O pedágio da Dilma.

Da Folha de São Paulo, com uma pergunta: se combinam o valor das doações, por que não combinariam o valor dos serviços?

Um grupo de dez empresas de segurança privada, metade delas detentora de contratos de prestação de serviço com o governo federal, doou R$ 1,4 milhão para a campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). As cinco empresas com contratos com o governo são Nacional, Power, Treze Listas, Vanguarda e Master. Elas atuam na segurança de postos de órgãos como Receita Federal, AGU (Advocacia-Geral da União), INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e Ministério da Agricultura, tanto na capital quanto no interior paulista. Em 2010, essas empresas receberam R$ 25,1 milhões da União. No segundo mandato do presidente Lula, foram R$ 122 milhões. As doações são legais. Representantes do setor justificam os repasses pela tentativa de sensibilizar o governo para mudar a legislação sobre segurança privada.

As outras doadoras são: GP Guarda Patrimonial, MS Serviços de Segurança Privada, Impacto Serviços de Segurança, Verzani & Sandrini Segurança Patrimonial e Gocil Serviços de Vigilância. Muitas delas também atuam em outras áreas. A Impacto e a Gocil dividiram as doações com suas filiais de limpeza e serviços gerais. A prestação de contas da campanha de Dilma, registrada no TSE, mostra que as doações seguem um padrão de valores e datas. No dia 30 de agosto, por exemplo, cinco empresas fizeram doações em valores idênticos: Power, Treze e GP doaram R$ 175 mil cada uma. Nacional e Vanguarda desembolsaram R$ 85 mil cada. Depois, no início de outubro, essas empresas voltaram a doar valores idênticos, sendo três parcelas de R$ 92.500, e duas de R$ 48.750. Outras quatro empresas -Master, MS, Impacto e Verzani- repassaram R$ 210 mil em setembro, e a Gocil doou R$ 100 mil em novembro, após a vitória da petista.

Um dos principais pleitos do setor junto ao governo é a revisão da lei que regulamenta a atividade de segurança privada, da década de 80. As empresas cobram a penalização de concorrentes que executam serviços sem registro na Polícia Federal. "Apostamos na continuidade do governo e que ele olhe para o setor de serviços como gerador de mão de obra", disse José Jacobson Neto, vice-presidente da GP. Ele negou que as doações tenham sido orquestradas. A Vanguarda, por meio de sua assessoria, justificou as doações pela "possibilidade de criação de leis que venham trazer novos horizontes para o segmento de prestação de serviços e alterações na atual legislação".

5 comentários

Coronel, essas empresas empregam certamente mais pessoas , formando um verdadeiro exército sob a batuta de seu sindicato, do que o próprio exército nacional.
Interessante essa proximidade com a campanha .
Dá para imaginar o que possa se r um movimento orquestrado desse contingente gigantesco ,espalhado pelo país todo, tanto de apoio como não . O monstro cresceu tanto que , dependendo do que o patronato ou o sindicato quiser, em pouco tempo pode ser uma força imbatível.

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Pode pesquisar ,as empresas menores tambem TIVERAM que contribuir...proporcionalmente ao seu faturamento!!o tal estatuto ja foi comprado , vamos ver se o governo vai entregar.Dilma nao foi eleita por Lula ,mas sim por grupos poderosos e organizados como este da Seguranca privada, dos Bancos,das empreiteiras , dos Planos de Saude,das universidades e escolas particulares e tsntas outras corporacoes que crescem a sombra do caos dos servicos publicos.

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Too Loose Lautrec mod

Perdoe, Coronel, mas não há nada de legal e muito moral nessas doações.
É descarado financiamento oriundo de dinheiro público e cuja linhagem se comprova facilmente utilizando do conceito de "grupo econômico".
O que falta é seriedade por parte do Judiciário e dos organismos de controle, tal qual o Ministério Público em arguir a questão: pode o setor privado usar de recursos públicos para escolher seus candidatos?
Pode o beneficiário de recursos públicos utilizá-los ao seu bel prazer?
Vale a pena pagar salários altíssimos a quem não trabalha em favor do interesse público?
Falta é uma sociedade organizada e representada por quem tenha compromissos com ela. Utopia, ainda mais nos trópicos.

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É claro, que êsse pessoal de bôbo não têm nada, e vai receber tudo de vota, com juros e correção monetária.

Em troca, de prestações de serviços sem licitação, super faturado, com dinheiro público, ou alguém duvida?

Izabel

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Oligopólios são assim.
Assim fazem as telefonicas, companhias aéreas, empreiteiras... Todos combinam preços.

Faltou esse tipo de discussão na campanha. Como fazer para estimular um aumento do número de players em cada ramo da economia tupiniquim?

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