(O Globo) Boatos sobre a saída de Graça Foster da presidência já circulavam nos
corredores da Petrobras na manhã de terça-feira, antes de a decisão de
Dilma ser confirmada. Com Graça em Brasília, a diretoria da estatal se
refugiou nos gabinetes, deixando os subordinados sem informações. Nos
corredores, a queda de Graça foi atribuída à estimativa de prejuízos de
R$ 88 bilhões no balanço da semana passada. O número desagradou ao
governo porque foi considerado superestimado até pelos técnicos da
empresa.
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli endossou essas
críticas. Em entrevista ao jornal “Valor Econômico” na segunda-feira,
ele criticou essa contabilidade. Para ele, é impossível separar, nas
demonstrações contábeis da Petrobras, o custo da corrupção de outros
fatores de depreciação de investimentos, como câmbio, preço do petróleo e
alterações nas condições de mercado. “Tem uma série de coisas
misturadas aí nesses números”, disse Gabrielli.
Colaborou para o clima de informações desencontradas a licença do
gerente executivo do Departamento Jurídico da Petrobras, Nilton Maia, na
segunda-feira. Uma fonte disse ao GLOBO que ele foi afastado do cargo,
mas a Petrobras informou que ele pediu para tirar férias atrasadas para
um tratamento de saúde. Nos últimos meses, Maia era um dos responsáveis
pelas Comissões Internas de Apuração (CIAs) abertas pela estatal para
investigas denúncias de corrupção da Lava-Jato.
Quase um ano após o início da Operação Lava-Jato, que revelou um
esquema de corrupção na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff decidiu
afastar Maria das Graças Foster do comando da estatal. Ela e todos os
diretores da companhia deverão deixar os cargos em março, quando será
apresentado ao Conselho de Administração o balanço financeiro referente a
2014. Apesar dos conselhos de aliados e auxiliares — como o ministro da
Casa Civil, Aloizio Mercadante —, Dilma se recusava a abrir mão de
Graça, considerada uma indicação de sua cota pessoal para presidir a
Petrobras em 2012.
A decisão de substituir Graça teria sido tomada semana passada, em
reunião do conselho político do governo, no Palácio da Alvorada, quando
Dilma mudou de opinião. No entanto, só ontem a informação foi admitida
por auxiliares da presidente. Ela combinou com Graça, que já havia posto
o cargo à disposição duas vezes, que a executiva permaneceria no posto
para assinar o balanço. Isso porque nenhum novato aceitaria neste
momento se responsabilizar pelas contas da companhia. A empresa de auditoria externa, PwC, recusa-se a avalizar as contas
da estatal por causa da dificuldade de a empresa calcular as perdas com o
superfaturamento de investimentos. Até políticos e técnicos ligados ao
PT com perfil para o cargo resistem às sondagens.
A substituição da diretoria foi detalhada ontem à tarde em uma
reunião de Graça com Dilma no Palácio do Planalto. A data da
substituição pode ser antecipada, segundo um interlocutor da presidente,
se Graça alegar desgaste físico e emocional. Ela vem dando sinais de
estresse causado pela série de problemas na estatal. Nesse cenário,
assumiria a presidência um interino que esteja hoje na direção da
empresa.
Tentativa de recuperar credibilidade
Ano
passado, Graça tomou iniciativas para se credenciar como responsável por
recuperar a credibilidade da estatal. Determinou investigações internas
e criou uma Diretoria de Governança, Risco e Conformidade para coibir
irregularidades, sem sucesso. Ao pedir a prisão do ex-diretor Nestor
Cerveró, em janeiro, o Ministério Público Federal afirmou que “não há
indicativos de que o esquema criminoso foi estancado”. Os procuradores
afirmaram ter notícias de propinas pagas por empresas a diretores da
Petrobras em 2014.
Embora as denúncias de corrupção na Petrobras investigadas na
Operação Lava-Jato tenham ocorrido na gestão de José Sérgio Gabrielli,
Graça integrava a diretoria da estatal desde 2007 e participou de
decisões tomadas na gestão do antecessor. A situação dela ficou mais
delicada quando a geóloga Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva
da Diretoria de Abastecimento, revelou e-mails que teria enviado a
Graça entre 2009 e 2011, nos quais relata irregularidades em contratos
que eram de responsabilidade do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Graça
levou quatro dias para responder claramente às acusações de Venina,
argumentando que as mensagens “não explicitaram” irregularidades.
Ontem, no aeroporto de Brasília, ao embarcar para o Rio após reunião
no Planalto, Graça foi lacônica ao ser indagada pelo GLOBO se deixaria a
estatal. Não respondeu e apenas sorriu. — A reunião foi boa, como sempre — disse. À tarde, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência,
Thomas Traumann, disse que a reunião durou quase duas horas. Questionado
se Graça continuaria à frente da Petrobras em 2015, respondeu apenas: — O que posso dizer é que essa questão não foi decidida na reunião entre ela e Graça Foster.
À noite, a secretaria informou que não comentaria o assunto. Nas
próximas semanas, Dilma precisará encontrar um nome de peso que aceite
assumir o comando da Petrobras neste momento. Isso vale também para a
composição do Conselho de Administração, que Dilma quer preencher com
nomes respeitados pelo mercado. Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy,
do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, além de Mercadante, foram incumbidos de buscar esses
nomes.
11 comentários
O que é que Dilma ganhou com essa demora em demitir a Graça? Exceto confirmar que sua teimosia é ciclópica, nada.
ReplyCoronel,
Replyqual será o homem de "bem" que dará seu nome para limpar a barra da presidAnta e fazer parte desse governo corrupto e incompetente.
A lama precisa bater na porta do criador e criatura!
ReplyEles fazem parte da cúpula que liquidou a Petrobrás!
Ou será que não bastam todas as evidências até aqui demonstradas?
Que seja aplicado o Art. 85, inciso 5º da CF ! Impeachment já!
Chris/SP
O mais engraçado é que nem petistas e técnicos ligados aos partido querem assumir essa porcaria. Quem diria, hem? Vamos lá, petralhada, coragem!
ReplyPois é...
ReplyE a devolução do dinheiro?
E a cadeia para os larápios?
E esse mau costume de roubar e não haver punição?
E a falta de vergonha na cara?
E...
Quem será o louco que vai entrar numa fria dessas?
ReplyCoronel
ReplyFoi jogo de cena da quadrilha pra ver se salva um pouquinho a imagem da Dilma - aquela de caçadora de corruptos e demolidora da corrupção.
Dilma não demitiu ninguém, foi tudo combinado. Acaba de sair notícia de que Graça e diretoria RENUNCIARAM aos cargos de presidente e diretores na PTroubrás, o que é bem diferente. Demitido perde tudo, sendo por justa causa. E não daria pra engolir a alegação de que não tinha sido por este motivo, depois de tudo que se vê e ouve.
Graça Foster continua sendo "amiga", aquela amigona que vai esconder tudo quanto puder e não puder.
Mariana
Pela primeira vez ela falou a verdade e aí foi demitida !
ReplyEsse é o padrão moral do (des) governo Dilma.
Tem um que topa facil facil: Paulo Maluf....Fui
ReplyQuantos petralhas tem no Brasil?
ReplyTodo mundo sabe que petralha é ladrão, muitos deles ladrões e burros. Será que não tem NENHUM PETRALHA que tenha peito de assumir a presidência da Petrobras? Vamos lá, petralhas,
senão além de ladrões serão
também chamados de cagões.
Esqueçam. Enquanto não privatizarem a pétubrais, vai ser tudo jogo de cena. Nada vai mudar.
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