O "trenzinho" da Petrobras. Costa, o lavador de dinheiro autografa as costas de Dilma que, por sua vez, autografa o coração de Gabrielli, então presidente da estatal, observada ao fundo pela fiel escudeira Graça Foster, hoje encarregada de jogar a sujeira de todos para debaixo do tapete.
O processo de compra da refinaria
de Pasadena pela Petrobras envolveu um prazo “muito curto” de due diligence —
espécie de auditoria considerada um dos passos essenciais em processos de
fusões e aquisições, na qual são avaliadas questões jurídicas, financeiras e
operacionais. A afirmação foi feita pela própria Petrobras e está em documento
confidencial, datado de 31 de janeiro de 2006, ao qual O GLOBO teve acesso.
Ao todo, o processo levou cerca
de 20 dias. Especialistas ressaltam que essa etapa de análise de informações de
uma empresa consome, em média, de dois a três meses. Em um dos anexos do
documento, a consultoria contratada pela estatal na ocasião, a BDO Seidman, de
Los Angeles, nos EUA, diz que, em razão do “tempo limitado”, a estatal deveria
buscar sua própria avaliação de dados.
Batizada de Projeto Mangueira, a
compra da refinaria envolveu a reorganização de cinco afiliadas da Astra
Trading. De acordo com o documento da Petrobras, ocorreu a fusão de três destas
companhias, criando a chamada Pasadena Refining Systems (Nova PRSI), dona da
refinaria em si, na qual a Petrobras comprou 50% em 2006. Paralelamente, para
vender combustível de Pasadena, a Petrobras criou com a Astra outra empresa, a
PRSI Trading.
O documento da Petrobras detalha
o processo de análise de dados. Após a coleta de documentos e reuniões com
diretores financeiros da Astra entre os dias 11 e 25 de novembro de 2005, a
estatal teve de fazer nova avaliação em apenas cinco dias.
“A estrutura mudou e passou a
considerar a fusão das três empresas... tornou-se necessário verificar
possíveis contingências contábeis/tributárias dessas outras empresas. Isso foi
feito no escritório da Astra entre os dias 23 a 27 de janeiro de 2006. (...)
Contamos com a ajuda dos consultores da BDO Selman LLP, que elaboraram
relatório com base em entrevistas e documentos disponibilizados pela CFO
(diretora financeira) da Astra, Kari Burke. Sobre esse aspecto, ressaltamos que
o prazo foi muito curto em relação ao que uma due diligence normalmente requer.
Não obstante, o trabalho procurou cobrir o máximo possível”, diz o documento.
Como forma de se precaver de
possíveis passivos, a equipe jurídica e tributária da estatal recomendou a
criação de cláusula que responsabilizava a Astra por qualquer tributo devido em
decorrência da reestruturação. O documento de 31 de janeiro de 2006 foi
assinado por gerentes da área tributária e jurídica da Petrobras. A análise foi
feita um dia após o recebimento do relatório feito pela BDO Seidman — e não
Selman, como escrito no documento.
No dia anterior, a BDO enviou
carta a Renato Tadeu Bertani, presidente da Petrobras America na qual menciona
prazo de 25 a 30 de janeiro de 2006 para análise de dados, data que tem uma
pequena variação em relação ao documento da Petrobras. “Devido ao tempo
limitado para completar esse projeto e programação urgente de trabalho de
campo, ficamos limitados na nossa capacidade de identificar assuntos que
poderiam potencialmente ser encontrados em uma avaliação mais detalhada”, diz a
carta da BDO, que lista questionamentos à estatal.
Acordo previa comitê de
proprietários
A consultoria vai além: “Esses
serviços e procedimentos não podem servir de base para divulgar todos os
assuntos significativos sobre as atividades relacionadas ao projeto e à operação
de aquisição, ou para divulgar erros, fraudes ou outros atos ilegais que possam
existir”. A BDO diz que as análises até aquele momento não eram suficientes
para constituir auditoria aceita pelos modelos estabelecidos. “PAI (Petrobras)
deve fazer sua própria diligência”.
Para Rodrigo Meyer Bornholdt, da
Bornholdt Advogados, o prazo necessário para auditoria é de dois a três meses.
Ele explica que não há obrigação de se fazer due diligence, mas ela é
fundamental na aquisição de negócio de médio a grande porte.
O advogado José Antônio Miguel
Neto, sócio do Miguel Neto Advogados, explica que a avaliação é feita em várias
etapas. A primeira é a comercial, na qual é analisado o negócio em si, como
faturamento e equipamentos. A segunda etapa é contábil, com análise financeira.
Por fim, é feita a análise jurídica, para conhecer e calcular os riscos, como
passivos ambientais, tributários e judiciais. — Uma due diligence demora, em
média, de 45 a 60 dias — afirmou, ressaltando que estava falando em tese, sem
conhecer o caso de Pasadena.
Procurada, a Petrobras não
respondeu. A BDO confirmou que já fez trabalhos para a Petrobras. A Astra não
retornou as ligações. Em outro desdobramento do caso, o
comitê de proprietários de Pasadena, que a presidente da Petrobras, Maria das
Graças Foster, disse ao GLOBO desconhecer até a última segunda-feira, já fazia
parte do acordo de acionistas assinado entre a estatal e o grupo belga Astra,
em 2006. O representante da Petrobras era o ex-diretor Paulo Roberto Costa,
preso na semana passada sob suspeita de envolvimento com lavagem de dinheiro. (O Globo)
8 comentários
Coronel,
ReplyOs preços do minério de ferro e soja estavam nas nuvens!
