Entrelinhas.

Hoje a Folha de São Paulo publica uma longa entrevista com o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pela investigação da Satiagraha. As duas primeiras perguntas da entrevista são esclarecedoras:

FOLHA - Como o sr. avalia os desdobramentos da Satiagraha, em que o delegado virou investigado e o juiz Fausto De Sanctis foi representado?
RODRIGO DE GRANDIS - Minha avaliação é específica da investigação sobre crimes financeiros, lavagem de dinheiro e corrupção. O único motivo que posso atribuir a essa movimentação, que não diz respeito propriamente ao processo, é o fato de termos atingido um conjunto de pessoas relativamente populares, como o ex-prefeito Celso Pitta, o empresário Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas. E, evidentemente, o interesse cresceu por conta de algumas manifestações sobre os procedimentos adotados na Satiagraha, em especial do presidente do Supremo Tribunal Federal [Gilmar Mendes].
FOLHA - Mendes disse que o juiz, a Procuradoria e a PF atuaram como milícia. O sr. concorda?
DE GRANDIS - O que existe é um trabalho institucional, como a lei determina. O inquérito policial ou qualquer outra investigação policial é feita com uma única finalidade: dar provas para que o Ministério Público ofereça uma ação penal. Por isso é natural que o Ministério Público acompanhe o inquérito. Na Satiagraha não foi diferente. O Judiciário foi chamado só nos momentos em que a lei exige essa intervenção, como para autorizar a quebra de sigilo telefônico. Acho indevido falar em qualquer tipo de consórcio. Não houve isso, mas uma articulação que, na minha opinião, é profissional, principalmente diante de crimes complexos.
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A primeira resposta é uma confissão de culpa e comprova a acusação de Gilmar Mendes. O procurador considera que atingiu pessoas populares, em conluio com o delegado e o juiz. Se fosse diferente, teria dito, por exemplo, que "a investigação atingiu um conjunto de pessoas" em vez de " termos atingido um conjunto de pessoas". Ato falho?

1 comentários:

Agente admite que grampo pegou jornalistas
17 de dezembro de 2008
(O Estado de S. Paulo) – O agente Márcio Seltz, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), voltou atrás no depoimento que deu à CPI dos Grampos e admitiu que jornalistas foram também apanhados nas conversas telefônicas que ele analisou para a Operação Satiagraha. No depoimento de 25 de novembro, ele deixara dúvidas quanto à presença de jornalistas nos grampos analisados.

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