Após comemorar a aprovação do projeto da Comissão da Verdade na Câmara, a presidente Dilma Rousseff enviou um recado aos ministros envolvidos com a questão: eles não devem alimentar nenhuma especulação sobre os nomes de personalidades que podem ser convidadas para integrar o futuro colegiado. A tarefa principal agora deve ser o esforço político para que o projeto seja aprovado também pelo Senado. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-MA), já foi procurado ontem pelo ministro da Defesa, Celso Amorim. O titular da pasta da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, deverá conversar com o senador maranhense no início da próxima semana.

O objetivo do governo é garantir que a tramitação ocorra em regime de urgência, como na Câmara, evitando o debate nas comissões. Quanto mais demorado for o trâmite, maior a possibilidade de surgirem focos de resistência à proposta. Segundo um assessor do governo, a resistência na Câmara foi maior do que se esperava. Líderes de partidos da oposição e da base do governo já foram contatados. Um dos primeiros senadores procurados foi Marcelo Crivella (PRB-RJ), que tem proximidade com setores das Forças Armadas.

Após uma sondagem inicial com o PSDB, o governo deverá propor o nome do tucano Aloysio Nunes. que foi perseguido politicamente durante a ditadura militar, para o cargo de relator. Apesar dos esforços do governo para evitar especulações em torno dos nomes que serão indicados pela presidente Dilma para compor a Comissão da Verdade, o debate em torno do assunto tende a aumentar. Na opinião de militantes da área de direitos humanos, o perfil dos sete escolhidos será decisivo para definir o andamento e o sucesso dos trabalhos.