A aproximação da presidente Dilma Rousseff do governador Geraldo Alckmin parece seguir um antigo lema dos manuais políticos, o de que a boa prática é aquela em que dois se somam e ambos obtêm dividendos - inclusive eleitorais. Nos últimos dias, a petista e o tucano fizeram questão de posar para fotos lado a lado, o mais distante possível do Fla-Flu que marca a disputa PT-PSDB e se personificou nos antecessores de ambos (Lula e José Serra) e no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Conforme interlocutores dos dois lados, nem Dilma nem Alckmin pretendem se livrar das vestes partidárias e mudar de lado da trincheira. O que eles querem é melhorar suas imagens e tentar transmitir a ideia de que as relações políticas podem amadurecer no País, mesmo em meio a tantos escândalos políticos no noticiário.
Da parte dos tucanos, há mais boa vontade em receber Dilma do que havia com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, Alckmin assumiu o Bandeirantes na condição de pré-candidato a presidente e sabia que seu adversário, como acabou ocorrendo, seria o próprio Lula em 2006. O mesmo aconteceu com Serra em 2007, então o nome mais cotado para concorrer ao Planalto à frente do bloco de oposição. Neste ano é diferente. Até agora, Alckmin desconversa sobre o sonho de disputar a Presidência novamente, pois o senador Aécio Neves (MG) tem supostamente a prioridade no PSDB. Sem a tensão eleitoral pela frente, Dilma pode tentar construir uma imagem de estadista, pairando acima da disputa partidária e eleitoreira. À parte o óbvio bônus de ter o caixa reforçado pelos recursos federais, Alckmin tenta mostrar amadurecimento político depois das derrotas em 2006 e em 2008 (Prefeitura).
Num governo em que o norte é construir um 'País de classe média', como a presidente defendeu na campanha e na posse, Dilma e Alckmin parecem ter captado a proposta feita por FHC no artigo O Papel da Oposição, publicado em abril: o PSDB pregará no deserto se disputar com o PT influência sobre o 'povão'. No mesmo texto, ele também pede ousadia para dar vida 'não a diretórios burocráticos, mas a debates verdadeiros sobre os temas de interesse dessas camadas' que são chamadas 'sem muita precisão de 'classe C' ou de nova classe média'. Colocar projetos que melhorem a vida das pessoas à frente das disputas é o primeiro passo.
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Resumo: o PSDB desiste do povão do Lula e entrega a classe média para a Dilma. A estratégia é perfeita, como todas as estratégias tucanas.
Atenção: Alckmin está muito certo em buscar o dinheiro a que São Paulo tem direito. Armar palanque para Dilma Rousseff é outra história. A estadista é ela, a dona do dinheiro, que está tendo a grandiosidade de atender um adversário político e por aí vai.
Slogan para 2012: com o PT, São Paulo só tem a ganhar. Serra mostrar Lula foi um tiro no pé. Dilma mostrar Alckmin é um tiro no peito. Dos tucanos. Especialmente do grupo de Serra que, hoje, só tem futuro se ganhar São Paulo.
Protagonistas: FHC perdeu a eleição para a prefeitura de São Paulo em 1985. Alckmin foi derrotado em 2008. Ambos entendem como perder a eleição na maior cidade do país, apesar de, depois, terem dado a volta por cima. A estratégia de se aproximar do PT é de ambos.
Da parte dos tucanos, há mais boa vontade em receber Dilma do que havia com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, Alckmin assumiu o Bandeirantes na condição de pré-candidato a presidente e sabia que seu adversário, como acabou ocorrendo, seria o próprio Lula em 2006. O mesmo aconteceu com Serra em 2007, então o nome mais cotado para concorrer ao Planalto à frente do bloco de oposição. Neste ano é diferente. Até agora, Alckmin desconversa sobre o sonho de disputar a Presidência novamente, pois o senador Aécio Neves (MG) tem supostamente a prioridade no PSDB. Sem a tensão eleitoral pela frente, Dilma pode tentar construir uma imagem de estadista, pairando acima da disputa partidária e eleitoreira. À parte o óbvio bônus de ter o caixa reforçado pelos recursos federais, Alckmin tenta mostrar amadurecimento político depois das derrotas em 2006 e em 2008 (Prefeitura).
