A hipocrisia e os outros golpes que a OEA não vê.

De Marta Colomina, no El Universal, um dos maiores jornais da Venezuela, em editorial deste domingo:

Desde a abrupta saída de Manuel Zelaya da presidência de Honduras circulam na internet numerosos informes de correspondentes estrangeiros, análises de especialistas e editoriais de jornais, contrariando a diplomacia internacional que qualifica o fato como um golpe de estado. Apresentam uma visão crítica das constantes violações constitucionais de Zelaya no seu exercício governamental e tem uma visão favorável do novo governo hondurenho, que definem como democrático por haver restituído o Estado de Direito.

Uma das análises mais difundidas tem sido a da costa-riquense Margarita Montes, cientista política do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Francizco Marroquin, que sustenta que pela primeira vez depois da “guerra fria”, um exército depõe um presidente democraticamente eleito para restaurar o Estado de Direito e não para rompê-lo, como era usual no passado. A especialista não define o ocorrido como um golpe de estado porque não cumpre com duas características dos velhos motins: a tomada do poder por parte do estamento militar e a quebra do Estado de Direito. Destaca que a ação das Forças Armadas se baseou em uma ordem judicial e “seu propósito foi restabelecer o império da Lei, o qual estava sendo violentado consistentemente pelo próprio presidente do Poder Executivo, ao não reconhecer e acatar as disposições do Poder Judiciário e do Poder Legislativo.”

Contrária às rápidas condenações de governos e organizações como a União Européia, Estados Unidos , ONU, OEA, ALBA, Grupo do Rio (que somente escutaram a Zelaya e não o outro lado), Montes pensa que Honduras sentou um precedente que passará a ser objeto de estudos em universidades e entre diplomatas e políticos de todo o mundo: “ pela primeira vez na América Latina o povo se rebela, sem derramamento de sangue e sem violência contra um Presidente democraticamente eleito, por violar disposições legais e a institucionalidade vigente no país.” Com efeito, Zelaya não respeitou as resoluções da Fiscalização Geral, da Corte Suprema de Justiça, da Procuradoria Geral, do Comissionado para os Direitos Humanos, nem do Congresso. Se negou a prestar contas dos fundos do Estado e se empenhou em realizar uma consulta manipulada para buscar a sua reeleição, para a qual deu ordens ao Comandante das Forças Armadas que, ao negar-se a cumpri-las, desencadeou a crise. A Constituição hondurenha contém alguns artigos denominados pétreos(para evitar o caudilhismo), tais como: “ a democracia será sempre a forma de governo, o período presidencial durará quatro anos e não haverá reeleição.” Desde a associação de Zelaya com Chávez, a Honduras chegaram aviões com ativistas venezuelanos e “ajuda”, como os 100 tratores de petróleo de graça. Ali acamparam os juristas espanhóis Roberto Viciano Pastor e Rubem Martínez Dalmau, financiados pelos petrodólares chavistas, prontos para montar a Assembléia Constituinte em Honduras, como fizeram no Equador e na Bolívia. Estes juristas também assessoraram o candidato peruano derrotado, Ollanta Humala.

Afirma Montes que os organismos internacionais, governos e certa imprensa mundial condenam o ocorrido em Honduras, porque o analisam através do velho paradigma dos golpes de Estado. Não perceberam(ou não quiseram) “que em Honduras, no domingo, o modelo foi rompido”. A OEA, convertida em um clube de presidentes e não de povos, hipocritamente se nega a reconhecer que se tirar do poder um Presidente eleito democraticamente é um golpe de Estado, também é um golpe de Estado quando este Presidente se transforma em um ditador em exercício, como está ocorrendo ostensivamente na Venezuela. Chávez fecha meios de comunicação, derruba o prefeito de Caracas, eleito com 700 mil votos para colocar no seu lugar uma usurpadora a mando de Obama(que quer distanciar-se do nefasto passado dos EUA), sem que Moratinos(ONU) e Insulza(OEA) se comovam, enquanto se horrorizam porque Honduras disse basta! aos constantes golpes de Zelaya, eleito com 900 mil votos. A coragem dos hondurenhos assustou quem tem rabo de palha. Por isso, a reunião noturna da ALBA, onde o “pentelho” e “imoral” Insulza (conforme o próprio Chávez o tratava), que fez que não via os sucessivos golpes de Zelaya, consentiu quando o violador Ortega, o “democrata” Raúl Castro e o herói da quarta urna propuseram o embargo á Honduras, que eles mesmos qualificam de crime quando é aplicado à Cuba.

