Guardo até hoje a seda italiana lilás com a qual acenei para o mundo nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, um pontinho na multidão que ajudou a formar o painel de cores vivas que antecedeu o fogo olímpico, conduzido pelas poderosas mãos trêmulas de Cassius Clay. Mantenho com carinho o ingresso para a Opening Ceremony que valia, na porta do Olympic Stadium, a bagatela de U$ 2,000. Ainda trago comigo a pasta em matalassê verde, bordada em dourado, que fomos convidados a descobrir debaixo da cadeira momentos antes da cerimônia, onde recebemos a grata notícia, em todos os idiomas, de que não seríamos meros assistentes, mas sim partícipes de uma festa para quatro bilhões de olhos. Formamos desenhos, movimentos, jogos de cores e luzes, uma corrente humana e solidária, um grande mosaico humano em volta do centro das atenções: as delegações de atletas de todo mundo. Enquanto a hora não chegava, todos nós, de todos os países, treinávamos os nossos momentos de glória, o nosso pódio, a nossa medalha de ouro. E a grande festa ia se formando muito antes à frente dos nossos olhos, pois cada ala ia mostrando o que estava construindo com as mãos e o coração, com as luzes e o brilho nos olhos, com as sedas e os sentimentos voando ao vento. Aplaudíamos emocionados. Na hora que tudo começou, eu estava ali, Aisle 153, Row 14, Seat 7, com os olhos marejados, fazendo parte dos Le Jeux Olympiques Du Centenaire.
Emoção olímpica.
sábado, 9 de agosto de 2008 às 21:40:00
Incluí uma foto em que mostra a utilidade das sedas na cerimônia de abertura de Atlanta, que mostra como a festa foi montada. É em homenagem ao comentarista que fez uma alusão ao fato.
8 comentários
Coronel
ReplyRecordar è viver mesmo! O senhor sabe descrever bem essa emoção de ter participado. Parabéns!
Uau, Coronel, que bela descrição,
Replyaté arrepiei!
Cel
ReplyObrigado. Eu havia pedido aqui para o Sr contar o que tinha ido fazer nas duas olimpiadas.
Compreendo a sua emoção.Inesquecível!
Paninho lilás hein ,coronel.
ReplyCala-te bôca!
Lilás é a cor da espiritualidade.
ReplyO que descreveu chama-se 'sensação de pertencimento".
¬¬lia
Linda e lírica, sua descrição desses momentos.Amei!
ReplyA Lia,das 13:19, deu uma explicação fantástica: sensação de pertencimento. Vou guardar essa expressão, é a mesma de quando, ao abrir meus blogs prediletos, sinto "sensação de pertencimento", e, com isso, sinto também "sensação de reconhecimento", estou entre meus pares.
Lia, e para além da estupenda expressão que usaste, o Coronel para todos os efeitos práticos faz parte da Historia dessa Olimpiada.
ReplyPor falar nesta atual Olimpiada, o desfazamente do horários, (11 horas) empurra para muito tarde um desporto ou outro que gostamos de ver, e não dá. È pena.
A inveja é coisa triste...Quem não pôde ir lá na tal que o corona foi fica pegando na coisa de lenço pra intizicar.
ReplyAinda bem que não foi nesta agora , heim Corona, já pensou? Vai que traz algo vermelho de lá?
Não gosto de jogos, nem do Olimpo nem do Cambirela...Mas estivesse eu lá, não voltaria; e ainda usaria o lenço de seda de qquer cor pra dizer byebye so long farewell.
Nota de esclarecimento:
Sobre a expressão que usei não é nova não,sentimento ou sensação de pertencimento.Aprendi faz tantos anos,achava que tinha erro em "pertencimento", mas parece que já está consagrado pelo uso.
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¬¬lia