Serra pronto para dirigir a "nação paulistana".

Aos 70 anos, José Serra (PSDB) se prepara para enfrentar a quarta campanha à Prefeitura de São Paulo e mira como principal adversário o petista Fernando Haddad, de 49, pinçado à disputa pelo ex-presidente Lula. Em entrevista, o tucano diz não "menosprezar" o peso do apoio de Lula, mas afirma que o ex-presidente não é "infalível". "Em 2004, o Lula apoiou a Marta [Suplicy] e eu ganhei. Em 2006, ele apoiou o [Aloizio] Mercadante e eu ganhei. Em 2008, ele apoiou a Marta e o [Gilberto] Kassab ganhou. Infalível ele não é." 

Serra oficializa sua candidatura hoje, de braços dados com o prefeito Gilberto Kassab (PSD). Ele defende a gestão do aliado e credita a reprovação do prefeito à impressão --"injusta", assegura--, de que Kassab abandonou a cidade para criar o PSD. Serra trabalha para afastar as críticas por ter deixado a prefeitura em 2006, diz já não sonhar com a Presidência e tenta minimizar o impacto da imagem de presidenciável. "O fato de acharem que posso ser presidente não é um problema, é um fator a mais para votar em mim. Quem pode mais, pode menos." 

Folha - Como foram os dias que antecederam a decisão de se candidatar a prefeito?
José Serra -- Quando você tem uma decisão fundamental a tomar a respeito de candidatura, você não pode ser ambíguo. Ou você é, ou você não é. Foi uma decisão essencialmente solitária, levando em conta as diversas opiniões e as circunstâncias. 

Por que resistia a disputar?
Disputei uma eleição muito recente, em 2010. Achei que devia ficar um período maior cuidando da minha vida. Mas, na política, você não é dono das circunstâncias. 

Seus adversários citam o abandono do prefeitura em 2006, dizem que usou o cargo de prefeito como trampolim.
Minha saída deveu-se a uma circunstância: a necessidade de manter o governo do Estado nos eixos, inclusive para a cidade. A cidade tem duas prefeituras, a municipal e a estadual. O governador é um coprefeito. Isso já foi usado em 2006 e 2010. Inutilmente, uma vez que venci em São Paulo.

O sr. estava concentrado em questões nacionais. Tratará novamente de temas do país?
Não dá para ter dois sonhos ao mesmo tempo, num mesmo plano da vida. Meu sonho é ser prefeito. Então, não estou sonhando mais com a Presidência. Não consigo ter dois sonhos simultâneos.

O sr. vive uma ironia. Em tese, todo político gostaria de ter cara de presidenciável, mas isso se tornou um problema para o sr.
O fato de que as pessoas acham que eu posso ser presidente não é um problema, é um fator a mais para votar em mim para prefeito. Quem pode mais, pode menos. 

A prefeitura é menos?
Como tarefa é dificílima, mas é menos que a da República. A nação paulistana para mim é um desafio tão grande quanto é a nacional. 

Vai defender a gestão Kassab?
A partir do final dos anos 1980, São Paulo teve três estilos de administração: Maluf-Pitta; o PT, com Erundina e Marta; e PSDB e DEM, comigo e o Kassab. A comparação dos nossos oito anos com os dos outros é amplamente favorável, sob qualquer indicador: financeiro, saúde, educação. Não há paralelo.

E a reprovação do prefeito?
Creio que vai haver maior reconhecimento a respeito da administração do Kassab, mas atribuo [a reprovação] ao fato de que ele se empenhou na criação de um partido, e a população vê o prefeito como um síndico. Como o partido foi um dos centros do noticiário, pode ter dado a ideia de que ele estava alheio à cidade, o que é errado, injusto. Política todos fazem. Ninguém fez mais do que o Lula.

A criação do PSD pode ter dado a sensação de que o prefeito estava ausente da cidade?
Imagina alguém no trânsito engarrafado, liga o rádio e está lá o prefeito falando do partido. A pessoa pensa: 'Ele devia estar cuidando do trânsito'. Agora, de fato, isso não subtraiu tempo do Kassab na administração da cidade. O próprio Kassab fará esse balanço, relembrará o que foi feito em cada área.

Haddad foi criticado pela aliança com Maluf, mas o PSDB também negociou com ele.
Foi uma negociação que não deu certo [com o PSDB]. E deu certo com o PT, porque certamente fizeram uma oferta que ele considerou boa.

O sr. tem aliança com o PR, sigla acusada de corrupção no Ministério dos Transportes e envolvimento no mensalão.
O fenômeno do mensalão é eminentemente petista. Mas [com o PR] trata-se de uma aliança voltada para a cidade. Eles participam do município, dão apoio ao governo do Estado. Terão presença no governo, no que depender de mim. Com pessoas que obedecerão a nossa orientação.