Era a época da "Farra do Boi" no Planalto!!
JulioK
O açodamento evidente do governo para efetivar essa compra, já é por si, suspeitíssimo! Quem, em sã consciência, atropela todos os procedimentos de segurança para fazer uma compra dessas, se não tem interesses outros que não a aquisição em si? Essa pressa absurda tinha que ser bem explicada na CPI.
ReplyOFF - APAGÃO À VISTA, GENTE!
ReplyEu duvido que o povo írá colaborar, a exemplo de 2001 no governo FHC. Vão querer mais é que haja apagão para explodir de vez o desgoverno atual.
FANTASMA DO APAGÃO VOLTA A SAIR DA TOCA. GOVERNO INSTALA UNIDADES DE GERAÇÃO DE ENERGIA EM ESTÁDIOS QUE RECEBERÃO JOGOS DA COPA DO MUNDO.
Ao contrário dos últimos meses, em que garantia zero risco de faltar energia no País, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, mudou o discurso. Em entrevista ao Wall Street Journal, ele admitiu, pela primeira vez, a hipótese de o governo lançar uma campanha de eficiência energética para encorajar a população a reduzir, voluntariamente, o consumo de energia elétrica. A medida pode ajudar a garantir que não exista quaisquer cortes de energia durante a Copa do Mundo.
(...)
http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2014/03/fantasma-do-apagao-volta-sair-da-toca.html
Chris/SP
OFF
ReplyREINALDO AZEVEDO: 1964 JÁ ERA! VIVA 2064!
O artigo do jornalista Reinaldo Azevedo na Folha de S. Paulo desta sexta-feira está perfeito e irretocável e por isso decidi publicá-lo na íntegra aqui no blog. O resto do jornalão está consagrado a noticiar os arroubos delirantes e desesperados dos petistas em decorrência do escândalo da Petrobras.
O título do post é o original do artigo. Vale a pena ler.
http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2014/03/reinaldo-azevedo-1964-ja-era-viva-2064.html
Vale, mesmo!
Chris/SP
Essa foto mostra o exato momento da assinatura da compra de PASADILMA. Todo mundo rubricando, pois rubricá e rubricá. Vai acabar servindo como prova.
ReplyA pressa na conclusão da due diligence talvez explique-se porque um acordo já havia sido firmado no final de 2005, inclusive com valores já defindos. A notícia do Globo sugere que o acordo de compra e venda tenha sido fechado após " reuniões com diretores financeiros da Astra entre os dias 11 e 25 de novembro de 2005"
ReplyTudo indica que a contratação da BDO Seidman foi motivada por obrigação de cumprir alguma formalidade, já que due diligence não é obrigatória, mas recomendável, como explicou a Bornholdt Advogados.
Essa pressa em fechar um contrato é muito estranha, principalmente se vinculada com a versão de que o resumo executivo omitiu importantes informações.
Para os belgas, o negócio foi considerado excelente, conforme o que se lê no relatório de 2005 da NPM/CNP (1). A pressa, portanto, interessava mais aos belgas do à Petrobrás, que, no final da história, comeu cru e queimou a boca ao efetuar pagamentos de mais de U$ 1,2 bilhões. Resta saber quem eram os intermediários apressadinhos da Petrobrás.
A aquisição da refinaria foi um sucesso que extrapolou as expectativas. Por quê? (continua)
(continuação)
ReplyO relatório explica: no fim de 2005 um acordo (partnership) de compra e venda dos 50% foi negociada com a Petrobrás por valor líquido próximo a US$ 330 milhões (e que depois subiu para U$ 360 milhões).
O acordo previa que a Petrobrás estaria no comando técnico do projeto e execução das necessárias obras de modernização (revamp project), inclusive a adequação da refinaria às exigências da agência americana de proteção ambiental. Tudo bem dar ao sócio tanta autonomia quando se tem a cobertura da put option.
Enfim, era sabido desde a assinatura de venda dos 50% que seria preciso investir.
Com a cláusula put option o sócio vendedor cobriu-se juridicamente com garantia de pular fora e obrigar o sócio comprador a ficar com o mico dos 50% restantes
Como explicou a reportagem da revista belga exibida no JN, "um golpe de mestre" da NPM e, acrescento, dos intermediários da Petrobrás.
(1) the acquisition of PRS, at the beginning 2005, happened to be an operational and financial success beyond any reasonable expectation: at the end of 2005, a partnership WAS NEGOTIATED with PETROBRAS, the brazilian state associated energy company, whereby the ASTRA Group will sell to its partner a 50% interest in the refinery (and the related trading activities) for a net present value of some USD 330 million payable in three installments (net profit group share of some USD 150-180 million depending on the effective tax rates). The deal should be closed during the second quarter of 2006. As part of the partnership, PETROBRAS will provide the technical expertise to upgrade the Pasadena refinery to process 70mbd of heavier marlim crude. After completion of the revamp project, the refinery will be fully EPA qualified and its competitive position will improve substantially. p. 59
O que mais chama a atenção é o prazo e a pressa.
ReplyPorque essa pressa toda em fechar a compra dessa refinaria, sem obedecer prazos e normas que diriam se o negócio era viável e tornariam o negócio de fato um negócio? Ainda mais para comprar uma refinaria no "solo dos malditos imperialistas". Como assim? Há muita, mais muita areia nesse caminhão.
Tanto Vana como Maria continuam usando o artigo 666, não sabia, para dizer que não sabiam de nada. Petralha nunca sabe de nada.
Eitá! O resto do mundo nos vê como palhaços né? Devem estar todos rindo da nossa cara.