Os anos do petismo jogaram a nossa diplomacia pelo ralo, quando o assunto é América Latina. Leiam, abaixo, artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer:
O respeito ao direito internacional é dimensão caracterizadora do Estado
democrático de Direito. Ele tem, entre seus valores, a importância da
preservação da legalidade como meio de assegurar a convivência coletiva. No plano internacional, as normas do direito internacional cumprem duas
funções importantes para a manutenção da segurança das expectativas,
inerente ao princípio de legalidade: indicar e informar aos Estados
sobre o padrão aceitável de comportamento e sobre a provável conduta dos
atores estatais na vida internacional.
O Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, prevê adesões, mas
estabelece que sua aprovação "será objeto de decisão unânime dos
Estados-partes" (artigo 20). Não vou discutir os critérios que levaram Argentina, Brasil e Uruguai a
considerar, invocando o Protocolo de Ushuaia, que houve ruptura da ordem
democrática no Paraguai. Pondero apenas que foi uma decisão tomada com celeridade semelhante à
que caracterizou o impeachment do presidente Lugo e que ela não levou em
conta o passo prévio previsto no artigo 4 do referido protocolo: "No
caso de ruptura da ordem democrática em um Estado-parte do presente
protocolo, os demais Estados-partes promoverão as consultas pertinentes
entre si e com o Estado afetado".
Com a suspensão do Paraguai, que ainda não havia aprovado a incorporação
da Venezuela ao Mercosul, Argentina, Brasil e Uruguai emitiram
declaração sobre a incorporação da Venezuela, a ser finalizada em
reunião convocada para 31 de julho no Rio de Janeiro. O Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto, que deu ao Mercosul
sua estrutura institucional, são tratados-quadro de natureza
constitucional. Suas normas são superiores às de outras normativas que
dela derivam. Inclusive as que levaram aos desdobramentos da suspensão
do Paraguai, que não têm a natureza de uma reunião ordinária de
condomínio.
O Protocolo de Ouro Preto estabelece: "As decisões de órgãos do Mercosul
serão tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados-partes"
(artigo 32), exigência indiscutível para uma decisão que vá alterar a
vida do Mercosul, como a incorporação de um novo membro. Daí, a lógica do artigo 20 do Tratado de Assunção, antes mencionado, que é constitutivo do Mercosul e dele inseparável. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, está em
vigor no Brasil. Deve ser executada e cumprida tão inteiramente como
nela se contém, como estatui o decreto 7030 de 14/12/2009 (artigo 1º).
A convenção estabelece, no artigo 26, que "todo tratado em vigor obriga
as partes e deve ser executado por elas de boa-fé". Estipula, no artigo
31, como regra geral de interpretação, que "um tratado deve ser
interpretado de boa-fé, segundo o sentido comum atribuível aos termos de
tratado em seu contexto e à luz do seu objeto e finalidade". A exigência da aprovação do Paraguai à incorporação da Venezuela no
Mercosul me parece indiscutível à luz dos termos do Tratado de Assunção e
de seu objeto e finalidade.
A decisão de incorporar a Venezuela, como foi feita, não atende a
obrigações relacionadas à observância de tratados previstas na Convenção
de Viena. Carece de boa-fé, seja na acepção subjetiva de uma disposição
do espírito de lealdade e honestidade, seja na acepção objetiva de
conduta norteada para esta disposição. Trata-se, em síntese, de uma ilegalidade. Contrapõe-se ao que ensinava
Rio Branco: "O nosso Brasil do futuro há de continuar invariavelmente a
confiar acima de tudo na força do Direito e no bom senso".
12 comentários
Coronel,
ReplyTem que abrir processo de impeachment contra a Dilma!!
Tem que chamar esta senhora a luz da lei para as devidas explicações.
Descumpriu a lei, FORA!!!!
JulioK
Está mais do que caracterizado que os bolivarianos não respeita de forma alguma a autonomia dos povos, notadamente dos vizinhos. A tática é obter o poder a qualquer custos, como fizeram aqui, levando-nos a concluir que fizeram com o Brasil o mesmo que o prefeito de Palmas fez com a quadrilha do Cachoeira.
ReplySr Coronel:
ReplyA verdade é uma só.
