(Maria Lima, O Globo) Para tentar frear farra dos aditivos, propinas e o
superfaturamento nos contratos no setor público, a Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou nesta
quarta-feira, em decisão final, projeto de lei de autoria da senadora
Ana Amélia (PP-RS) que estabelece limite máximo de 25% para acréscimos
ao valor inicial de contratação de obras, serviços ou compras pela
administração pública.
Um dos casos mais emblemáticos é o da Refinaria Abreu e
Lima, em que o projeto inicial foi orçado em US$ 2 bilhões, mas com a
concessão de aditivos em série dentro do esquema de desvios da Petrobras
chegou a gastos que ultrapassam US$ 18 bilhões. Se não houver recurso, o
projeto não passa pelo plenário do Senado e vai direto para a Câmara.
O projeto de Ana Amélia altera dispositivo da Lei de
Licitações que hoje permite acréscimos que vão de 25%, em contratos de
obras, serviços ou compras, a 50%, no caso de reforma de edifício ou
equipamento. Uma das maiores brechas para o superfaturamento e aditivos,
é a assinatura dos contratos com base em projetos irreais com os custos
da obra, além da falta de planejamento global.
No projeto original, Ana
Amélia limitou o reajuste em 25% , sem exceção. Mas o texto aprovado
abre possibilidade de chegar a 50% em casos especiais , de compra de
equipamentos e reforma, pode-se chegar a 50%. — Na hora em que se assina um contrato onde está autorizado
automaticamente um reajuste de 50%, o planejamento fica fraturado. Com
um reajuste limitado a 25% para obra de qualquer espécie, volta a
obrigação de se propor preços que possam ser cumpridos — argumentou o
senador José Agripino (DEM-RN), relator do projeto.
Na justificativa de seu projeto, a senadora Ana Amélia diz
que pode-se afirmar, sem risco de errar, que a possibilidade de correção
de até 50% do valor contratado tem sido usada de forma irresponsável em
prejuízo do interesse público. — Como um mantra que se repete indefinidamente, é
praticamente certo que um contrato de reforma de edifício ou de
equipamento será acrescido em 50% do seu valor inicial. Isso não se
coaduna com os melhores princípios da administração, especialmente com o
do planejamento. Não há o que justifique tamanha abertura, para ser
usada sem medida e irresponsavelmente — defende Ana Amélia.
Durante a discussão os senadores elogiaram a medida como uma
saída para proteger os recursos públicos e criticaram os abusos em
relação a aditivos e sobrepreços nos contratos de serviços e obras no
setor público. Mas o líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado (GO)
continua descrente que a mudança resolva as brechas da Lei de Licitações
8666. Diz que é apenas um tamponamento, não um curativo.
— Não é fácil dar freio em corrupção. É uma tentativa de
inibir a prática do cidadão que joga o preço lá embaixo, já sabendo que
pode ter um aumento de 50% no custo final e se não tiver não entrega a
obra ou o serviço. Temos que ter uma nova metodologia, para que o
contratante possa ser auditado por um órgão privado e entregue a obra
pelo preço que foi contratado. Fora isso é tentar costurar tecido roto, a
lei de licitações é muito ultrapassada — disse Caiado.
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) defendeu uma revisão geral na Lei de Licitações. — Não posso aceitar uma lei que reja desde a construção de
uma usina atômica até a compra de lápis pelo poder público — defendeu
Anastasia.
3 comentários
Coronel,
Replyvamos tirar o sofá da sala. Nosso problema é de falta de punição. De vergonha na cara. Com 25% ou com 1% a corruPTçaõ vai continuar.
Agora que a vaca foi para o brejo?
ReplyParabéns a senadora.
ReplyConvivo com esse problema diariamente. Na universidade onde leciono, foram obras, obras, obras e mais obras que não terminaram porque as empresas "faliram", decidiram não cumprir obras ou prazo combinado. Foram obras que depois de finalizadas, tiveram que ser desfeitas para fazer novas adequações. Teve um quebra-molas no campus que foi feito e desfeito pelo menos 4 vezes para passar encanamento, adequação para mobilidade, etc.
Uma esculhambação! E haja aditivo para lá e pra cá né!
O que espanta é que não há o menor planejamento. Ninguém faz reforma em casa desse jeito. Sempre tem gasto extra, mas primeiro se faz o projeto elétrico e hidraúlico, para só depois passar piso.