"Esgoto a céu aberto, falta de professores e servidores, de salas de aula, de laboratórios, de segurança, de ônibus, de água, alunos trabalhando como funcionários, hospital veterinário fantasma." Este é o retrato do câmpus da Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG), vinculada à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRP), inaugurada com banda de música e foguetório pelo presidente Lula em 2005 e anunciada, como tantas outras obras que se inserem na célebre galeria das "nunca antes", como "a primeira extensão universitária a ser instalada no País", conforme está registrado no site da UFRP. De acordo com depoimentos de professores e alunos colhidos pela repórter Tânia Monteiro (Estado, 30/8), a unidade de Garanhuns, festivamente apresentada pelo fogueteiro-mor como pioneira na interiorização do ensino superior do País, "está em coma profundo, na UTI, precisando de uma junta médica para salvá-la".
A visita da repórter ao câmpus da UAG, onde era ministrada aula inaugural do curso de Agronomia, se deu no mesmo momento em que, a cinco quilômetros dali, na Universidade Estadual de Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Educação, Fernando Haddad, participavam de aula inaugural do curso de Medicina. Esta foi realizada em sessão solene, em instalações adequadas. Aquela, por falta de salas de aulas, deu-se num auditório improvisado. Um espanto! Em relação ao qual, como era de esperar, os estudantes não se mantiveram indiferentes: "A dificuldade é tão grande para entrar aqui", ironizou o calouro Hugo Amadeu, "e, quando chegamos, vemos que a dificuldade será ainda maior para sair aprendendo alguma coisa".
A UFRP tem cerca de 12 mil alunos - ou 14 mil, pois há controvérsia no site oficial -, mil professores, 900 técnicos e metas ambiciosas traduzidas numa linguagem retumbante: "Atividades voltadas para a busca intensa do conhecimento científico nas áreas de Ciências Agrárias, Humanas e Sociais, Biológicas, Exatas e da Terra, tanto para a evolução educacional e tecnológica do Estado quanto para atender a necessidades e anseios da sociedade". É como se define a universidade que conferiu a Lula, bom conterrâneo, o título de Doutor Honoris Causa. Mas o que se vê nos campi revela uma realidade bem menos animadora. O professor Wallace Telino, presidente da Associação de Docentes da universidade, chama a atenção para a evasão de alunos e professores, o que se explicaria pelo fato de o governo estar "preocupado com o número de universidades, mas se esquece da qualidade". É o que sugere o fato de que, apesar de se dedicar fortemente às ciências agrárias, a universidade não dispõe de "um único hectare para trabalho experimental". Como consequência, os alunos de engenharia de alimentos, segundo eles mesmos revelam, estão prestes a concluir o curso sem uma aula prática sequer. Outro espanto.
A situação dessa universidade federal, que seria cômica se não fosse trágica, é bem um exemplo de um modo de governar que valoriza, sobretudo, as aparências. Embora suas origens remontem a 1912, em sua configuração atual a UFRP é um produto típico da era Lula. Suas duas chamadas unidades acadêmicas, a de Garanhuns e a de Serra Talhada, foram inauguradas, respectivamente, em 2005 e 2007, criadas "a partir do programa de expansão e interiorização do Ensino Superior do Governo Federal". O câmpus de Serra Talhada, como revelou reportagem do Estado publicada um mês atrás, é chamada pelos alunos de "museu de obras", tantas as construções interrompidas. A UFRP, aliás, lidera, num levantamento feito pelo MEC, a lista de serviços paralisados em universidades federais. E essa situação se deve, segundo o próprio MEC - e, mais uma vez ainda, é um espanto! -, a problemas com as construtoras, que abandonaram os canteiros, faliram ou simplesmente demonstraram incapacidade na construção da obra. Quem contratou essa turma? Ouvido pela repórter do Estado, o diretor da unidade de Garanhuns, Marcelo Martins, reconheceu a existência dos muitos problemas dos quais professores e alunos se queixam. Mas garantiu que um "enorme esforço" está sendo feito para resolvê-los. Vai precisar de um pouco mais que isso.
A visita da repórter ao câmpus da UAG, onde era ministrada aula inaugural do curso de Agronomia, se deu no mesmo momento em que, a cinco quilômetros dali, na Universidade Estadual de Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Educação, Fernando Haddad, participavam de aula inaugural do curso de Medicina. Esta foi realizada em sessão solene, em instalações adequadas. Aquela, por falta de salas de aulas, deu-se num auditório improvisado. Um espanto! Em relação ao qual, como era de esperar, os estudantes não se mantiveram indiferentes: "A dificuldade é tão grande para entrar aqui", ironizou o calouro Hugo Amadeu, "e, quando chegamos, vemos que a dificuldade será ainda maior para sair aprendendo alguma coisa".
A UFRP tem cerca de 12 mil alunos - ou 14 mil, pois há controvérsia no site oficial -, mil professores, 900 técnicos e metas ambiciosas traduzidas numa linguagem retumbante: "Atividades voltadas para a busca intensa do conhecimento científico nas áreas de Ciências Agrárias, Humanas e Sociais, Biológicas, Exatas e da Terra, tanto para a evolução educacional e tecnológica do Estado quanto para atender a necessidades e anseios da sociedade". É como se define a universidade que conferiu a Lula, bom conterrâneo, o título de Doutor Honoris Causa. Mas o que se vê nos campi revela uma realidade bem menos animadora. O professor Wallace Telino, presidente da Associação de Docentes da universidade, chama a atenção para a evasão de alunos e professores, o que se explicaria pelo fato de o governo estar "preocupado com o número de universidades, mas se esquece da qualidade". É o que sugere o fato de que, apesar de se dedicar fortemente às ciências agrárias, a universidade não dispõe de "um único hectare para trabalho experimental". Como consequência, os alunos de engenharia de alimentos, segundo eles mesmos revelam, estão prestes a concluir o curso sem uma aula prática sequer. Outro espanto.