Chegou a conversar com o Valdemar Costa Neto (PR-SP, um dos réus do mensalão)?
Uma vez. Depois que o entendimento já havia sido feito. A mim, ele não fez nenhuma reivindicação.

Qual o impacto que o mensalão pode ter na eleição?
É uma incógnita. Mas para mim a questão do mensalão é de natureza jurídica, não política, não eleitoral. Sinceramente não estou preocupado com o efeito nas eleições.

Kassab esteve com o ex-ministro José Dirceu para tratar de alianças com o PT em outras cidades. Como avalia essa aproximação dele com o PT?
A política brasileira tem essas particularidades. Há uma heterogeneidade. No que se refere ao Kassab, nossa relação tem a ver com São Paulo. Agora, o partido dele tem orientações diferentes em diversos lugares.

Mas o sr. tem 100% de confiança no Kassab como aliado?
Há uma relação pessoal muito boa. De certo não será a política que nos afastará.

Como está o empenho do Alckmin na sua campanha?
Dedicado, mas moderado em função do cargo. 
 
Falam na possibilidade de problemas por ele ter sido derrotado pelo Kassab em 2008.
Não houve nada disso até agora. Quero lembrar que em 2009 Alckmin se integrou ao governo, o que para mim foi motivo de orgulho. Em 2010 caminhamos juntos

Lula tem se empenhado muito por Fernando Haddad.
Ele indicou e fez o candidato. Se empenharia em qualquer circunstância.

Que peso acha que o apoio do ex-presidente pode ter?
Só os resultados vão mostrar. Em 2004, Lula apoiou a Marta e eu ganhei. Em 2006, ele apoiou Mercadante e eu ganhei. Em 2008, apoiou a Marta e o Kassab ganhou. Em 2010, apoiou a Dilma e eu ganhei aqui na cidade. Infalível ele não é. Agora, longe de mim menosprezar o peso que ele possa ter.

Há um caso de corrupção na prefeitura, na Aprov. Hussain Aref Saab, que dirigiu o órgão do início de sua gestão, em 2005, até 2011, foi indicado pelo Kassab. Chegou a conversar com o prefeito sobre isso?
Nunca. Um prefeito assina milhares de nomeações. É impossível que acompanhe caso por caso. Eu nomeio um secretário e ele nomeia seus adjuntos, chefe de gabinete... Nunca ninguém me falou desse cidadão.

Depois do caso revelado, conversou com Kassab?
Ele me disse o que disse publicamente: que, assim que recebeu uma denúncia, passou a investigar.

Que providências pretende tomar, se eleito?
A ocasião faz o ladrão. Tem que eliminar é a ocasião. O comportamento humano é impossível de prever. O que você tem é que limitar as possibilidades da transgressão e da roubalheira.

O problema da cracolândia ainda não foi solucionado.
Vamos fazer algo parecido com o que fizemos com o cigarro. Campanha educacional, trabalho massivo. A intervenção [no início do ano] produziu efeitos positivos, mas é limitada. 

Já tem o esboço de algumas propostas para a cidade?
Vamos aumentar a densidade das regiões e, ao mesmo tempo, fortalecer os bairros. Vamos ampliar a reciclagem, acabar com as áreas de risco e duplicar a operação delegada. Na área social, vamos ampliar a rede de cuidadores e criar um programa para o idoso. Poderá ser chamado de Terceira Idade Paulistana. Há, ainda, a mobilidade. Vamos estudar replicar o Expresso Tiradentes.

Tem projetos se ganhar, mas está preparado para perder?
Ninguém que entra numa disputa para ganhar está preparado para perder. 

O sr. já fez uma reflexão sobre os motivos que levaram à sua derrota em 2010?
Mais ou menos. Eu não me detenho muito nas análises a respeito de 2010 porque é muito pouco tempo. Vez por outra vem uma ideia, vem algo do que aconteceu, enfim. Mas eu realmente não me prendo a isso. Mas é evidente que ao longo do tempo vai se decantar uma visão própria minha a esse respeito.

(entrevista concedida à Folha de São Paulo)

19 comentários

"A prefeitura é menos?"

tipica pergunta de jornalista petralha querendo fazer uma pegadinha com Serra...

qualquer imbecil sabe que ser presidente eh mais importante na carreira de qualquer politico do que ser prefeito...

perguntem a esse petralha se ele não gostaria de ser editor do jornaleco em que trabalha...

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quanto a ultima pergunta, Serra faz o errado!

deveria sim "perder" tempo - e muito! - para entender o que aconteceu...

e não eh muito difícil de descobrir o que aconteceu de errado, não...

péssimo marketing + medo de emparedar a búlgara nos debates + oposição propositiva, deu nisso que já sabemos...