Honduras, sentencia a costa-riquense Montes, está dando ao mundo uma grande lição: “ ainda que um Presidente tenha sido eleito democrática e legitimamente, não tem o o direito de desobedecer a Constituição. A mensagem de Honduras é simples: o voto popular não inclui uma licença para delinqüir e todo o esforço para governar pelo bem comum deve estar dentro do marco da Lei”. Que tome nota Chávez e os poderes lacaios que aplaudem seus constantes delitos.

19 comentários

Coronel

Os bolivarianos que apóiam o bolivariano deposto estão se movimentando para impedir que ele seja preso ao desembarcar do avião.

O próprio cardeal das Honduras, foi à televisão pedir para que esses bolivarianos não provoquem um banho de sangue com essa atitude radical.

O curioso, è que quem quer conflitos e banho de sangue, são os que apóiam o defunto, branqueando as inconstitucionalidades que ele praticou ao querer o referendo.

Tem mais. A DEA, já provou que muita cocaína que entrou nos EUA proveniente da Venezuela com conhecimento de chavez, foi através das Honduras com autorização desse defunto.

Repete-se o mesmo que aconteceu com o Panamá. Mas aí os EUA invadiram. Porque não fazem o mesmo com a Venezuela, entreposto para exportação da droga produzida na Venezuela, Bolivia, FARC, Colombia e Equador?

Reply

Bravo pra esta costa riquenha. Gente que licao de moral.
Viva Honduras. Assinem a peticao no site de Heitor de pAOLA A FAVOR DAS INSTITUICOES DEMOCRATICA DE hONDURAS:
vAMOS APOIAR A DEMOCRACIA DE HONDURAS E CONTRA O SOCIALISMO BOLIVARIANOeU JA ASSINEI: e´HORA DE FAZERMOS ALGUMA COISA:

Reply

A clareza desse artigo só não o é para a camarilha corrupta e esquerdóide que ocupa os diversos órgão internacionais e agora com o apoio imoral dos EUA na figura patética daquele que ocupa a sua presidência.Precisa-se urgentemente de bater-lhe no trazeiro e puxar-lhe as orelhas.Basta de molecagem.Que a CIA e o FBI o observe bem de perto pois pode muito bem ser o novo Zelaya americano.A maior democracia do mundo sabe muito bem defendê-la e honrá-la.Alguém já viu presidente americano ser deposto,mandado para o estrangeiro e com isso a democracia americana deixar de ser o exemplo? Não!Lá os acidentes de percurso sempre corrigem a rota do trem americano.E o maquinista que sai,sai sempre como herói.É ou não é?

Reply

Cadê o avião com Zelaia?

O atual governo hondurenho ordenou a proibição de aterrisagem em Honduras de qualquer avião com o ex presidente e de qualquer outro que o acompanhe,seja quem for.

Nome Próprio

Reply

O grande medo do chavismo é o que declarou o próprio Chávez: “Es una amenaza para todos, por eso no podemos permitir que se instale ese gobierno tiránico. No van a poder parar los cambios, y si los paran por el lado pacífico, entonces van a venir por el lado violento. Están tratado de abortar el proyecto constituyente en Honduras”.

A ameaça, lógico, é que Honduras seja um exemplo seguido por outros países latinos. Ele completou dizendo que não aceitará outro governo de Honduras, mesmo que eleito, pois seriam eleições "manipuladas".

O blog do Coronel, como sempre, à frente de todos. Fantástico! Não desista nunca!

Reply

eh brincadeira...

um pais paupérrimo e minusculo como Honduras - uma titica territorial, mas um gigante da moralidade - fornece ao mundo um exemplo de apego as leis e a ordem que Banania, mesmo com todo o seu gigantismo territorial, politico e econômico, não conseguiu protagonizar.

tamanho não eh documento, como diz a máxima empregada em vários ocasiões...

por isso acho que todo esse gigantismo que o brasileiro se orgulha tanto, para nada lhe serve..

não sei se fui claro...

