Ainda há juízes no Brasil.

Em um país com grandes casos legais que muitas vezes se arrastam por mais de uma década e abruptamente se desmoronam em tecnicidades, o homem que lidera um inquérito da operação Lava Jato, que envolve a Petrobras, é descrito por aliados e até mesmo rivais como a pessoa certa para a tarefa. Meticuloso, formal e reservado, o juiz federal Sérgio Moro tem atuado com sucesso em notórios casos de lavagem de dinheiro por 11 anos, e escreveu um livro sobre o assunto após estudar nos Estados Unidos. 

Moro, de 42 anos, está agora avançando com um caso que já resultou em dezenas de prisões de executivos de grandes empresas de construção pesada e de petróleo, que ameaça abalar a economia e tornou-se a maior crise até agora enfrentada pela presidente Dilma Rousseff, que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras de 2003 a 2010.  

A investigação vai se aprofundar ainda mais nos próximos meses, disseram à Reuters promotores que trabalham no caso, e pode ainda envolver alguns bancos nacionais, outras companhias e políticos, inclusive do PT. A investigação apontou sobrepreço nos contratos da Petrobras. Promotores dizem que os recursos, que alguns calculam pode chegar a 8 bilhões de dólares, foram direcionados em parte para para partidos políticos, de acordo com as denúncias. A Petrobras não nega nem confirma as alegações, mas afirmou que iniciou uma investigação interna.

Em um caso que envolve a estatal com 68 bilhões de dólares em ativos e importantes políticos e executivos, dezenas de advogados estão esperando que Moro cometa um deslize.  Mas Moro, um leitor voraz que às vezes vai de bicicleta ao trabalho, fez cursos na escola de direito de Harvard e ensina legislação criminal às sextas-feiras, não deu muitos sinais de que pode escorregar.  “Ele torna difícil o trabalho dos advogados aqui”, admitiu Antonio Figueiredo Basto, que representa um dos principais réus no caso. Ele chamou Moro de “correto, rigoroso e firme” após um depoimento esta semana em Curitiba.  

OPERAÇÃO LAVA JATO
No escândalo da Petrobras, a Polícia Federal e promotores do Ministério Público juntam as provas, ao passo que Moro toma as principais decisões sobre quem prender ou como conduzir os testemunhos. Ele foi alvo de críticas, especialmente por representantes do PT, que reclamaram que o vazamento de declarações de testemunhas durante a campanha presidencial deste ano aparentemente ocorreu para prejudicar a campanha de reeleição da presidente Dilma. Moro negou ser o responsável por vazamentos impróprios de informações.  

Quando questionado pela Reuters sobre a investigação da operação Lava Jato, Moro mostrou ser discreto, respondendo via email que “infelizmente" ele não poderia comentar sobre o caso. “Espero que você entenda”, acrescentou.  

Seu currículo inclui uma investigação que ele supervisionou de 2003 a 2007 e que ainda é o maior caso de lavagem de dinheiro do Brasil, o do Banestado, envolvendo 28 bilhões de dólares, e que resultou em 97 condenações. A experiência levou Moro “a ser ainda mais diligente, mais cuidadoso” para que seu trabalho seja mantido nas cortes mais altas, disse Anderson Furlan, um juiz que fez faculdade com Moro e o conhece há anos.  

No caso da Petrobras, Moro recebeu elogios por duas importantes decisões táticas.  A primeira, rara no Brasil, foi permitir a delação premiada. A promessa de penas reduzidas levou o doleiro Alberto Youssef, tido como o operador do esquema de lavagem de dinheiro, e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa a darem os nomes de outros indivíduos e companhias envolvidos no esquema.  Os depoimentos de Youssef e Costa levaram a grandes avanços nas investigações, que resultaram na prisão, na semana passada, de outro ex-diretor da Petrobras e executivos de algumas das principais empreiteiras do país. 

O segundo movimento tático de Moro foi perseguir executivos de companhias privadas e de atravessadores primeiro, acumulando provas antes de ir atrás dos políticos envolvidos.  O risco é que se e quando os políticos forem formalmente citados na investigação, Moro pode perder controle do caso, considerando o mecanismo de foro privilegiado que levaria o caso para o Supremo Tribunal Federal. Por isso Moro recomendou que Youssef, Costa e outras testemunhas não citem nomes de políticos por enquanto em seus depoimentos, de acordo com Furlan e outros assessores. 
 
No entanto, promotores dizem que vão perseguir o rastro do dinheiro no caso, não importa quem esteja envolvido.  “Este esquema não é restrito à Petrobras”, disse à Reuters Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos seis principais promotores do Ministério Público no caso, à Reuters.(Estadão)

11 comentários

Caro Coronel,

Será que este Sérgio Moro tem algum parentesco com o outro Moro lá da Brigate Rose?

Seria muito bom para o Brasil se obtivéssemos os mesmos resultados.

Final da Mafia lá, e final do PT aqui.

ET

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CORONEL

O Brasil decente deve muito ao JUIZ MORO , JOAQUIM BARBOSA E À POLICIA FEDERAL.
Cabe a nós , povo brasileiro, deixar claro nosso agradecimento em nossas manifestações, ações, orações...enfim da forma que for possível.É muito importante para eles esse reconhecimento. Serve de motivação para eles.

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O promotor falou bem claro que o esquema não é restrito à petrobrás, logo, imaginem o que vem por aí. Com certeza, outras caixas pretas do governo serão abertas. Tem muita coisa para examinar na Caixa, BB, Bndes, Eletrobrás e suas hidrelétricas, fundos de pensão, correios, etc. Muito podre para investigar e muito peixe graúdo para ser fisgado.

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Anônimo J.C.MACIEL 09:24

Concordo plenamente. O Juiz Moro deveria ser homenageado todos os dias, antes de começar a trabalhar lá na PF.

Tipo assim: hino nacional com todo mundo em pé.

Mariana

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Coturneiro de 21 de novembro de 2014 09:36

Itaipu.
Gleise Hoffman já está envolvida no Petrolão com o 1 milhão recebido. Ela era de Itaipu...

Flor Lilás

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O juiz Sérgio Moro honra a Magistratura Brasileira. É o nome certo para ocupar futuramente uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Lastimavelmente, tão cedo sua nomeação para o mais alto cargo da Justiça brasileira não acontecerá porque ele não preenche os requisitos que possam convencer quem atualmente tem o poder para nomeá-lo ao cargo.

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Que Deus proteja o juiz Sergio Fernando Moro e lhe dê saúde e paz em sua brilhante luta contra a corrupção.

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Que o trabalho do Juiz Federal Sérgio Moro seja um canhão de luz em cima desta roubalheira petista... Que a imprensa chapa branca pague caro lá na frente por ter se vendido ao lulopetismo... Que Gilmar Mendes faça as vezes de Joaquim Barbosa no Supremo...Que eu esteja com saúde para ver Dilma descendo a rampa do Palácio do Planalto com aquele par de braços mortos (sem balanço) antes (bem antes) de 2018. Txr/JF-MG

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Só vou tirar o chapeu depois que enquadrar a Dilma e ou Lula, antes é excesso de otimismo.

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Juiz Sergio Moro tem o respeito do brasileiro que se faz respeitar. Tenho orado pelo senhor e sua família.

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César de Castro Silva mod

Aí está o homem certo para ocupar o lugar de Joaquim Barbosa no STF, caso tivéssemos um governo sério.

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