O DEM não pretende travar uma disputa pública com o PSD pelo posto de vice do tucano José Serra na candidatura à Prefeitura de São Paulo. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já indicou três nomes para Serra no sábado - a vice-prefeita Alda Marco Antônio, e os secretários Alexandre Schneider (Educação) e Eduardo Jorge (Meio Ambiente). O DEM não admite abrir mão de participar da chapa de Serra 'a troco de nada'. Uma das possibilidades é o partido garantir a vice numa eventual reeleição do governador Geraldo Alckmin em 2014.
Oficialmente, no entanto, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), informa apenas que a oferta da vice na chapa que deve ser liderada por José Serra foi negociada por Alckmin, destacando que esta discussão só será concluída mais adiante. Por hora, Agripino só avança na garantia de que seu partido não criará obstáculos ao ingresso do partido de Kassab na aliança com os tucanos. 'O importante é a causa, e a causa é o Serra ganhar a eleição contra esse ideário maluco do PT', afirmou o senador Demóstenes Torres (GO), que também descarta desentendimentos com o prefeito Kassab.
A boa vontade do DEM em não criar problemas para o PSDB de Serra e Alckmin agora não é fruto de generosidade política para com os aliados. Um dirigente do partido confessa que a legenda tem o maior interesse no apoio de Kassab à Serra porque entende que isto reduz a ameaça de perder tempo de televisão e recursos do fundo partidário para o PSD. Traduzindo: o que o DEM mais teme é a influência do PT e do governo sobre a Justiça Eleitoral para que os deputados que trocaram a legenda - boa parte deles deixou o DEM - pelo PSD levem com eles os recursos e os minutos de propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Com Kassab aliado a Serra, o DEM acredita que PT e governo não moverão um dedo para ajudar o PSD a fortalecer a campanha do maior adversário desta eleição municipal. Além disso, qualquer acerto com os tucanos em São Paulo implicará negociação de contrapartidas Brasil afora, sobretudo porque a avaliação geral é de que esta disputa municipal terá fortes reflexos nas eleições de 2014. (Estadão)