A situação dessa universidade federal, que seria cômica se não fosse trágica, é bem um exemplo de um modo de governar que valoriza, sobretudo, as aparências. Embora suas origens remontem a 1912, em sua configuração atual a UFRP é um produto típico da era Lula. Suas duas chamadas unidades acadêmicas, a de Garanhuns e a de Serra Talhada, foram inauguradas, respectivamente, em 2005 e 2007, criadas "a partir do programa de expansão e interiorização do Ensino Superior do Governo Federal". O câmpus de Serra Talhada, como revelou reportagem do Estado publicada um mês atrás, é chamada pelos alunos de "museu de obras", tantas as construções interrompidas. A UFRP, aliás, lidera, num levantamento feito pelo MEC, a lista de serviços paralisados em universidades federais. E essa situação se deve, segundo o próprio MEC - e, mais uma vez ainda, é um espanto! -, a problemas com as construtoras, que abandonaram os canteiros, faliram ou simplesmente demonstraram incapacidade na construção da obra. Quem contratou essa turma? Ouvido pela repórter do Estado, o diretor da unidade de Garanhuns, Marcelo Martins, reconheceu a existência dos muitos problemas dos quais professores e alunos se queixam. Mas garantiu que um "enorme esforço" está sendo feito para resolvê-los. Vai precisar de um pouco mais que isso.
17 comentários
Coronel,
ReplyFreud explica esta situação logo em Garanhuns, quintal do Grande Líder!!
Bela reportagem, pois este assunto deveria constar do currículo de todos os estudantes brasileiros acima de 14 anos.
JulioK
AINDA SE ESPERA ALGUMA COISA VINDO DESSE BOSTA ?????
ReplyPrezados amigos
ReplyDesculpem minha ignorancia, mas a quem cabe o DEVER de processar um ex-Presidente da República?
Sobre qq coisa, esse cara percorre de cabo a rabo o Cód. Penal Brasileiro.
Materia que demonstra a verdade: será censurada pela ética do PT.
Replyfotos, fotos!
Replytodas essas matérias deveriam vir acompanhadas de fotos!
O editorial não consegue acertar sequer a sigla da universidade (UFRPE), o que esperar das outras informações?
ReplyPor que o reporter que esteve no local não filmou, não tirou fotos, para publicação ?????
ReplyÉ este imbecil quer nos querem empurrar para Prefeito de SP ??? NEM A PÁU JUVENAL !!!!!!!
Chris/SP
Mas vale o ufanismo, vale a simbologia do grande lider tornando douto o filho do sertanejo. Lulla dividiu o país e tem um exército de eleitores.
ReplyCoronel,
ReplyTudo o que o PÉ INCHADO toca vira merda na mesma hora. Isto é mais uma enganação da quadrilha que nunca vai funcionar.
caro coronel,
Replyem todo o Brasil os Institutos Federais de Educação estão em greve a mais de um mes, e os alunos que se ferrem, sem previsão de solução
Coronel
ReplyQuando leio matérias como essa do Estadão, meu espírito bandeirante se assanha (perdão não ser politicamente correta) e pergunta : por que Lula da Silva não faz no Nordeste seu bunker eleitoral, elege prefeitos e governadores que bem lhe aprouverem e deixa a gente paulista em paz?
Por que querer impor esse desastrado/incompetente Haddad para prefeito da maior cidade do País?
Seria vingança por S. Paulo ter sempre dado as costas para o PT?
Que o tinhoso venha e responda!
M. Rosa - S. Paulo-SP
tem uma fotinho da tal universidade - ou do esqueleto enferrujado dela - la no site do Claudio Humberto...
ReplyUniversidade Federal Rural de Pernambuco é (UFRP) agora é ???? Sabia não ! Pensei que fosse UFRPE , UFRPE !!!!! Até porque a sigla de pernambuco é PE!
ReplyCoronel
ReplyDuas coisas:
1) Será que algum coturneiro desta região, Garanhuns e proximidades, não contribuiria comfotos destes campus? Seria de grande valia para mostrarmos este pedaço de Brasil distante, que nós do sul temos um pouco mais de dificuldade em ver.
E tambémm para colocar na rede estas imagens atuais, as verdadeiras, e não a marketeria (?)infindável do governo petista.
2) Alô paulistas, cuidado, pois a luta do Ex para fazer o "grande" Ministro da Educação prefeito da capital é obsessão de vida. Como foi a de colocar o poste lá.
Se boa parte do Brasil comprou aquilo, pode acontecer também aí. Vejam a população de nordestinos (sem demérito a eles, e a contribuição que dão à capital) e petistas que existem na capital.
Sempre alerta, senão...
General Maximus Decimus Meridius
Nossa, eu achei isso um ARRASO.
ReplyNão é esse povinho mediocre,que adora o velhaco???
Quem sabe ele não manda dar uma concertadinha, e volta em 2014, para reenaugurar, a tal da universidade.
BEM FEITO, AINDA TÁ POUCO,VOCÊS MERECEM MUITO MAIS.
E nós os 44%, que não votamos neles,
PAGAMOS PELA IGNORANCIA DE VOCÊS.
Izabel/SP
General Maximus
ReplyAqui o pt. não ganha, pode ficar tranquilo.
Os verdadeiros paulistanos, estão atentos.
Izabel/SP
Com todo perdão pela ousadia, .... mas essa bosta de faculdade está a altura dos eleitores do bravateiro de Garanhuns. Recebem o que merecem pela burrice e safadeza de eleger um bandido para presidente.
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