Num governo em que o norte é construir um 'País de classe média', como a presidente defendeu na campanha e na posse, Dilma e Alckmin parecem ter captado a proposta feita por FHC no artigo O Papel da Oposição, publicado em abril: o PSDB pregará no deserto se disputar com o PT influência sobre o 'povão'. No mesmo texto, ele também pede ousadia para dar vida 'não a diretórios burocráticos, mas a debates verdadeiros sobre os temas de interesse dessas camadas' que são chamadas 'sem muita precisão de 'classe C' ou de nova classe média'. Colocar projetos que melhorem a vida das pessoas à frente das disputas é o primeiro passo.
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Resumo: o PSDB desiste do povão do Lula e entrega a classe média para a Dilma. A estratégia é perfeita, como todas as estratégias tucanas.
Atenção: Alckmin está muito certo em buscar o dinheiro a que São Paulo tem direito. Armar palanque para Dilma Rousseff é outra história. A estadista é ela, a dona do dinheiro, que está tendo a grandiosidade de atender um adversário político e por aí vai.
Slogan para 2012: com o PT, São Paulo só tem a ganhar. Serra mostrar Lula foi um tiro no pé. Dilma mostrar Alckmin é um tiro no peito. Dos tucanos. Especialmente do grupo de Serra que, hoje, só tem futuro se ganhar São Paulo.
Protagonistas: FHC perdeu a eleição para a prefeitura de São Paulo em 1985. Alckmin foi derrotado em 2008. Ambos entendem como perder a eleição na maior cidade do país, apesar de, depois, terem dado a volta por cima. A estratégia de se aproximar do PT é de ambos.
5 comentários
Bom dia Coronel e amigos coturneiros
ReplyAnteriormente houve um comentário criticando o senhor pela informação de que Alckmin e Dilma estavam amistosos demais. O senhor rebateu.
Sob alegação da necessidade de buscar dinheiro com o governo federal, o "zé botina" considerou normal o procedimento do governador.
Também considero isso normal. Não é normal quando o chefe do executivo paulista convida para a mesma cerimônia o xerebendo do lula, que imediatamente rejeitou o convite inventando uma desculpa qualquer.
Chegamos no fundo do poço. O próprio pt não quer o PSDB por perto.
Abraço a todos
Sorocaba - SP
Coronel, data vênia, estranhei a frase: "...A estadista é ela, a dona do dinheiro, que está tendo a grandiosidade de atender um adversário político e por aí vai. "
ReplyO dinheiro - todo o dinheiro - recolhido pela União tem origem, em sua maioria, no estado de São Paulo e deveria reverter proporcionalmente para esse estado, e não ser controlado e distribuído por critérios políticos, eleitorais e partidários!
Enquanto persistir essa "federação de araque", na qual representatividade e controle dos recursos são geridos por critérios políticos, não haverá genuíno progresso nem aplicação de recursos.
Basta ver a montanha de escândalos, os milhares de obras paralisadas, abandonadas ou mal feitas....
Estou começando a ver com simpatia o movimento "O Sul é o meu país"....
Na realidade, fica bom a presidente aparecer ao lado de Alckmin. Todo mundo percebeu que faz tempo ela não aprece ao lado de petistas e nem do ex-presidente. Não bastasse o ministério que está caindo aos pedaços, ainda tem um partido e apoiadores "atrapalhões". Assim, aparecer ao lado do Governador de São Paulo, ajuda mais do estar ao lado de outros políticos. As próximas pesquisas vão poder dizer se Alckmin estaria ganhando, alguma coisa com isso. A presidente estaria. Talvez ela até possa candidatar-se à Prefeitura Paulistana.
ReplyA classe C, não é cativa de nenhum partido. Nenhum deles tem noção de como chegar a ela em termos eleitorais. Nem como explorar aspectos da inflação, endividamento, emprego, renda. Prevalece, ainda, sensação de bem-estar e isso não necessariamente dá votos. Os votos são difusos. E a sensação de bem-estar atinge as pessoas de modo diferente. Sob esse ângulo, ninguém está em vantagem. Por mais atitudes absurdas que tome. Porém, uma coisa é certa. A imagem do governador de São Paulo ajuda a presidente, muito mais do que qualquer membro do partido dela. Depois dela aparecer na frente de Dirceu e ao lado de Lula, ela apareceu bastante com Alckmin. Os petistas estão preocupados.
ReplyO Serra estava no mesmo evento do Alckmin e da Dillma, se fosse assim como vc fala, ele com certeza não estaria lá, ou vc acha que ele foi obrigado a ir?
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