Hyundai sem freios APS: R$ 45 milhões de propina para Jucá, Renan e Argello.


O consultor João Batista Gruginski, investigado na Operação Zelotes, registrou em diário que participou de reunião com os lobistas José Ricardo Silva e Alexandre Paes dos Santos, o APS (foto), na qual este mencionou uma suposta negociação de propina com os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e o então senador Gim Argello (PTB-DF) em torno de uma emenda a medida provisória. O suborno citado alcançaria R$ 45 milhões, R$ 15 milhões para cada um dos políticos.

No diário, o consultor narra com detalhes a reunião que teve com dois parceiros de negócios, APS e José Ricardo Silva. Os três trabalhariam para viabilizar interesses da MMC Automotores, que fabrica veículos Mitsubishi no Brasil, e a CAOA, que monta modelos Hyundai, ambas instaladas em Goiás. O objetivo das empresas seria conseguir a edição, pelo governo, e a aprovação, pelo Congresso, de normas que lhes assegurassem benefícios fiscais. A Operação Zelotes, do Ministério Público, Polícia Federal e Receita Federal, indicou que a ação envolveu pagamento de propina a agentes públicos.

Gruginski estava contrariado na reunião, registrada em seu diário, porque se sentia escanteado do negócio pelo parceiro José Ricardo. "APS vira-se diretamente para mim: 'Sabe aquela emenda que você preparou? Estão negociando por quarenta e cinco (Gim Argelo, Renan e Romero Jucá-Relator), quinze para cada. A mesma emenda. Exatamente'. Pergunto: 'Com a mesma justificativa?' 'Sim. Está desproporcional'", escreveu na página referente ao dia 16 de abril de 2010.

Em outro trecho, o consultor voltou ao tema: "Não é sensato que o JR (José Ricardo), caso me considerasse mesmo parceiro no trabalho, não tenha tomado a iniciativa de me dar a notícia dos quarenta e cinco milhões. Mas, como o APS considera-se parceiro, foi abrindo o jogo, logo que entrou na sala." Ele cita o valor quatro vezes no diário.

Gruginski conta que só participou da reunião em que os senadores foram mencionados porque APS chegou quando ele estava com José Ricardo. Ele escreveu: "Logo a seguir entra o APS: 'Vim voando de Goiânia, ontem, quando você (José Ricardo) me ligou falando do caso da emenda de interesse da CAOA/MMC. Ainda à noite fui falar com o Fernando (César Mesquita) - lá do Senado, assessor do presidente'". Fernando César Mesquita é acusado pelo Ministério Público Federal de receber propina para levar a senadores os pleitos dos lobistas pelas MPs.

Gruginski admitiu ao Estadão que ele próprio redigiu a emenda mencionada pelos lobistas na reunião, para atender a CAOA e MMC. A primeira tentativa de incluí-la foi na MP 471/2009, editada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com assinatura do então senador Francisco Dornelles (PP-RJ), atual vice-governador do Rio de Janeiro. Essa medida provisória, contudo, foi aprovada sem nenhuma emenda. O objetivo era estender para a região Centro-Oeste os mesmos benefícios fiscais concedidos às montadoras de veículos instaladas no Norte e Nordeste.

Gruginski não quis comentar com o Estadão detalhes do que redigiu em seu diário. Em depoimento à Polícia Federal, ele explicou que trabalhou com Dornelles de 2001 a 2002, quando ele era ministro do Trabalho, e que, assim que redigiu a minuta da emenda à MP, a levou ao senador, que aceitou apresentá-la para discussão no Senado. Ele afirmou na oitiva não se recordar de ter "especificado ao senador que a emenda apresentada era uma demanda da SGR em razão do contato da MMC/CAOA". Gruginski negou ter oferecido propina ao senador.

Emenda semelhante foi reapresentada um ano depois pelo senador Gim Argello à MP 512/2010, ocasião em que os lobistas teriam, na versão de Gruginski, mencionado valores a Gim, Renan e Jucá. Menção ao depoimento foi divulgada nesta quarta-feira, 27, pela Folha de S. Paulo.

Gim
Em depoimento à PF, obtido pelo Estadão, Gim Argello disse que a emenda apresentada por ele foi redigida pelo seu gabinete e que "nunca lhe foi oferecido pagamento ou vantagem para que propusesse emendas às Mps".

Procurado pelo Estadão, Renan disse, por meio de sua assessoria, que não conhece Gruginski e que jamais autorizou, credenciou ou consentiu que terceiros utilizassem seu nome. Gim e Jucá não atenderam a telefonemas da reportagem.

2 comentários

Quer dizer, então, que o bandido quadrilheiro REDIGE A MP 471/2009, LULA ASSINA, MAS NÃO SABE DE NADA?!!! Quando é que a gente vai parar de acreditar em duendes?

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Este Renan e este Juca deveriam é estar afastados cade cade o pt q não exige a saída do Renan ...pois é pt aliado do Renan também lambem as botas dele são do mesmo daco d farinha suja,estamos nas garras d uma cleptocracia, governo d ladrões

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