Preocupada com o potencial de desgaste que o julgamento do mensalão
pode causar a seu governo, a presidente Dilma Rousseff deverá fazer de
tudo para manter o Palácio do Planalto longe dos holofotes do Supremo
Tribunal Federal (STF). Apesar de torcer para que os réus do PT sejam
absolvidos, sob o argumento de que uma punição representaria a
condenação moral da Era Lula e acabaria se voltando contra ela e o seu
partido nas eleições municipais, Dilma baixou a lei do silêncio.
A ordem é blindar o Planalto do impacto do julgamento, que vai pôr o
PT e o governo Lula no banco dos réus. Na tentativa de mostrar que sua
gestão não será contaminada pelas ruidosas sessões do Supremo, Dilma
preparou um pacote de estímulo aos investimentos, a ser lançado em
várias etapas, entre agosto e setembro. A "agenda do desenvolvimento"
terá medidas populares, como a desoneração de impostos para a redução do
custo da tarifa de energia elétrica.
Na semana passada, a presidente quis saber de auxiliares se a
repercussão do julgamento do mensalão ocuparia o espaço nobre da
imprensa nos próximos meses. Diante da resposta positiva, não escondeu a
contrariedade. Em conversas privadas, Dilma avalia que a denúncia da
Procuradoria-Geral da República não fica de pé porque não há provas da
compra de votos em troca do apoio parlamentar no Congresso na
administração de seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.
O caso que mais a sensibiliza na Ação Penal 470 – um calhamaço com 50
mil páginas, 38 réus e 600 testemunhas – é o do ex-deputado José
Genoino. Presidente do PT à época do escândalo de corrupção, Genoino é
atualmente assessor do Ministério da Defesa e Dilma já o chamou várias
vezes ao Palácio da Alvorada para trocar impressões sobre os rumos do
governo.
A presidente gostaria de reabilitar Genoino na bancada do PT
na Câmara, da qual ele é suplente. Não quer, no entanto, que José
Dirceu, seu antecessor na Casa Civil, retorne ao comando do PT, embora
deseje que ele seja inocentado. O ex-ministro é descrito na denúncia do
Ministério Público como "chefe da quadrilha".
Dilma disse ter ficado aliviada ao saber que só terá de indicar o
substituto de Cezar Peluso, ministro do STF que se aposenta em setembro,
após o veredicto sobre o mensalão. Tem pavor de que suas ações sejam
interpretadas como ajuda a réus do PT.
Amigos da presidente garantem que, embora esteja próxima de forças
opostas a Dirceu no mosaico ideológico do petismo, ela jamais entrará em
confronto com Lula nem trabalhará pela "faxina" no PT, mesmo de olho no
projeto da reeleição, em 2014. Além disso, Lula só concordará em
disputar novamente o Planalto contra o PSDB se ela não quiser concorrer a
um segundo mandato, hipótese hoje improvável.
Herdeira do pós-mensalão, cristã nova no partido e caloura
em eleições, Dilma só chegou à ribalta após a sucessão de crises que
dizimou a cúpula petista e abateu candidatos "naturais" à cadeira de
Lula, como Dirceu, o todo-poderoso chefe da Casa Civil entre 2003 e
2005, e Antônio Palocci, à época titular da Fazenda. Então ministra das Minas e Energia, a ex-guerrilheira furou a fila no
PT e foi chamada por Lula para substituir Dirceu no período de ruína.
Em reuniões que vararam a madrugada no Planalto, Dilma foi uma das
integrantes do "núcleo duro" que mais o ajudaram na estratégia de
proteção do governo.
Desde que foi eleita presidente, no entanto, ela se distanciou de
Dirceu e desenhou uma nova geografia de poder. Sem trânsito no PT, Dilma
constituiu um grupo formado por ministros do partido que, em sua
maioria, não são ligados a Dirceu, como José Eduardo Cardozo (Justiça),
Aloizio Mercadante (Educação), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo
Bernardo (Comunicações), além de Fernando Pimentel (Desenvolvimento),
seu amigo de adolescência.
