crime, muito ao contrário da Petrobras, afundada em denúncias das piores falcatruas e maracutaias.
“Então, não é verdade o que vocês estão dizendo, vocês estão pegando gerentes regionais que têm história sindical absolutamente legítimas, profissionais de longo tempo de companhia...”
O Presidente da Petrobras volta a ser o “cumpanhêro”. E tenta provar o impossível. Que a máquina de comunicação da companhia, que manuseia verbas altíssimas em prol do PT, não está na mão dos sindicalistas petistas. Está. Todos os gerentes do Santarosa vêm do sindicalismo, são filiados e transformaram a área numa verdadeira rede de distribuição de benefícios ao partido.

“É positivo, não é negativo ter sido sindicalista. Não é ruim ter sido sindicalista. Então, portanto, não se pode ter uma conotação negativa porque nós temos sindicalistas na companhia. Primeiro que nós não só temos sindicalistas; segundo porque ter sindicalistas não é uma coisa ruim, é boa.”
Novamente, o “cumpanhêro” Gabrielli defende a máquina sindicalista que tomou conta dos principais postos da estatal. Ter sindicalistas no comando é a pior coisa que uma empresa que compete no mercado pode ter. Tanto é que nenhuma empresa que compete no mercado tem. Quer distância deles. São um câncer. Gabrielli quer a liberdade de uma empresa privada, mas também quer as benesses de uma empresa pública. A CPI cumprirá um grande papel se eliminar o sindicato de ladrões que foi montado dentro da Petrobras.
“Não é verdade que o critério de composição da área de comunicação institucional seja um critério político.”
No entanto, os principais gerentes, além do diretor, são sindicalistas, petistas e militantes. Deve ser coincidência, não é mesmo?
“A gente não tinha o blog ainda para mostrar isso, hoje já temos, que é para fazer esse tipo de combate.”
Combate? O Presidente da Petrobras quer uma guerra com a imprensa? E pensa que vai vencê-la com um blog ou ele será apenas o instrumento para constranger a imprensa e os senadores? É lá que Gabrielli publicará suas denúncias e seus ataques hospedado no exterior? Seria bom, então, hospedar o blog dentro do site da Petrobras, tendo em vista que o seu presidente reconhece que, oficialmente, ele é um veículo de comunicação da estatal.
“Isso significa que é um sistema muito grande que tem que fazer com que o sistema esteja funcionando. Agora, nada é perfeito. Mas temos que, encontrando as imperfeições, corrigir as imperfeições.”
O Presidente está falando que o sistema que controla licitações é imperfeito. Mas não quer a CPI. Ele não é uma gracinha? Ele quer errar e corrigir o erro, mesmo que isto custe bilhões ao país. Ele quer a falta de repercussão do TCU, a quem estão acostumados a matar no cansaço. A CPI é barraco. É pau puro. Tem que provar na hora ou dança. Este é o motivo do pânico que se instalou dentro da estatal.
“Por isso eu tenho hoje dificuldade de constituir comissões de licitação. Porque o cara não ganha mais para fazer parte da comissão de licitação. Só sabe que pode ter um problema com o TCU. Então por que ele vai querer? Ele vai se recusar a participar da comissão...”
Por que os funcionários da Petrobras estão deixando de participar das comissões de licitação? Por que não recebem ou por que não aceitam os métodos? Há muita gente honesta dentro da estatal, a grande maioria dos técnicos, que não pactua com a atual gestão. Agora, com a empresa sob suspeita, os velhos sindicalistas que compunham as comissões se retiram, se mandam e o presidente quer colocar a bomba na mão dos bons e honestos funcionários da empresa.
“Se eu levaria um tempo X para fazer o orçamento e agora vou levar um tempo X mais alguma coisa, porque nossos técnicos estão voltados para responder problemas internos, o tempo aumenta.”
Estão vendo? Antes da idéia da CPI, a coisa era uma festa. Tudo daquele jeito, com uma rapidez espantosa. O gerente de propaganda da Bahia não gastou milhões para apoiar a eleição do Jacques Wagner? Ninguém viu. Agora o pessoal está tendo que ter mais cuidado. O Brasil está de olho e a CPI, antes de ser instalada, já deve estar poupando centenas de milhões.
“Não, o que tem acontecido nestes dois últimos fins de semana são coisas escandalosas. O que aconteceu na imprensa sobre este elemento da quebra do sigilo fiscal dos salários diretores e da quebra do segredo de Justiça do Santarosa, vale tudo.”
Se o presidente Gabrielli acha as denúncias escandalosas, deveria ser o primeiro interessado em ter uma CPI para deixar tudo em pratos limpos. Mas, ao contrário, está fazendo de tudo para impedí-la. É ou não é uma posição altamente suspeita? É só boato, presidente? Então abre a empresa, em vez de fechar e de sair atirando contra os políticos e contra a imprensa. Quer um aviso, presidente? Vai perder, vai perder. Não peita que vai perder ou não existem mais homens entre os senadores da República Federativa do Brasil.
“Uma semana é mamona, na outra é festa de São João, na outra é salário dos diretores, na outra é caso dos aloprados.”
Isso que a CPI ainda não está instalada. Imaginemos o que virá com a quebra de sigilos e com as...denúncias da gente boa e séria que vê a empresa-orgulho do país mergulhada na corrupção. Todas as denúncias acima são feitas a partir de indícios que precisam ser investigados. Quem deve decidir é a CPI e a Justiça. Ao presidente da Petrobras, cabe cumprir as ordens. Na CPI, vira peão. Ele sabe o que é isso.

“Sobre festas juninas, eu acho realmente que envolve um conjunto de preconceitos contra os nordestinos que é escandaloso. A festa junina é mais importante para muitos do Nordeste do que o Carnaval”
Era só o que faltava. O fato da Petrobras patrocinar basicamente prefeituras petistas e pagar milhões por trabalhos que valem milhares é preconceito contra o Nordeste. Era só o que faltava trazer uma falsa xenofobia para o debate. O argumento já deve fazer parte do cardápio sujo do tal “vale-tudo” que o presidente entoa, em tom altamente acintoso e ameaçador.
“Está no blog, livre acesso. É só ver o números lá.”
Não, presidente Gabrielli. O blog é feito por uma comunidade de asseclas que não representa a verdadeira Petrobras. A CPI e o Brasil querem balanços, contratos, documentos, sigilo telefônico. O blog que seja feito para a sua claque paga com recursos públicos, a famosa "opinião paga".

“O blog foi defesa. Foi difusão de informação da Petrobras. É combate a distorções. É combate a interpretações equivocadas.”
Não, presidente Gabrielli. O blog foi feito para atacar e constranger a imprensa, pois a população não está nem aí para o veículo. Não funcionou. E que não seja utilizado para fazer denúncias sem provas contra membros da CPI, pois, por mais que a sua “raça” deseje, não está tudo dominado. Tentem, presidente, tentem. Desta vez, não passarão.