O novo Sarney.

Até hoje, José Sarney ostentava o recorde de presidente mais bem avaliado da história do Brasil. Obteve 72% de aprovação quando, em 1986, lançou o Plano Cruzado, congelando os preços, mudando a moeda e botando o povo a fiscalizar os preços. Hoje Lula alcançou 73% de popularidade, em meio à maior crise econômica de todos os tempos. O popularíssimo Sarney do Plano Cruzado do Funaro durou poucos meses. Logo veio o Sarney do Plano Bresser, com a inflação galopando alimentada pelo déficit público, pois o governo gastava mais do que arrecadava. Alguma diferença em relação a 2008? Houve congelamento de preços, aluguéis e salários. Alguma semelhança com a insistência de manter o nível de consumo nos dias de hoje, a qualquer preço? Para deter o déficit público, foram adiadas as grandes obras já planejadas, como a Ferrovia Norte-Sul, o pólo-petroquímico do Rio de janeiro e o trem-bala entre Rio e São Paulo, além de aumentos de tributos. O que vocês acham da Receita entrar para dentro das 400 maiores empresas brasileiras, da paradeira do PAC e do impostômetro ultrapassar R$ 1 trilhão? A inflação bresseriana chegou a 366%. Entrou Maílson da Nóbrega e a inflação saiu dos 366% de 1987, para atingir 933% ao longo de 1988 e, no início de 1989, chegar a 2.751%, porque os cortes no deficit público não foram feitos. Tudo isso em pouco mais de dois anos. Quanto tempo falta para 1 de janeiro de 2011? Em pouco mais de dois anos, Sarney saiu do céu para as profundezas do inferno. Ninguém pode enganar tantos por tanto tempo. Lula pode estar carregando um Sarney dentro de si. Mais dia, menos dia, ele pode ressurgir. Para o bem do Brasil, vamos torcer que os danos não sejam irreversíveis.