Escudeiros. Foi o próprio Lula quem a orientou a escalar um time de
conselheiros políticos. "Monte sua equipe de confiança. Você vai
precisar", disse o presidente à afilhada, em mais de uma ocasião. Apesar
da fria relação com Dirceu – que a chamou de "companheira de armas e de
lutas" ao passar o bastão para ela, em 2005 –, a presidente convidou o
ex-ministro, em maio, para a cerimônia de instalação da Comissão da
Verdade, que vai investigar violações de direitos humanos cometidos
durante a ditadura militar (1964-1985). Ele ficou radiante.
"Acho Dirceu uma pessoa injustiçada", afirmou Dilma, quando ainda
comandava a Casa Civil. "Não tenho conhecimento de que ele tenha
beneficiado instituição financeira no tocante a crédito consignado." As
declarações estão no processo do mensalão. A principal interlocutora de Dirceu no Planalto, hoje, é a ministra
das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. É ela quem o informa sobre o
andamento da CPI do Cachoeira, as pressões de aliados por cargos e as
preocupações palacianas. O governo e a cúpula do PT temem que o
julgamento do mensalão, agora, prejudique campanhas prioritárias, como a
de Fernando Haddad, em São Paulo, e a de Patrus Ananias, em Belo
Horizonte.
"Haverá interferência na eleição, qualquer que seja o resultado, e a
decisão tanto pode atingir o PT como a oposição", comentou o advogado
Sigmaringa Seixas, ex-deputado do PT. "Alguém pode conceber um
julgamento durante o dia e o programa eleitoral à noite? Isso é um
absurdo", criticou ele. Dilma, porém, não vai mexer nesse vespeiro. (Estadão)
11 comentários
E o Lula vai continuar dizendo que o Mensalão não existiu?
ReplyDilma também é parte do esquema, sempre foi. Não pode fingir que é poste, por mais que, de fato, seja.
ReplyOu esses canalhas são condenados ou o Brasil não passará de um país de bandidos, protegidos por outros bandidos togados.
ReplyCel
ReplyE a quadrilha ainda reclama do julgamento depois de 7 anos do ocorrido e 5 da instauração da ação. E ainda tem a cara de pau de dizer que será prejudicada nas eleições. Ninguém merece. Não tivesse cometido crime não teria o julgamento. Agora, que aguente o tranco.
Esther
Dona Dilma faz sim muita parte dessa lama, a lama subiu a rampa em 2003, e ela já fazia parte comissão da ladroagem, é amiga íntima do zé desceu! para com isso gente! chega de mentiras, de enganação, muita gente nesse Brasil que é analfabeto politico, mas muitos que não são não!
Replytem que pegar essa terrorista bulgara, ela sempre foi os braços do luladrão, o presidente do mensalão.
ReplyCoronel,
Replya lama não pode subir.
Ela desceu de lá!
O planalto é a origem!
Flor Lilás
Cel
ReplyA Lama tem duas mãos, uma subindo e descendo com Lula e a outra subindo com a Dima pela rampa e em seu gabinete se instalando até o respectivo pescoço. Falta pouco para ela se afogar na merda.
Esther
A Dilma está ficando igual ao Lula, acima do bem e do mal.
ReplyNada cola nela, isto é fato.
Em certo sentido, deve-se a Dilma Rousseff a salvação do governo Lula I e II. Não fosse a lenda de gerentona criada em torno do seu nome, dificilmente teria havido sequer a reeleição do antigo líder sindical. Assim, embora ela não seja uma brastemp gerencial como se alardeia, quem está a saldar uma dívida de gratidão é o ex-governante, por mais que ele pense o contrário. O fato é que ela operou sem mensalao. Convenhamos, para os termos de governança do PT, já foi um grande avanço.
Replyse a dona presidenta - a ex guerrilheira quer fazer algo para este pais ser moralizado, mandse um lei para o Congresso instituindo a eleição pelo povo dos componentes do STF. Do geito que está quase tudo nomedado por ela mesmo e a maior parte pelo ex pres. lula - o que v. esperam. E tem mais: tem um ministro que é o protótipo do que um ministro do STF não pode ser.
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