Desplante.

Ontem Dilma Rousseff chegou ao limite do desplante contra a miséria humana, enquanto discorria sobre o pré-sal no comício pré-eleitoral realizado na favela:

"Essa riqueza(do pré-sal)vai garantir que o Brasil tenha dinheiro suficiente para construir casas, diminuir a pobreza e dar saúde de qualidade igual àquela das camadas mais ricas".

A campanha eleitoral petista começa a plantar para os miseráveis que o pré-sal é uma espécie de paraíso de onde jorra o leite e o mel, quando sabem que a produção começará apenas em 2017, em níveis comerciais, sem ter a mínima idéia de como estará o mercado de petróleo no mundo. Pelo menos, no seu cinismo, a ministra tocou no assunto da saúde, que o governo Lula arrasou no país, com epidemias de dengue e gente morrendo como nunca por falta de remédio, médico e hospital. Deve ter passado na cabeça da ministra candidata que ela é a "camada rica". E que, mesmo que de uma forma distante, ela devia um pedido de desculpas para aqueles favelados e para a sociedade brasileira como um todo, por usar o nosso dinheiro para ser tratada como uma exceção pelo sistema de saúde nacional. Ou quem de nós, pobres moribundos brasileiros, poderíamos dispor de um jato-ambulância no meio da noite para vir de Brasília à São Paulo porque sentiu dores nas pernas? E para se internar na UTI do Sírio-Libanês, que custa R$ 50 mil por dia? Dilma Rousseff não tem status econômico para este tipo de tratamento. Ela não é José Alencar, o vice-presidente empresário, que pode ir para Houston, Texas, fazer tratamento experimental para o seu câncer. Ele está usando dinheiro seu para pagar o tratamento. Existem dezenas de clínicas de quimioterapia em Brasília, onde Dilma reside e onde deveria estar em tratamento, se não tivesse a chave dos cofres públicos(não mais o do Ademar) para usar a favor da sua saúde. Não, não vamos cometer a maldade de dizer que a ministra deveria encarar o SUS, porque afinal de contas os funcionários públicos possuem excelentes planos de saúde, os quais pagam religiosamente. Mas a ministra deveria ter sido mais explícita e dizer aqueles pobres favelados que surgem 500.000 novos casos de câncer por ano no Brasil e que o governo onde ela participa com proeminência não fez absolutamente nada para tratar melhor esta multidão de cancerosos, nos sete anos em que está no poder. Mesmo que o PT da Dilma tenha vivido os sete anos das vacas gordas da economia global, escondido mais de U$ 200 bilhões debaixo do colchão e aumentado em quase 150% os gastos públicos. A candidata poderia falar de tudo, menos de saúde. Quando muito deveria agradecer o tratamento que estamos pagando para ela, enquanto os nossos parentes, amigos e conhecidos morrem de câncer na fila do SUS.