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(O Globo) A mudança nas regras
para se aposentar, aprovada na quarta-feira pela Câmara dos Deputados, vai
criar uma bomba fiscal para as próximas gerações. O custo estimado para os
cofres públicos ao tornar mais flexível o fator previdenciário, que reduz o
benefício conforme aumenta a expectativa de vida, vai ser de R$ 40,6 bilhões em
dez anos e de R$ 2,5 trilhões em 35 anos.
Em 2050, quando a faixa etária de
60 anos ou mais vai representar um terço da população — atualmente é de 12% — o
deficit da Previdência Social vai dobrar. Diante do tamanho do impacto, a
presidente Dilma Rousseff deverá vetar a mudança, e integrantes do governo já
buscam alternativas que devem ser apresentadas o mais rápido possível ao grupo
de trabalho, criado no fim de abril para tratar do tema.
Em outra frente, o ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, fez uma advertência ao Senado. Na saída de um evento em
São Paulo, ele afirmou que é preciso “muito cuidado para quando votarem não
criarem uma nova necessidade de mais impostos”. A interlocutores, foi mais
direto: — A Câmara demonstrou que quer uma carga tributária maior. O Senado vai
ter que decidir se também quer esse aumento na carga tributária.
Pelos cálculos de Leonardo Rolim,
consultor da Câmara dos Deputados e ex-secretário da Previdência Social, a
medida vai fazer o rombo aumentar em 1,14% do Produto Interno Bruto (PIB,
conjunto de bens e serviços produzidos no país), o que representaria hoje R$
61,5 bilhões, praticamente toda a economia que o governo se comprometeu a fazer
este ano para sanar as contas públicas. Atualmente, o rombo da Previdência é de
1,1% do PIB, chegaria a 2,24% em 2050. — Nos primeiros anos não vai ter
impacto. As pessoas vão esperar para se aposentar com as novas regras mais
favoráveis. Mas, ao longo do tempo, o deficit dobra — afirmou Rolim.
Pelas contas do especialista, a
regra que soma a idade e o tempo de contribuição, que deve ter como resultado
85 para as mulheres e 95 para os homens, quase dobra o benefício da mulher. Em
média, as mulheres se aposentam aos 52 anos, com 30 anos de contribuição. Se
esperar mais um ano e meio, o salário sobe 44,2%. Para os homens, que buscam o
benefício em média aos 55 anos, mais dois anos e meio de trabalho aumentariam a
aposentadoria em 20,5%. A soma de 85 para mulher e 95 para o homem permite que
o trabalhador se aposente com o benefício máximo de R$ 4.663,75.
— Vai na contramão de um ajuste
fiscal de médio e longo prazo e do que está acontecendo no mundo. Mais um
saquinho de bondades que vai se tornar um belo saquinho de maldades lá na
frente. A medida vai arrebentar as contas públicas. O financiamento da
Previdência do cidadão brasileiro das próximas gerações estará comprometido,
por pura demagogia — afirmou a professora da Coppead, da UFRJ, Margarida Gutierrez,
especialista em contas públicas.
Foi essa situação explosiva que
revoltou o ministro da Fazenda. Levy irritou-se especialmente com os votos
dados pelo PT e que alteraram o perfil da medida provisória 664, um dos pilares
do ajuste fiscal, em uma manobra que considerou “irresponsável”. Ele sinalizou
a integrantes do governo que poderá endurecer mais o ajuste. A primeira medida
seria um possível aumento da carga tributária. As outras seriam a possibilidade
de estender às linhas de crédito do Banco do Brasil o arrocho de crédito que a
Caixa já vem sofrendo e a ampliação do contingenciamento do Orçamento deste
ano. A reunião que vai sacramentar o tamanho do represamento dos gastos do
governo foi marcada para domingo, em Brasília.
No governo, a esperança ainda é
convencer os senadores a votar contra a alteração, sob o argumento de que a
medida é o “pior dos mundos” porque não acaba com o fator e eleva os gastos da
Previdência com o aumento das aposentadorias. Mas esse quadro mostrou-se muito
complexo, especialmente depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros,
afirmar ontem que o novo cálculo deve passar na Casa.
— Como o Senado já resolveu
acatar o fim do fator previdenciário, é óbvio que ele vai aproveitar essa
oportunidade para colocar no lugar do fator uma regra que seja mais favorável
aos trabalhadores e ao povo brasileiro. Sou a favor (do fim do fator). Acho que
delonga demasiadamente a aposentadoria dos trabalhadores. Não concordo que
todos os problemas do Brasil se resolvam cortando direito trabalhista e
previdenciário — disse Renan.
