Ao fechar a aliança com o PP de Paulo Maluf em São Paulo, o
PT parece sepultar de vez a chance de ter a participação da ex-prefeita Marta
Suplicy na campanha de Fernando Haddad. Isso, porém, não representa uma grande
perda, segundo dados levantados pelo Datafolha. Em pesquisa realizada na semana passada, 30% dos
entrevistados disseram que o apoio de Marta poderia fazê-los votar nesse
candidato na eleição de outubro. Para 27%, o efeito seria contrário: não
votariam nele.
Fora isso, o raio de influência de Marta acaba sendo
sobreposto pelo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o melhor cabo
eleitoral entre os nomes pesquisados -39% dizem que poderiam votar no candidato
dele. Tanto a influencia de Marta quanto a de Lula é mais
significativa entre as pessoas com apenas o ensino fundamental e as de renda
inferior a cinco salários mínimos. A transferência de votos é um fenômeno difícil de mensurar.
Há casos inequívocos, como na eleição de Dilma Rousseff, em 2010 (Lula), e na
de Celso Pitta, em 1996, à Prefeitura de São Paulo (Maluf).
Para o cientista político Humberto Dantas, normalmente o poder
dos "padrinhos" se dilui ao longo da campanha. "A indicação é
muito importante quando há desconhecimento sobre o candidato. Depois, o eleitor
colhe elementos e faz sua própria escolha", afirma. O Datafolha cruzou dados sobre apoio, conhecimento do candidato,
conhecimento da relação dele com o padrinho e intenção de votos e chegou ao
índice que representa o potencial de transferência.
No caso de Lula, seu apoio poderia elevar a intenção de voto
em Haddad dos atuais 8% para até 40%. O endosso de Marta o levaria para 32%.O governador Geraldo Alckmin (PSDB) -cujo apoio tem o poder
de influenciar positivamente 29% dos eleitores- elevaria a votação em José
Serra de 30% para 40%. Ruim é o apadrinhamento do prefeito Gilberto Kassab (PSB).
Como 42% dos eleitores dizem que não votariam num candidato apoiado por ele,
seu endosso poderia custar ao tucano oito pontos percentuais. (Folha de São Paulo)
2 comentários
O petismo da Folha me emociona. Quem mandou Marta brigar com Lula... O negócio é salvar Haddad e - claro!, para não perder o costume, bater em Kassab.
ReplyEssas pesquisas valem tanto quanto um dracma. A soma sempre dá mais que 100%. O mesmo eleitor que admite ser capaz de votar num candidato indicado por Fulano admite também votar num candidato indicado por Beltrano - e, nos dois casos, está sendo honesto! Pois ele não está jurando que VAI votar em quem Fulano indicar ou, pior, que SÓ VAI votar em quem Fulano apoiar. Está apenas indicando, numa determinada ordem, pessoas cuja opinião pode influenciá-lo na hora de votar - embora essas pessoas frequentemente tenham posições ideológicas opostas ou pertençam a partidos diferentes. Também a resposta "não votaria num candidato indicado por Beltrano" significa apenas o seguinte: "eu não levaria em conta um pedido de Fulano para votar no seu candidato". Mas os "analistas" (as quatro primeiras letras já indicam o que eles costumam produzir) atribuem a essa declaração o sentido de um repúdio: "Se Fulano indicar X, este perderá o meu voto". Esse tipo de repulsa só existe num micro universo altamente politizado e partidarizado (Higienópolis, Pinheiros, Vila Madalena, Feirinha da USP, redação da Folha...), que não é o universo da grande massa eleitora. Por isso, se o texto todo é ridículo, o último parágrafo, particularmente, parece ter sido escrito por um débil mental.
Maluf está para SP da mesma forma que Collor está para Alagoas, mas não é possível que o povo de São Paulo queira entregar a capital a um incompetente de mão cheia como Haddad, tendo elle os padrinhos que tiver.
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