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Na oitava pergunta, não há motivo para aparecer a menção ao nome do velhaco. Não seria "ninguém fez mais do que o Kassab" ?

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Cel
Ai, ai, o Serra não vai falar do mensalão. Ninguém merece esse "luvas de pelica" que não aproveita as oportunidades de ouro que tem p/ acabar com o PT. Será que ele está, de novo, pedindo p/ perder? Parece que ele acha que ganhar é "pornográfico!"
Esther

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Cel

Ser prefeito de SP é o de menos.

Agora quero ver qual será a reação do Traíras Tucanos caso Serra se candidate a Presidente em 2014.

Aécio "O Sumido", Guerra "O Senil" e FHC "O Erveiro" vão ficar na mídia falando baboseiras contra sua candidatura.

Átila

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Se com o apoio de lula, marta e mercadante que políticos experientes, NÃO conseguiram derrotar SERRA e KASSAB? Haddad vai cai de "maduro" e de "4", mesmo porque lula está DOENTE, VELHACO e está falando coisa com coisa.

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Que inveja de SP. por poder ter um prefeito como o Serra. Gostaria muito que alguem do nível dele fosse governador aqui em SC este estado precisa de tanto e nunca, que me lembro, teve alguem que fez algo mais expressivo por aqui......

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Não tenho dúvidas que Serra irá vencer em 1.o turno. Em 2014, a presidência.

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Oi Amor Beijos

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Desconfio que a análise do Serra para a derrota de 2010 tenha uma frase só: a popularidade do Lula era imbatível. Jamais saberemos, é verdade. Mas, digamos, que assim fosse a convicção (a análise do Serra é dele mesmo, segundo fonte muito confiável) do candidato da oposição em 2010. Teria sido melhor ir para a derrota carregando alguma bandeira que servisse para a próxima batalha -- que surgiu muito antes do próprio Serra ter pensado que surgiria (e ele era sincero quando dizia, no ano passado, que não seria candidato a prefeito -- o Lula e o Kassab acreditaram). Não vejo essa bandeira agora, muito menos nessa entrevista que seria, digamos, "programática". Há um excelente comentário de um anônimo hoje, domingo, sobre a emocionalidade como fator de decisão de compra (e voto, já que se abandonou as categorias políticas em favor de teorias de marqueteiros nas campanhas brasileiras nos últimos anos). Todos sabemos que o Serra dificilmente "engaja" alguém emocionalmente, por conta das características dele. Gente, vai ser um sufoco horrível. O Serra não entendeu que, em 2010, ele só foi para o segundo turno por causa da Marina. Em resumo, não o vejo ainda comandando a resistência à implantação do lulopetismo em São Paulo. Serra, bate no Lula de frente! Elle é o alvo.

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Curiosidades da pauta recorrente do PT.
A volta do kit gay nas escolas ?

http://www.youtube.com/watch?v=Vbk3jmGPxxY

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O Hadda foi escolhido a dedo ou à pinça?

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É pra mim? Pra voce também.!!!.fonseca.

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Ah,só vaticinando de novo.A nação paulistana aliada ao Paraguay,qdo vir o advento,derrubarão os corruPTos para sempre.Ever,anyever,forever.!!!.fonseca.

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Agoa é o Tchã, agora é o tchu. tachu,tchu,tchu.

Como esse politicos são ridiculos.

Serra depois de passar a mão no peito do Lula num programa eleitral.

Depois de fazer um jingle dzendo que saia o da Silva e, entrava o Zé, agora vai tchu e tcha.

Só falfa o Haddad, vir com assim vc me pega, assim vc me mata.

Serra com 70 anos um brotinho segundo Alckmin, já está sendo ridiularizado com a mudança no visula(vide poder IG) Agora vai ser novamente.
Pode aguardar os videos do PT, Nassif colou um lá.
Deve vir mais por ai.

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Ah,e ser prefeito de Sampa não é pra qq despreparado tipo poste,e,assim como teremos problemas de gerência,devido a viés ideológicos dos corruPTos em n´vel nacional,assim os teremos em Sampa.
Oh Senhor meu Deus,livri-nos da peste de gafanhotos corruPTos.!!!.fonseca

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Isso mesmo! E nem cabe essa palavra "infalível" - é só não cair naquela fala dita por elle: "Político tem que ter o casco duro". Bom.. no caso delle é só ficar longe para não levar patada, só isso.

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O Serra acha muito pouco ser prefeito de SP. Eu nao acho. Se ele falar em sair da prefeitura de novo, eh porque estah gagah.

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Feliz é a cidade de São Paulo por ter o José Serra como candidato a Prefeito, um homem sério, competente, honesto. Vai ganhar de balaiada!

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