Não há mais lugar para ditaduras partidárias.

Uma das mais respeitáveis figuras do meio político, o deputado federal Roberto Freire, é presidente do PPS. Ao que consta, desde a sua fundação, em 1992. Salvo engano, são quase 20 anos de mandato presidencial no seu partido. Freire, no PPS, manda prender e manda soltar. Em 2003, o PPS apoiava Lula. Somente depois passou para a oposição. As coisas mudam.

O PPS está, mais uma vez, em fase de depuração dos seus quadros. Os jornais noticiaram, dia desses, que o partido desfiliou algumas dezenas de membros. A pergunta que fica é: se o PPS sempre foi comandado pelo mesmo presidente, por que está sempre expulsando e desfiliando políticos? Cabe a ele, em última instância, convidar, filiar, incentivar candidaturas. Parece haver aí uma certa sobreposição do interesse pessoal com os rumos do partido. E filiações oportunistas, que servem por algum tempo e para alguns propósitos. Parece.

O deputado federal Roberto Freire entrou com uma ação no STF questionando a atual legislação que diz que, em caso do surgimento de um novo partido, o político pode sair do partido onde está e aderir à nova legenda. Para o presidente vitalício do PPS, o mandato pertence ao partido e não ao político. Interessante Isto significa que, no PPS, como quem manda por lá é o deputado Roberto Freire, os mandatos dos seus deputados, prefeitos e vereadores pertencem ao partido, que no fundo pertence a ele. Quem reclama e discorda, é desfiliado, expulso, enxotado, defenestrado. 

Um partido que até hoje só teve um presidente pode ser tudo, menos democrático. Está mais para uma ditadura. E aí não dá para esquecer que o PPS é uma versão light do PCB. Quando um grupo toma o poder dentro de um partido e não quer largar mais, muitas vezes por causa do fundo partidário e da negociação do tempo de TV, surgem os rachas. E dos rachas surgem novos partidos. É o que está acontecendo hoje, quando uma cisão do DEM está fazendo nascer o PSD. 

O deputado Roberto Freire, como bom democrata, deveria se preocupar em oxigenar o seu próprio partido, em renová-lo, em dar oportunidades para novas lideranças. E, principalmente, parar de dizer que os mandatos são dos partidos. Não são. Os mandatos são dos eleitores. São eles que, satisfeitos ou insatisfeitos com o desempenho dos seus eleitos, usarão as urnas, na próxima eleição, para referendar ou não o voto conferido.  Não há mais lugar para ditaduras partidárias no Brasil.Não há um só partido no Brasil que possa exigir fidelidade partidária de quem realmente importa: o eleitor.