O Brasil virou capacho da Venezuela ou marionete dos bolivarianos.
Entregamos uma refinaria para os bolivianos,fazemos uma refinaría em Penambuco,em parceria com a venezuela, que não colocou um vintem na mesma,fizemos papel de palhaços no caso Honduras, tudo isso por um itamaraty,em minúsculas,cachorrinho de madame que balança o rabinho para a K louca e o chaves.Deixamos as fronteiras abertas para a cocaina da Bolivia e as farc.
O pt é nefasto para o Brasil, os esquerdistas canalhas e corruptos levaram o Brasil a desonra.É triste mas é real.
O caso da entrada da Venezuela no mercosul é uma esperteza e malandragem.
Ficamos assim,itamaraty,escritório avançado do bolivarianismo.
Saudações
ps DEUS NOS SALVE
"Os anos do petismo jogaram a nossa diplomacia pelo ralo, quando o assunto é América Latina"?? Discordo!
ReplyNossa diplomacia não deu uma dentro desde que Lula assumiu oprimeiro manadato! Dez anos de uma péssima gestão que macula indelevelmente a honrada folha de serviços de nossa diplomacia, construída desde D. Pedro II.
Um inacreditável currículo de erros e equívocos onde não consta NENHUM acerto em 10 anos!
Esse e o Brasil dos que gostam de ser enganados.
ReplyDilma se reúne com Lula em São Paulo antes de embarcar para a argentina…
Por quê?
Afinal Quem e a “comandante” dessa nau sem rumo?
Quem vai ser responsável se o barco afundar?
Verdadeiro golpe do Paraguai foi aprovar entrada da Venezuela no Mercosul.
Apesar de o Itamaraty desmentir, reação do Uruguai deixa claro que houve um esforço brasileiro para conseguir a aprovação da Venezuela, aproveitando a suspensão do governo paraguaio de participar das reuniões do bloco.
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/merval-pereira/MERVAL-PEREIRA.htm
ESSE E O BRASIL SENDO COMANDADO POR CHAVES
Será que o chanceler da Venezuela também fez uma reunião com LULA e os comandantes das forças armadas brasileiras…
ReplyO Barão de Rio Branco não conheceu a turma bolivariana e o Foro de São Paulo. Tivesse conhecido não teria pronunciado palavras como Direito e bom senso.
ReplyE desde quando tratados e direito internacional valem alguma coisa onde o comunismo está em implantação?
Reply>>
ReplyO PT tem um projeto de poder no Brasil assim como as esquerdas tem na América Latina.
Eles querem poder absoluto, assim como Hugo Chavez na Venezuela, que por sorte dos venezuelanos, um câncer acabou com seu sonho.
Os únicos países mais ou menos livres dessa praga chavista são o Paraguai, Chile e Colombia.
Não há erros na politica externa dos petralhas. Tudo obedece a planos e projetos formulados nos acordos e tratados feitos entre os comunistas nos Foruns de São Paulo.
<<
O Anônimo das 07:59 disse tudo. Além desse golpe, somam-se ainda o caso batistti, os passaportes da famiglia lula, a amizade com o "arhmadilhajá", todos os casos graves acontecidos no Egito, Síria, África, Honduras, etc. E principalmente todos os casos que envolvem o "comaandante" em Cuba. Em todos, sem exceção, o governo brasileiro alegava 'respeitar a soberania' de cada país sem considerar o mal e a desgraça sofridos pelas populações de cada um desses países. Uma vergonha!
ReplyAgora acontece mais esse golpe contra o Paraguai. Acabou!
O itamaraty acabou!
Tomara que o Paraguai autorize uma base militar norte-americana em seu território. Aí, eu quero ver a cara de bocó desta turma bolivariana chumbrega.
ReplyAugusto Nunes já tinha resumido de forma brilhante o que aconteceu. Deram ao Paraguai o mesmo direito de defesa que este teria dado a Lugo, mas com a diferença de que lá não se passou por cima da legislação né.
ReplyOh! Surpresa! O Brasil passando por cima da legislação não é novidade alguma! Nem mesmo nas legislações internacionais.... afinal Battisti está aqui não é mesmo?