Reply

Coronel, uma pequena correção: a Universidade à qual a professora Montes está ligada se chama Francisco Marroquin (não Marroquina), nome de um bispo da época colonial que se dedicou ao ensino. Fica na Guatemala, tem orientação liberal e sua excelência é reconhecida mundialmente - prova de que ainda há luzes na América Latina.

Reply

Olhaí! Honduras inaugura a "temporada" de recall dos presidentes corruptos e indignos!
Dá-lhe, Honduras!

Reply

O Mentecaptus Maximus, criatura esquerdoide jurassica, que habita o planalto central que se cuide.

Reply

Cornel

O Chanceler da Honduras proibiu que o avião onde vem o defunto e as carpideiras bolivarianas, aterrize nas Honduras.

Um governo com politicos e militares sensatos e inteligentes.

Quanta diferença comparativamente com o Brazil.

"Prohíben aterrizaje de avión que traería a Zelaya

TEGUCIGALPA.- El canciller de Honduras, Enrique Ortez, advirtió hoy de que no se dejará entrar al avión en que al ex presidente, Manuel Zelaya, pretende regresar al país.

"Con el respaldo del presidente de la República y las Fuerzas Armadas, como canciller he dado instrucciones que no dejen entrar el avión", declaró Ortez a la prensa.


El impedimento es "la prudencia, porque no podemos correr el riesgo de que empiece a correr sangre" si las autoridades intentan detener al depuesto gobernante.
La Dirección de Aeronáutica y otras autoridades "tienen instrucciones de no dejar entrar al avión, venga quien venga" en él, prohibición válida para todos los aeropuertos nacionales e internacionales del país, explicó.

"Lo estamos notificando al mundo para que no vaya a morir un presidente de la República o que vaya a morir un hondureño simplemente por el capricho de una organización", subrayó Ortez, al recordar que "hay orden de captura" contra Zelaya.

Explicó que una razón del impedimento es "la prudencia, porque no podemos correr el riesgo de que empiece a correr sangre" si las autoridades intentan detener al depuesto gobernante.

"No debemos correr el riesgo entre capturar al presidente y crear un escándalo", apuntó.

(...)

http://www.latribuna.hn

Reply

Em assuntos dessa natureza há um ponto de vista que é sempre ignorado: o dos militares.
Acho que é natural: numa discussão acalorada, argumentos se superpondo, quem nota que o silêncio existe?
Bem, coloco então o Silencioso em foco. E o que ele pensa? Como vê? Digo que como qualquer outro, sujeito que está às mesmas influências que perpassam toda a cultura de que faz parte, mas com uma diferença: ele detém a força, é seu guardião. A Disciplina é a contenção da Força; quando se decide a usá-la é porque ela, o objeto de sua guarda, seria inútil, vencida, se não exercida.
Sua lógica interna é a da contenção, não a da agressão. O próprio desencadeamento da agressividade, quando em ação, é ênfase numa característica eficaz, entre outras, para a consecução da vitória, que uma vez alcançada, possibilita uma nova contenção, um novo silêncio.
Quem exerce essa função sabe que pode nunca vir a ser acionado, devendo manter-se contudo, sempre, em condições de imediata utilização, e com seu potencial intacto ou aumentado, pois a dissuasão é um elemento objetivo de sua razão de ser. Sabe também que durante sua vida profissional, em alguns instantes, pode lhe pesar sobre os ombros uma responsabilidade que vai muito além de suas atribuições imediatas: a do arbitramento político.
Nessa eventualidade, e por um lapso de tempo, ele detém o poder. Sua decisão pode significar uma orientação definitiva, ao menos no horizonte próximo. Sua qualificação para o exercício desse poder decisório não lhe foi conferida pelo ordenamento jurídico; estaria agindo ilegalmente, na vigência deste, mas num vácuo jurídico, se sua presença for central justamente pelo colapso do ordenamento, ou pela sua iminência.
O Ordenamento é a contenção do Poder. Se um poder resolve ignorar a ordenação e um outro atua restaurando-a, quem é o golpista?

