A decisão sobre os principais pedidos de impeachment da presidente
Dilma Rousseff que estão sobre a mesa do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), será usada como instrumento de pressão sobre o governo
para tentas tornar favoráveis ao peemedebista os votos dos três
integrantes do PT no Conselho de Ética da Casa. A matéria é do Estadão.
Aliados de Cunha confirmaram ao Estado
que ele não definirá o impeachment até que saia o resultado sobre o
seguimento ou não de seu processo por quebra de decoro no Conselho de
Ética que pode culminar na cassação do mandato. A votação sobre a
admissibilidade da ação contra o deputado, apresentada pela Rede e o
PSOL, está marcada para amanhã.
Governo e oposição acusam Cunha de mantê-los em “banho-maria”
ao longo do ano sob a ameaça de abrir processo de impeachment. No último
dia 18, às vésperas da sessão em que poderia ser lido o relatório
favorável à admissibilidade do processo de cassação do presidente da
Câmara, aliados de Cunha divulgaram que o peemedebista havia decidido
deixar para 2016 qualquer definição sobre o impedimento de Dilma.
Oposicionistas afirmaram que a informação havia sido propagada
em troca de apoio do PT. No dia seguinte, Cunha negou que tenha dado as
declarações vazadas por ao menos dois deputados do PMDB.
Cunha nega que seu processo de cassação e o impeachment
estejam relacionados. Mas admite que nem todos os sete requerimentos
pelo afastamento de Dilma serão despachados hoje, antes da sessão do
Conselho de Ética. Ao menos um pedido tem parecer técnico favorável ao
processo de impedimento.
Análise. Cunha aproveitou a ressaca da
Câmara por causa da prisão na quarta-feira do líder do governo no
Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), para analisar os pareceres. Continuou a
estudá-los no fim de semana, mas minimizou a importância prática deles.
“A decisão é sempre minha. A responsabilidade também”, afirmou ao Estado. O peemedebista chega a Brasília hoje pela manhã e deve conversar com assessores.
Na avaliação da oposição, ao anunciar previamente que pode
deferir os pedidos de impeachment logo no início desta semana, Cunha
coloca pressão sobre os petistas para que os três membros titulares do
partido no Conselho de Ética revejam suas posições e ajudem a arquivar o
processo disciplinar.
Na expectativa de atrair os votos petistas, aliados de Cunha
dizem que ele não se manifestará hoje a respeito dos principais pedidos
de impeachment, o do advogado Luis Carlos Crema e dos juristas Hélio
Bicudo e Miguel Reale Júnior. Tanto Crema quanto a dupla de juristas têm
dois requerimentos protocolados, mas apenas um de cada é completo,
incluindo a prática das “pedaladas fiscais”.
Contas. Deputados próximos a Cunha
acreditam que o peemedebista tem hoje votos de nove dos 21 integrantes
do conselho (20 votam; o presidente do colegiado manifesta-se apenas em
caso de empate). Na conta dos aliados, são dois votos do PMDB, dois do
PP, dois do PR, um do PSC, um do PSD e um do Solidariedade. O voto do
deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que disputou o comando do
conselho com apoio de Cunha, ainda não é uma garantia. Interlocutores do
peemedebista relatam que Sá se desentendeu com ele. Agora, sua tropa de
choque corre contra o tempo para reconquistar o voto.
Se Cunha segurar o impeachment, apoiadores dizem que ele pode
chegar a 12 votos favoráveis. Se soltá-lo em troca de apoio da oposição,
acreditam que é possível atrair um voto do DEM e, talvez, do PPS,
totalizando 11. Os dois votos do PSDB foram descartados, depois que o
partido defendeu sua renúncia.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Paulo Teixeira
(PT-SP) disse que os petistas não cederão à pressão. “Não vamos aceitar
esse jogo. Princípios são inegociáveis”, afirmou. Os três representantes
do partido no colegiado, Zé Geraldo (PA), Valmir Prascidelli (SP) e Léo
de Brito (AC), já disseram que votariam pela admissibilidade do
processo.
2 comentários
Ou seja, vai fazer o que ele quer e quando ele quiser, enquanto isso passamos o ano inteiro na mão desse imbecil, que se diz cristão, mas age como um ser sem caráter nenhum. Pobre todos nós e o nosso futuro nas mãos de um energúmeno.
ReplySó o fato de Cunha batalhar por essa negociata criminosa, impeachment X não perder cargo, já é motivo para perder o cargo, quanto mais o roubo dos milhões que já foram comprovados, mas num país sem lei, os bandidos togados praticam a leniência e forjam buracos nas Lei, para prorrogar o mandato de comparsas.
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