O spread é culpa do governo.

Não sou economista, mas estar informado não me causa azia. Há anos que é discutido no Brasil o altíssimo valor cobrado pelos bancos na forma de spread, que é a diferença entre a taxa de empréstimo e a taxa de captação. No Brasil, em números redondos, há muito tempo que para cada R$ 1,00 captado, o banco empresta esse mesmo dinheiro à taxa de 40%, recebendo R$ 1,40 do tomador do crédito. O assunto vem na hora da crise e é esquecido na hora da bonança. Neste momento, o governo Lula transformou o spread no principal culpado pelo alto custo do dinheiro, muito mais do que os próprios juros. O que o governo Lula não explica é que 40% do dinheiro dos bancos é aplicado em títulos públicos, que pagam altas taxas e oferecem risco zero, para que seja rolada a extraordinária dívida pública do país. No mundo, os bancos aplicam em média 8% em títulos públicos, ou cinco vezes menos. Outro fator que aumenta o custo do spread é que o Brasil é um dos países que possui a legislação mais arcaica, sendo praticamente impossível cobrar uma dívida: um processo de falência demora cerca de 10 anos, contra 1 ano na maioria dos países. Com isso, o risco de inadimplência é muito maior e isto também está incluído no spread. Por fim, a carga tributária brasileira é uma das mais vergonhosas do planeta, alcançando quase 40%. Aí estão três fatores que explicam porque o Brasil tem a taxa de spread mais alta do mundo, 11 vezes maior do que a média mundial. E são três variáveis que dependem, basicamente, de iniciativas de governo para serem resolvidas. Tanto é que os bancos internacionais chegaram ao país para aumentar a concorrência e melhorar o crédito e o que aconteceu? Hoje eles cobram tanto ou mais spread do que os bancos nacionais, inclusive os públicos. O que o governo tem que fazer é baixar impostos, reduzir a dívida e modernizar a legislação. É isso que pode reduzir o spread. Como sempre, os companheiros vão gritar, espernear e não vão fazer.