Reply

Coronel,você que sabe tão bem infernizar o lulático e a camarilha petralha, já reparou que o anta-presidente fala as suas obcenidades mas nunca,a assim como o a desgraça venezuelana não se candidatou para estar com a idiota argentina naquele avião que bem poderia ser derrubado por Honduras?Esse é o baitola-cagão-petralhiano que preside essa bosta de país.Cadê o exército hondurenho para nos libertar já que o daquí mijou para tráz?

Reply

Coronel,eu estou tão carente de um país de vergonha na cara,de ser um cidadão de amor por seu país,de ter orgulho de ser seu cidadão,que para defender Honduras e depois acabar com essa porcaria aqui e tantas outras pelas américas,me alistaria como voluntário no exército hondurenho.Se os Estados Unidos permitirem o massacre daquela democracia,vou para lá.Lutarei pela democracia,pelos meus filhos e por mim.O mundo não pode conviver e aceitar essa desgraça de esquerda fascista e criminosa que está acontecendo na américa latrina.Já viví bastante.O resto que me sobra posso muito bem dedicar àquele povo e à democracia.E mais,pelo prazer de acabar com a raça das esquerdas comunistas.Chega de lero-lero,de nhém-nhém-nhém.O povo do mundo livre e dos que estão ameaçados de não mais sè-los precisam da própria força da democracia para defendè-los e nos defender.Com coragem.Sem mêdo. Afinal.. se morre apenas uma vez.E que seja com valentia,com honra.A história não é escrita pelos pusilânimes e pelos falastrões.

Reply

Acabei de enviar esse texto pro site G1 .Espero que eles se informem melhor sobre o que realmente esta acontecendo em Honduras.

Reply

Já começou a ação vermelha nos USA.
http://www.foxnews.com/story/0,2933,522659,00.html

Reply
Anticomunista (nova ortografia) mod

Por aqui o vagabundo cachaceiro e sua camarilha vagabunda viola a constituição e nada lhes acontece. Só para citar alguns exemplos: os baixos investimentos em saúde, os sistemas de cotas nas universidades e a Reserva Raposa Serra do Sol. Neste último caso, o próprio STF, cuja função principal é VIGIAR A CONSTITUCIONALIDADE, violou-a ao aprovar a demarcação contínua. ISSO É GOLPE!!!!!

Reply

Coronel,

“ Ainda que um Presidente tenha sido eleito democrática e legitimamente, não tem o direito de desobedecer a Constituição”

“ A mensagem de Honduras é simples: o voto popular não inclui uma licença para delinqüir e todo o esforço para governar pelo bem comum deve estar dentro do marco da Lei”.

Esses textos deveriam ser colocados permanentemente em outdoors na praça dos Três Poderes em Brasília e ser capa dos cadernos escolares. Assim nossos representantes não esqueceriam que o cargo é passageiro e as nossa crianças aprenderiam, de modo correto, o que é a verdadeira democracia e violar esses fundamentos é golpe de Estado.

Abraços

Reply

Coronel,

Fiquemos pois de olho nesses dois "juristas":

" os juristas espanhóis Roberto Viciano Pastor e Rubem Martínez Dalmau, financiados pelos petrodólares chavistas, prontos para montar a Assembléia Constituinte em Honduras, como fizeram no Equador e na Bolívia. "


Se aportarem por aqui...., coloquemos as barbas de molho.

Reply

Contrariamente ao que diz a articulista não foi esta a primeira vez que um povo se levantou contra um presidente subversivo na América. A primeira vez foi no Brasil em março de 1964. Naqueles dias também houve regozijo. Aliás, eu me espanto com algumas assertivas, dentre as quais, a de que os militares toda vez que tenham derrubado um governo corrupto ou subversivo ou terrorista, casos do Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, não tenham entregado o poder logo para os políticos, po-lí-ti-cos profissionais, isso mesmo. Não concordo, pois nada impede que os mesmos (ou outros) elementos nefastos retomem o poder. O que se vê hoje em Honduras ainda não está acabado. Eu torço pelos hondurenhos, pois tenho simpatia por todos os povos de lingua hispana (Brasil inclusive) e quero o bem deles. Eu sou hispano. No entanto estou pessimista. O modelo politico que vigora aqui na Hispano-América é uma ratoeira. Só os piores vencem.

Luiz Riogrande

Reply