Festa de congraçamento é o nome convencional para o jantar oferecido anteontem pela caciquia do PMDB à presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Jaburu, residência oficial do seu vice e presidente do partido, Michel Temer. Nas circunstâncias, porém, seria mais adequado falar em festa de formatura. Dilma, que passou pelo menos a primeira metade destes seus oito meses no Planalto de costas para o partido, como que se recusando a encarar o entorno de sua nova condição, enfim se diplomou com distinção e louvor no curso intensivo de pragmatismo político ministrado pelo mestre da disciplina, seu tutor Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma semana antes, ela completou a graduação, ao dissertar sobre a "espinha dorsal do governo" para a banca de peemedebistas e petistas que a encarnavam. Prometeu respeitar os contratos políticos entre as duas legendas, intensificar os contatos com as respectivas lideranças parlamentares e descongelar as verbas para as emendas de seus liderados. Manifestou confiança nos abalados ministros do Turismo, Pedro Novais, e da Agricultura, Wagner Rossi - condecorando este último com o adjetivo "exemplar". No dia seguinte, quando ele renunciou, não houve no PMDB quem debitasse a sua queda à presidente. Quanto mais não fosse, o vice testemunhara os seus apelos para que ele reconsiderasse a decisão - e não fez mal nenhum para o prestígio de Dilma ela não perder ocasião de lastimar a saída de Rossi.
O jantar no Jaburu foi só alegria. Todos ali estavam cientes de que ela despira o uniforme de faxineira. Novais fica, fizera saber a presidente, salvo decisão em contrário de seus correligionários. O apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney, e do líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves, começa a ser visto como um fardo por setores da bancada, ecoando as desavenças entre eles e o próprio Alves. É a pequena política de costume, mas a distância de Dilma. O destino do ministro mais recentemente acusado de malfeitorias, o das Cidades, Mário Negroponte, também dependerá da bancada de seu partido, o PP. Ela destituiu o líder Nelson Meurer, aliado de Negromonte, e diversos de seus membros querem de novo na pasta o antecessor Márcio Fortes.
Enquanto a presidente tira o avental, o companheiro Jaques Wagner, o governador da Bahia de quem o PP é o principal arrimo no Estado, veste a camisa da complacência. Erigir o combate à corrupção em bandeira do governo, disse ele na terça-feira em um almoço com empresários de São Paulo, seria um "desserviço" ao País. Afinal, "não estamos em um patamar que assuste, e no mundo todo há esse problema". E pensar que ele sonha com a Presidência da República. Mas o importante agora não é o patamar da convivência do petista com a bandalha, mas o que acha que Dilma acabou de fazer. Segundo ele, foi um "ajuste de conduta", depois de ela avaliar o resultado presumivelmente adverso da devassa no Ministério dos Transportes, que custou a saída do PR da base governista.
Isso significa que será preciso muitíssimo mais do que denúncias da imprensa para abalar o desvelo da presidente com o primeiro time dos seus colaboradores - embora a palavra desvelo não seja a mais apropriada para descrever o modo como os trata pessoalmente. Decerto os brasileiros preferiam que ela exercesse a sua afamada severidade em defesa da ética no governo, como se supôs que continuaria a fazer depois da varredura no valhacouto do Dnit. Mas, se continuasse, seria prova de que não tinha conseguido captar os ensinamentos de mestre Lula. E ela os captou, "capítulo e versículo", como dizem os americanos."Ao lado do PMDB, me sinto em casa", exultou a presidente diante de uma centena de peemedebistas (e um punhado de petistas) convidados pelo vice Temer, relatou o blogueiro Josias de Souza, da Folha de S.Paulo. "Vamos" - ela e o PMDB, evidentemente - "entregar um país ainda melhor do que recebemos." Uma pena Lula não ter assistido de corpo presente à exibição de sua pupila. Ninguém mais do que ele merecia estar lá. (Editorial do Estado de São Paulo)
10 comentários
Não dá pora acreditar em NENHUM deles nem um minuto que seja. Ter acreditado na tal faxina é assinar atestado de idiota, continuar acreditando, aí já é debilidade menatal. Sair incentivando apoio a Dilma não é mais ingenuidade, é se igualar à corja de malandros aproveitadores do povo imbecil brasileiro.
ReplyA manutenção de Novais fortalece Sarney e põe um freio no Temer.
ReplyViva !!!
ReplyO que a Presidanta quis dizer foi:
"Aiiiiiii gente ! Liberou geral !!!!!
É gente, Sir Ney ainda tem a força!
ReplyQuem disse que o "ômi" estava querendo pendurar as chuteiras se deu mal.
E muito pior vamos ficando nesse Brasil de ética relativa e seletiva.
É só tristeza...
O abandono da faxina pela Faxineira, digo, Presidente significa deixar o ônus do desgaste político com os partidos e os padrinhos dos defenestrados. Observemos que Temer destituiu Rossi porque tem o que perder politicamente em São Paulo onde tenta cacifar Chalita, já manter Pedro Novais do padrinho Sarney não traz custo político nenhum, não se trava no Amapá nenhuma disputa relevante e Sarney já anunciou sua pretensão de renunciar a política no longínquo 2014 e ademais nada mais pode sujar sua biografia enlameada desde sempre.
ReplyO que ninguém pode garantir é que o tal jantar não tenha sido em videoconferência com o ícone da corrupção da política brasileira, às voltas com o gabinete presidencial instalado em São Paulo...
ReplySerá que o País que "receberam", em 2011, estaria também "malfeito" no período de 2003/2010? E será que vão entregá-lo, também "malfeito"? Será que quem votou esperaria algo "benfeito"?
ReplyPagava uma " propina" de 10% para ver a cara do bobalhão do FHC nesse momento....bancou o palhaço , "as usual"..
ReplyCel
ReplyE pensar que o Pedro Simon, o Jarbas Vasconselos, o FHC fingiram que acreditavam na faxina é degradante.
Já a Kátia Abreu, após se reunir com Dilma, está a favor do MST e acho que tb. do Código Florestal da Dilma.
Desta forma, não temos mais em quem acreditar ou esperar qualquer atitude digna do papel que deveriam exercer em prol da sociedade.
Esther
PQ NADA SE FALA DA IDELI?
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