Serra e o estranho fenômeno de "cair para cima".

Era uma brincadeira de criança. Meu irmão bradava: "é impossível cair para cima!" Eu respondia: "claro que é possível, eu posso cair do cavalo para cima da bicicleta!" E ficou combinado, entre nós, que o argumento tinha sido vencedor e cair para cima virou algo perfeitamente normal em nossas brincadeiras de, por exemplo, cair do armário para cima da cama. Hoje, quase 50 anos depois, o jornalismo brasileiro faz este blogueiro voltar aos tempos de criança, quando lê os portais e jornalões, bem como alguns colunistas, mancheteando: " Serra caiu!". Caiu de onde, pergunto? Caiu de 32% do Datafolha, publicado há 15 dias atrás, para 35% no Ibope publicado hoje? Então caiu para cima, grita o menino que ainda existe dentro de mim. Porque só falta os teleguiados voltarem a analisar as mesmas coisas de 15 dias atrás, que já foram absolutamente dissecadas, em todos os seus aspectos, em pesquisa anterior. O jornalismo brasileiro prefere comparar uma pesquisa de hoje com uma pesquisa de três meses atrás e não com outra, que mediu a mesma coisa, publicada há duas semanas. Trata os leitores como se fossem crianças ou imbecis. Com José Serra, acontece de tudo mesmo. Era para desistir. Era para ter se lançado. Era para isso e para aquilo. Só faltava essa: Serra cair pra cima!