Sem nenhuma entrega relevante em quatro anos, PT prepara "invencionário" das obras da Dilma.

O PT encomendou ao Ministério do Planejamento um inventário das obras federais para municiar sua bancada no Senado para eventuais embates na pré-campanha envolvendo a "paternidade" de investimentos pelo país. O pedido à pasta foi feito pelo líder do partido no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que quer que os 13 senadores petistas não deixem passar sem resposta nenhum governo estadual ou municipal que faça propaganda de obras federais como sendo das administrações locais. "A ideia é municiar com informações para fazermos os debates políticos aqui [no Senado]", disse Costa à Folha.

O PT sabe que esse tipo de embate irá se intensificar neste ano eleitoral. Um dos principais "alvos" é o governador Eduardo Campos (PSB-PE), que deve enfrentar Dilma nas eleições presidenciais. No início de 2013, por exemplo, quando esteve em Pernambuco, a presidente e a ministra Miriam Belchior (Planejamento) assumiram a "maternidade" de obras locais e prestaram contas do que foi investido no Estado com verbas federais.

Nesta semana, o ataque partiu de Campos. O governo de PE paralisou a dragagem de um rio do Recife e responsabilizou a falta de repasses de verbas federais. O Ministério das Cidades negou atraso nos repasses. Também em 2013, Dilma deu um "puxão de orelha" no governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), depois que ônibus do programa "Caminho da Escola" tiveram o símbolo da gestão federal trocado pela marca do estadual.

O senador por Pernambuco disse que a relação de obras deve ficar pronta até a próxima semana. "Elas fazem parte do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. São informações públicas, mas estarão sistematizadas, separadas por Estado e até por município", afirmou. No site do Ministério do Planejamento é possível acessar dados atualizados até agosto do ano passado das obras do PAC por Estado.

Em PE, por exemplo, o governo federal estimava investir R$ 73,5 bilhões de 2011 a 2014 e outros R$ 17,2 bilhões a partir do próximo ano. Procurado, o Ministério do Planejamento informou que a titular da pasta recebeu senadores do Nordeste no final de 2013 para conversar sobre obras federais. Informou ainda que membros de todos as siglas pedem informações sobre o PAC ao longo do ano.(Folha de São Paulo)