Código Florestal caminha para consenso. E o relator é comunista.

Leia aqui a entrevista com Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do Código Florestal na Câmara.  O assunto é fascinante, pois está acima de partidos políticos e, ao que parece(não quero morder a língua!), não terá o ranço ideológico na busca do melhor caminho para o país. Abaixo, uma amostra das respostas:

iG: Mas acatando-se pleitos os dos pequenos agricultores, por exemplo, de que não teriam que repor integralmente as reservas legais degradadas, não poderia se levar a um prejuízo maior do ambiente?

Rebelo:
Não, porque a reivindicação deles é apenas sobre as áreas que eles já usam, as áreas consolidadas. Eles não querem desmatar nem mais um metro das florestas nativas. Você pode combinar a convivência deles nessas áreas com proteção do solo e da água com assistência técnica. Por exemplo, para fazer uma curva de nível, exige-se dinheiro e conhecimento técnico. O Estado precisa chegar no campo além do fiscal, da multa, do Ministério Público e do processo. É preciso um trabalho de assistência técnica e extensão rural. A não ser que alguém ache que a solução seja expulsar essas pessoas para a periferia das cidades. Esse Estado que dá assistência técnica foi desmontado. No lugar, apareceu fiscal, polícia florestal e MP para autuar, multar, prender e levar essas pessoas para as cidades, onde chegam sem profissão, trocando sua terrinha por uma Brasília usada ou um barraco na periferia. Isso não é solução.

iG: O grande produtor pode ter grande perda nessa revisão do Código Florestal?

Rebelo:
Com o texto atual, ele já perde muito. Na Amazônia, ele vai perder 80% (da propriedade) para reservas legais. No Cerrado é 35%. Comparando-se o grande produtor brasileiro com o estrangeiro, a perda já é grande, porque reserva legal e Área de Proteção Permanente (APP) não existem em nenhum outro lugar do mundo. O produtor, mesmo o grande, já está sob exigências muito drásticas. Se você ampliar essas exigências, você na verdade está praticando um “dumping” contra o produtor brasileiro em favor do americano e do europeu. E eu acho que não é o Estado brasileiro que deva fazer esse serviço, num setor de muita produtividade e muito protecionismo. O (produtor) europeu não tem essas barreiras e recebe muito mais subsídios. A renda dele é garantida pelo Estado. Se seguir assim, vamos acabar como a agricultura africana, que quebrou por causa do subsídio europeu, ou a mexicana, que quebrou por causa do subsídio americano.

8 comentários

Eu sempre fico pasmo quando concordo com um comunista - mas, fazer o quê? Ele TEM SIM razão, esse ambientalismo barato (que, aliás, tem lavado a cabeça de mais de uma geração de brasileiros nas escolas, é só fazer uma pesquisinha com seus filhos e netos com menos de 20 anos) é PAGO pelos EUA e UE para travar um dos poucos setores em que o Brasil necessariamente tem vantagens inigualáveis.

Só acho que mais nada deve ser cedido, o deputado já cedeu demais nos últimos 24 meses.

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Cel.

Não importa que o relator do Cod. Florestal seja comuna. Aldo Rebelo/PCdoB), neste caso, tem razão e bomsenso!


Chris/SP

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Fico com o pé atrás porque pra mim comunista é comunista e as coisas que já vimos vindas do Dep. Rabelo justificam minha desconfiança. Talvez (como a maioria dos comunistas) agora o discurso dele seja um, mas na hora "H" as ações serão outras, quando não dará tempo de contestar. Depois vem as justificativas de sempre, "que as novas conjunturas sociais", "que a atual conjuntura econômica" (comunista adora falar conjuntura) etc, etc, etc.

Titonio Mga-PR

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Minha única pendenga com o novo código florestal é essa moratória na expansão da agricultura.

Eu sei, é para "agradar" os verdes e conseguir a aprovação do projeto, mas por que agradar a quem quer atrasar o país, limitando a maior fonte de renda na exportação e que garante a comida barata aqui dentro?

Tem quantos, talvez três, políticos que fazem uma defesa veemente dos interesses do país. Enquanto isso não há nenhum grupo de faça entrevistas com câmera escondida e depois publique vídeos na internet desmascarando interesses excusos. Isso é operação comum em outro paises, mas aqui não, ninguém quer ficar "mal visto" com os coleguinhas...

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É um vexame ter, neste momento que escrevo, só três comentários aqui enquanto sobre o carnaval a discussão vai acalorada.

Enquanto o povo rebola, de um jeito ou de outro, é um comunista quem segue firme defendendo o direito de produzir em propriedade privada e garantindo a comida boa e barata... trabalhando, fazendo plantão até durante o carnaval, vejam só.

Falta muito para o Brasil ser um país, nem digo decente, um PAÍS apenas.

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OdeC já dizia que Aldo Rebelo pode ser um comuna respeitável, pois está entre aqueles que tem como ideologia o nacionalismo.

OdeC falou isso depois de relatar um dia em que Aldo Rebelo foi o único a se juntar a ele em defesa de Gilberto Freyre na USP.

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E não é que a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica lançada nesta quarta feira de cinzas, sobre o tema ambiental é contra o agro-negócio sob a alegação que ele prejudica o planeta. Quanta incoerência, pois a mesma Igreja combate a fome dos necessitados, mas sem a produção de alimentos fazer o que.

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Na Argentina (pasmem) a "presidenta" já estatizou o futebol e segue para estatizar até corrida de carro!!!?

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Insidiosamente estão atacando a propriedade privada criando obstáculos em todos os níveis , federal,estadual e até municipal . A cobrança de cada vez maior número de selos e carimbos para a legalização da propriedade , atos cartorários e certidões em profusão , até que as pessoas desistam de agir legalmente , está empurrando as propriedades para a condição de simples posses , especialmente se houver inventários pelo falecimento de alguem. Aí a coisa leva décadas .

Corregedorias mudam as exigencias diáriamente , quem já tinha perde e quem não tem , não terá .

Hoje , sòmente uns 20 % das propriedades estão legais e quites nas cidades , se tanto.
Agora vão ferrar o campo , não é possível tanta produção rolando impunemente.
Fuuuiiiii .

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