Nasce um ditador.

Lula manda avisar: "Eu confesso a vocês que não tenho tempo a perder com CPI". Constitucionalmente, Lula, se for investigado, terá que perder tempo com CPI, sim. Terá que dar explicações. Não está acima da lei. Não é inimputável. Pode até perder o mandato se ficar provado que usou dinheiro público para si ou para sua família. Isto, logicamente, se a sua fanfarronice não funcionar, de novo, com a Oposição. Se a Oposição não enfiar o rabo no meio das pernas frente ao populismo de Lula. Isto se, na sessão de hoje, brasileiros honestos e honrados não subirem à tribuna para repudiar esta declaração e chamar o Presidente à razão, em discursos memoráveis, que tenham eco junto à sociedade, que sejam um marco de defesa da democracia. Mas Lula não disse só isso. Disse mais. Foi mais longe. "Eu sou da tese que o Congresso Nacional existe para legislar, fazer CPI, investigar, e o governo existe para trabalhar". Para Lula, legislar não é trabalhar. Legislar, investigar, estas funções básicas e republicanas da democracia só existem para atrapalhar. É o fim da picada. Um presidente da república bota Legislativo e Judiciário no mesmo saco, como se fossem penduricalhos acessórios. Não, Lula não parou por aí. Lula foi muito, mas muito mais longe: "Enquanto as pessoas discutem lá em Brasília, enquanto investigam, enquanto fazem CPI, meu papel vai ser viajar pelo Brasil porque o que eu quero é que o povo brasileiro possa conquistar com o crescimento e o desenvolvimento da cidadania que há séculos a gente está reivindicando", declarou. É este tipo de posicionamento, que ninguém contesta, que ninguém tem peito para transformar em crise institucional, que acovarda e amedronta deputados e senadores, que transforma Lula neste protótipo de ditador populista parido por instituições fracas e lenientes como o Congresso Nacional. No dia em que, em Cuba, um ditador renunciou ao poder por estar em estado terminal, nasce um ditador no Brasil, forte, nutrido, musculoso, que desafia a lei, os poderes constituídos e a Constituição Federal, chamando a todos de vagabundos. Vagabundos que, ao contrário dele, não defendem os interesses do povo brasileiro. Pois esta foi a declaração de Luiz Inácio Lula da Silva, num pronunciamento que envergonha e coloca em risco a democracia brasileira.