No dia seguinte à derrota na
mudança da aposentadoria, o governo respirou aliviado com a rejeição de todas
as novas tentativas de alteração à Medida Provisória (MP) 664, que torna mais
rígidas as regras para pensão e auxílio-doença. Evitar uma nova derrota foi
possível pelas promessas da articulação política do governo de que as nomeações
de apadrinhados políticos acordadas serão publicadas no Diário Oficial e também
de que as emendas parlamentares e os restos a pagar de anos anteriores serão em
breve liberados, de acordo com a fidelidade de cada deputado nas votações do
ajuste fiscal.
12 comentários
O Brasil está essa bagu, porque seus "governantes" nunca pensaram como estadistas e sim como candidatos no palanque. Estou para me aposentar, mas acho que tem que ser feito, sim, um estudo sério sobre o impacto no futuro, de algumas decisões eleitoreiras.
ReplyO fator previdenciário foi uma maneira técnica de se fazer uma monstruosidade com os trabalhadores com aparência de algo científico.
ReplyA fórmula 85 / 95 é simplista, não analisa as consequências.
Ambos, a cara do Brasil !
E que tal alterar a aposentadoria dos parlamentares????
ReplyAtuam por dois mandatos, e saem com aposentadoria integral! Isto sim é uma vergonha.
Chris/SP
Mentira,Lula e Dilma investiram 500 bilhões do nosso dinheiro via BNDES em países comunistas que eu tenho certeza que não vão pagar,porque o Levy não cobra este dinheiro emprestado para países aliados do PT?
ReplyInfelismente ,isso e so uma desculpa do PT,apos ter aprovado o projeto da Dilma,mesmo porque essa bomba vai estourar daqui a uns 10 anos.E a petezada nao esta nem ai ,ela quer coisa para o hoje o resto que se arraste.
ReplyEnquanto o Brasil não crescer a taxas decentes o fator previdenciário será um mal necessário!
ReplyGabriel-DF
O pt governa mas quer ser oposiçao. Quer bagunça maior que esta? Povo brasileiro e' quem pode alterar tudo isso.
Replye' trabalhador, estudante, aposentado, empresarios, todos tomando ....e todos quietinhos, quietinhos; me lembro do Brasil da decada de 90 `estrupiado`, inflacao nas alturas impeachment de collor, e com o REAL o pais foi se ajustando e a cada decisao NECESSARIA tomada pelo governo, o Brasil era invadido pelas bandeiras vermelhas levantadas por estudantes, une, sindicatos, oab, mst, ongs, professores, aposentados,funcionarios publicos, igreja, cnbb, .....lista interminavel!
ReplyO BRASIL TEM QUEDA PELO VERMELHO, MESMO ESTANDO NO VERMELHO!
Dar o direito ao cidadão é acabar com o Brasil? Então, que esse brasil esquerdista e sujo acabe e surja um outro, liberal, conservador e de centro-direita pelo qual valha a pena o sacrifício de uma geração. Mas não este atual paizeco de ladrões e arrogantes.
ReplyChris/SP
Reply15 de maio de 2015 09:40
Não esquecendo que tem políticos que acumulam aposentadorias de Governador, Senador, magistrado e presidente, aliás porque temos que bancar, além da aposentadoria por quatro anos de "trabalho", 2 carros de luxo e oito servidores para ex-presidentes? Que isso seja cortado imediatamente, porque nenhum deles merece nossa gratidão, deveriam nos indenizar pela má gestão sem falar das roubalheiras astronômicas.
Hummm: 40 bilhões em 10 anos? Pouco mais de 4 bilhões anuais????
ReplyIsso é fichinha! E vamos fazer de conta que, de acordo com muitos economistas, o rombo da previdência não existe né?
Agora vamos explicar porque foi despejado outros 50 bilhões SÓ ESTE ANO no BNDES????
Só pra citar, alguns links com leitura interessante, e que informa que a seguridade social é avitária.
Replyhttp://www.ajufergs.org.br/boletim_eletronico_30102010.asp
http://cartamaior.com.br/?/Coluna/Mais-mentiras-sobre-a-Previdencia-Social/30521 (até tu, CartaMaior?)