Pelo texto aprovado, o grupo de trabalho deverá estar montado e iniciando as investigações em seis meses e um prazo de dois anos para apresentar um relatório. O resultado poderá virar uma importante e poderosa arma de marketing visando a reeleição de Dilma Rousseff.

O Senado aprovou na noite de hoje (26) a criação da Comissão da Verdade, incumbida de investigar e documentar as violações de direitos humanos ocorridas no País entre 1946 e 1988. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), relator da matéria, manteve o texto aprovado na Câmara em setembro. Com isso, a proposta segue agora direto para a sanção da presidente Dilma Rousseff. O relatório do senador tucano foi aprovado em votação simbólica e unânime, numa sessão que uniu oposição e governo, e foi acompanhada, da Mesa Diretora dos trabalhos, pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Após três horas de debates, Aloysio Nunes, que foi perseguido e condenado pelo regime militar, concluiu seu pronunciamento citando o bispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz: 'virar a página do passado é conveniente não para esquecê-lo, mas para não deixá-lo nos aprisionar para sempre'.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) disse que o tucano, ao relatar a matéria, atuou como uma 'bússola', indicando o caminho para que o País se reconcilie com sua história. O senador Jorge Viana (PT-AC) disse que o colegiado será capaz de 'transformar a ferida do passado numa cicatriz'. O líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), destacou que o momento não é de 'revanchismos, mas de resgate da verdade'. Caberá à presidente Dilma, que também foi perseguida e torturada pelo regime de exceção, indicar os sete integrantes da comissão, que funcionará por dois anos. Mas ela deverá seguir os critérios de isenção, imparcialidade e ética para selecioná-los, como prevê o texto do projeto. (Do Estadão)