Lula: muito álcool, pouca Amazônia.

Lula é um dos articulistas do Relatório do PNUD, da ONU(página 33), que apresenta o novo IDH. O presidente fala muito sobre etanol e pouco sobre a Amazônia. Prefere dizer que um brasileiro produz nove vezes menos carbono do que um americano, passando ao largo das queimadas da região, responsáveis por 75% da produção de carbono do Brasil.

Escreve Lula: "Contrariamente às afirmações feitas por alguns comentaristas não familiarizados com a geografia brasileira, a produção de cana-de-açúcar que sustenta a nossa indústria de etanol está concentrada em São Paulo, bem longe da região da Amazónia".

Aparece aí o velho ranço petista de desqualificar o interlocutor. Poderia ter reconhecido que há plantações de cana em todo o Brasil. São Paulo, hoje, é responsável por aproximadamente 58% da área plantada no Brasil. Uma área que vai crescer cerca de 8% para 2008, segundo o IBGE, atingindo mais de 7,2 milhões de hectares, obviamente devastando florestas e cerrados.

Se quisesse falar mal dos americanos, Lula poderia dizer que a Coca Cola , ícone capitalista, utiliza cana-de-açúcar de uma fazenda, de 4.000 hectares, a 100 quilômetros de Manaus, em plena Amazônia. Mas aí seria reconhecer que o problema existe e que o seu governo faz muito pouco para evitar.