Por uma Copa do Mundo mais transparente e menos corrupta.

Hoje, um colunista do Diário Catarinense, Cacau Menezes, publicou algo surpreendente: 

"A quem interessar possa, e eu estive lá: o aeroporto de Floripa é quase duas vezes maior do que o aeroporto de Port Elizabeth, na África do Sul, onde o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo pela Holanda. É bom dizer logo isso antes que nossos políticos resolvam construir, para a Copa de 2014, novos aeroportos em São Paulo, Rio, Porto Alegre...

Ora, o aeroporto de Florianópolis não possui fingers e os passageiros descem na pista, encaminhando-se a pé para o recolhimento de bagagens e para saírem do único e acanhado terminal. Se a chuva é forte, recebem um guarda-chuva que via de regra vira do avesso, pela força do vento sul.  No térreo, que concentra a área de embarque e desembarque, não existe nem mesmo um café e há apenas dois banheiros.No entanto, Ricardo Teixeira, presidente da CPF, disse que os três principais problemas do Brasil são "aeroporto, aeroporto e aeroporto". A Copa do Mundo de 2014 começa como uma caixa preta, tendendo a repetir, de forma decuplicada, o escândalo do Pan-Americano que, até hoje, não fechou as suas contas. O TCU nada pode fazer: a escolha do Brasil como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 abafou toda e qualquer investigação de um projeto de marketing que começou com um orçamento de R$ 520 milhões e terminou com uma conta a pagar de R$ 4 bilhões. Não se tem notícia de que a vida do carioca tenha melhorado um milímetro em função do Pan. A Copa do Mundo está orçada em U$ 14 bilhões, R$ 25 bilhões aos custos de hoje. Dois anos de Bolsa Família, por exemplo. Quem acredita que vai ficar nisso? A tendência é que o orçamento dobre, no mínimo, alcançando R$ 50 bilhões, facilmente. Agora vejam que a Embratur está lançando, a partir de hoje, uma campanha para atrair turistas para o Brasil. Sabem qual é a meta? Fazer o turismo do Brasil sair de um faturamento anual de R$ 9,3 bilhões em 2009 para uma receita de R$ 15,8 bilhões em 2014, ano da Copa do Mundo. Sentiram o despropósito? Se considerarmos uma carga tributária de 40% sobre este montante, o país vai arrecadar R$ 6,3 bilhões para um gasto que já começa em R$ 25 bilhões. Haverá obras de infra-estrutura? Sim, o trem-bala, aeroportos, vias expressas. É dinheiro que favorece duas ou três capitais e sai do orçamento que seria destinado a construir hospitais, escolas, açudes, penitenciárias...A Copa do Mundo, por tudo isso, precisa ser discutida profundamente durante as eleições de 2010. O que vai acontecer, de agora em diante, é a pressão para que tudo seja feito a toque de caixa. Caixa preta. Caixa dois. Caixa do país! A corrupção desenfreada do Pan é um péssimo exemplo. Que a Copa do Mundo de 2014 não deixe um trauma muito pior do que 1950. Lá, perdemos no campo de jogo. Em 2014, poderemos ganhar no campo e perder dezenas de bilhões que poderiam produzir mais desenvolvimento para um país ainda tão pobre, para deleite, usufruto e megalomania de uma minoria.

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Um país que tem mal e porcamente duas companhias aéreas, com pífia participação em vôos internacionais, não deveria estar tão preocupada assim com aeroportos. Durante a Copa do Mundo, como o país vai parar de qualquer maneira, reduzam para 20% os vôos domésticos. Deixem os aeroportos e vôos basicamente para os turistas. Uma solução simples e barata. Aliás, de custo zero.