Marolinha pega a Petrobras.

Entrevista com o petista José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, na Folha de São Paulo, sobre a exploração do pré-sal:

FOLHA - O plano de investimento(da Petrobras) até 2012 previa R$ 112 bilhões. O próximo poderia atingir R$ 210 bilhões? Ele foi adiado até quando?
GABRIELLI - Ainda não tem valor, por isso foi adiado até o final do ano, sem data exata.
FOLHA - Bem, mas esse adiamento sinaliza que o nível de investimento será menor?GABRIELLI - Não tem como ter essa resposta ainda.
FOLHA - Mas estamos num mundo muito mais pessimista do que antes.
GABRIELLI - É um mundo mais difícil do que antes, particularmente porque no campo do crédito você vai ter uma maior dificuldade de financiamento.
FOLHA - Como piorou o ambiente econômico desde setembro...
GABRIELLI - Piorou bem, mas ali já havia problemas no crédito. O que estamos vivendo hoje é mais do que um problema de liquidez, há uma crise de confiança entre os agentes. Quem tem dinheiro não quer emprestar porque não sabe se vai receber de volta.
FOLHA - Até a Petrobras, empresa de credibilidade no mercado, está enfrentando essas dificuldades?
GABRIELLI - A Petrobras não tem problema no curto prazo. Produzimos 2,4 milhões de barris por dia de óleo equivalente [em setembro, recorde mensal]. Com uma produção dessa, não tem problema de caixa no curto prazo. O problema é mais para médio e longo prazos.
FOLHA - Como o cenário piorou, podemos esperar que o próximo plano de investimento será mais conservador?
GABRIELLI - Provavelmente será um plano de investimento mais longo do que era antes, não necessariamente mais conservador, vai ter de levar em conta as dificuldades de toda a cadeia produtiva.
FOLHA - Isso pode significar que o prazo pode ser de...
GABRIELLI - O atual é de 2008 a 2012. O próximo poderia ser de 2009 a 2013, ou de 2009 a 2020.
FOLHA - O cenário indica estar mais perto de 2020 do que de 2013.
GABRIELLI - Provavelmente.
FOLHA - Em que medida o agravamento da crise afeta a definição das regras do pré-sal?GABRIELLI - O problema de financiamento do pré-sal afeta fortemente as regras. Porque ele é um investimento longo. Terá resultados positivos durante um período longo. Mas no início terá só investimento, só desembolso, não tem retorno de caixa. Então, essa situação de agravamento das condições de financiamento vai afetar a discussão do pré-sal.
FOLHA - O petróleo até US$ 50 o barril viabiliza o pré-sal?
GABRIELLI - O pré-sal não está ameaçado pelo preço atual do petróleo. O problema não está aí, está em que vou precisar durante muitos anos de financiamento para ter uma primeira produção.
FOLHA - Antes mesmo do agravamento da crise, a tendência dentro do governo era capitalizar mais a Petrobras para iniciar a produção do petróleo do pré-sal. Com a crise, isso se tornou ainda mais forte?
GABRIELLI - Como eu disse, acho que o problema principal que teremos será de acesso a financiamento. Num quadro desse, já que houve uma redução geral de financiamento, os melhores projetos tendem a ser mais facilmente financiáveis do que os piores. E os agentes econômicos que têm tradição e prática nos diversos tipos de projeto tendem a ser mais facilmente financiáveis do que os novos agentes. Nesse sentido, acredito que a Petrobras tem uma posição relativamente mais favorável num momento de dificuldades gerais.
FOLHA - O sr. diz desejar que o governo norte-americano dê um melhor tratamento ao etanol brasileiro, com queda das barreiras tarifárias. O sr. acredita que isso acontecerá?
GABRIELLI - Eu acho que será muito difícil manter as metas de utilização do etanol baseado no milho nos Estados Unidos. Primeiro, porque a produtividade do milho é muito menor do que a da cana-de-açúcar. Segundo, porque nessa mudança de preços relativos e de acesso a crédito nos Estados Unidos, expandir a produção de milho aqui vai ser muito mais difícil.
FOLHA - E como está a polêmica com o Equador?
GABRIELLI - Nós fizemos um acordo, migramos para um contrato de transição, que mudou as condições tributárias, é mais caro, mas mantém as condições atuais e temos mais um ano para continuar discutindo.
FOLHA - A posição do Equador de transformar a Petrobras apenas numa prestadora de serviços está fora de cogitação?
GABRIELLI - Não podemos aceitar essa condição, não está no objeto social da empresa.

1 comentários:

ah sim, os democratas irao mesmo quebrar a barreira tarifaria...

o historico deles mostra que eles sao bem "humanistas" no tocante a tarifas e subsidios...

mas o Obama pode deixar como esta e, inclusive, aumentar as tarifas...

o governo certamente ira arranjar mais um eufemismo pra justificar mais um chute no saco dado por um "companheiro"...

vai ser "uma coisa extraordinaria"...

nao tera preco ver o Obama - caso eleito - dar um chute no traseiro da petralhada que tanto o admira e faz ate campanha...

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