Pelo em ovo?

Caros colegas de blog, a verdade é que muitas coisas que nos chocam nos cartões corporativos da Presidência da República podem ser explicadas. A Matilde só caiu porque não há como justificar uma despesa de free shop com dinheiro público, tendo em vista que além de ser uma compra ilegal, ainda é imoral, pois envolve produtos estrangeiros, vendidos sem impostos. Não existe racismo algum na acusação que foi feita contra ela, argumento que algumas vozes cretinas estão usando para vitimizar a ex-ministra. Caiu por corrupção e não por raça, sexo ou religião.

Querem ver um exemplo de "pelo em ovo" ?

José Henrique Oliveira de Souza, do gabinete pessoal da Presidência, é o maior usuário identificado dos cartões corporativos da Presidência da República. Ele deve ser o homem que garante o coelhinho assado do Presidente Lula, o guisado com ovo frito, aquele feijão com arroz caprichado. De junho a dezembro de 2007, ele consumiu R$ 114.944,73 no cartão corporativo, uma média de R$ 19.157,45 mensais, basicamente em alimentos e bebidas.

Na Reisman Carnes, de Brasília, conhecida como “a griffe da carne”, o Zé Henrique deixou perto de R$ 25 mil na maquininha. Considerando-se que um quilo de filet mignon sai R$ 25, a grana é boa, dá para comprar uns 1.000 quilos, uma tonelada desta nobre peça bovina.

No Mercadinho La Palma, também no Distrito Federal, o Zé Henrique fez compras de frutas e verduras da ordem de R$ 12 mil, uns R$ 2 mil por mês em verdes, leguminosas e tubérculos.

Cá entre nós, é uma cesta básica e tanto esta do Presidente Lula. Mas não existe crime algum nisso, pois as compras podem ter atendido a todos os funcionários na sua alimentação diária, visitas de familiares, enfim. Talvez exagero.

Outra coisa é alguns cartões que, na Presidência da República, fazem pagamento em dólar. Tudo normal, na medida em que alguém tem que pagar as contas lá fora. Claro que seria mais transparente de aparecesse, na prestação de contas, os nomes dos fornecedores lá fora. Da mesma forma, o IBGE aparece com gastos milionários porque deram cartões para os recenseadores sacarem dinheiro para pagar despesas, uma total falta de transparência que consumiu mais de R$ 30 milhões em 2007. Quiseram facilitar as coisas, eliminar a burocracia e, possivelmente, houve excessos ali.

O Coturno Noturno só botou a boca no trombone sobre a Matilde Ribeiro quando encontrou uma compra de free shop no meio das despesas. Assim como está denunciando, há semanas, que não há justificativa para o CEFET-SC gastar quatro vezes mais do que a Universidade Federal de Santa Catarina. É óbvio que existe mau uso. Se existe irregularidade, sei lá, mas que estão comprando o que é proibido, para não ter que licitar ou justificar, estão. Por fim, estes cartões corporativos que estão há anos sediados em Santa Catarina, atendendo sei lá quem, também estão com problemas. Novamente, sei lá se existe má fé ou desonestidade. Seria muito leviano afirmar, seria agir tão "pretralhamente"quanto eles. Mas é inadmissível pagar, para quem quer que seja, cama, comida e roupa lavada com dinheiro público, sem que os beneficiários prestem algum serviço devidamente legalizado. Vão ter que explicar. Aqui não importa se é pai, mãe ou filha torrrando dinheiro público. Temos direito de saber. E deveriam agradecer a todos nós.

Atualizando:

John Doe, nosso comentarista, informa que alimentos devem ser comprados via licitação e não com cartão corporativo. Não consegui achar em lugar nenhum legislação sobre uso do cartão. Será que atirei no que vi e acertei no que não vi?