Pelo menos dois assessores parlamentares preencheram as cédulas dos
congressistas durante a votação dos vetos da presidente Dilma Rousseff
na terça-feira (26). A Folha fotografou e filmou um assessor da liderança do PC do B
(partido da base aliada), que passou boa parte da sessão sentado nas
cadeiras reservadas aos parlamentares preenchendo uma pilha de cédulas
de votação.Em seguida, ele as distribuiu a deputados da bancada, entre eles Jandira Feghali (RJ) e João Ananias (CE). O senador Vicentinho Alves (SD-TO), partido de oposição a Dilma, também foi filmado pela Folha tendo sua cédula de votação preenchida por uma assessora.
A sessão do Congresso --que reuniu deputados e senadores-- analisou a
derrubada ou manutenção de 38 vetos que a presidente Dilma Rousseff fez a
projetos aprovados pelos congressistas. A votação foi em papel. Cada parlamentar tinha a tarefa de marcar na
cédula "sim", "não" ou "abstenção" a 314 pontos dos 38 projetos que
sofreram veto. Após isso, eles assinavam o documento e o depositavam na
urna.
A votação não ocorre pelo processo eletrônico por uma decisão política:
nesse caso, a manutenção ou derrubada de cada um dos vetos teria de ser
votada individualmente. No papel, eles são analisados de uma vez só. O
processo não é mais sigiloso --após a apuração é conhecido como cada
parlamentar votou.
Integrantes da consultoria de Direito Constitucional da Câmara
ressaltaram que o ato do preenchimento da cédula é exclusivo do
parlamentar, sendo que a terceirização contraria o princípio
constitucional da inviolabilidade do voto do congressista. Segundo eles, a prática coloca em dúvida se aquela é a livre
manifestação da vontade do parlamentar e poderia ensejar a anulação da
sessão.
A oposição já está questionando no Supremo Tribunal Federal a validade
da sessão, acusando a base governista de ter atropelado regras
regimentais para limpar a fila de projetos e permitir a votação da
proposta do Planalto que o livra do cumprimento da meta de economia de
gastos para abatimento da dívida.
Reportagem da Folha de 2012 já havia flagrado deputados recebendo
cédulas preenchidas por ordem da base governista para uma sessão de
votação de vetos. Naquela época, o ato foi realizado de forma sigilosa
em uma das salas da Liderança do PMDB. O Palácio do Planalto negou
relação com a prática.
OUTRO LADO
A liderança do PC do B informou que a bancada já havia definido sua
posição em reunião prévia. "Faz parte do trabalho da assessoria técnica
prestar auxílio sob orientação e acompanhamento do deputado, tendo em
vista que estavam sendo analisados 38 vetos com mais de 300 itens." Jandira Feghali (RJ), que é líder da bancada, confirmou que o PC do B se
reuniu antecipadamente e acertou a derruba de quatro vetos. "Ninguém
define a votação de vetos na hora, aqui no plenário. É uma discussão
anterior."
O deputado João Ananias (PC do B-CE) deu uma versão distinta. Ele disse
que o partido discutiu apenas alguns vetos. E que não seguiu
integralmente a posição da bancada, tendo preenchido ele mesmo a sua
cédula. Sobre o fato de ter sido filmado recebendo a cédula preenchida,
disse que a pegou como recebe qualquer coisa que lhe dão.
O senador Vicentinho Alves (SD-TO) disse, por meio de sua assessoria,
que votou 3 dos 38 vetos, mas que como tinha esquecido de levar os
óculos ao plenário, e estava sentado num ponto com pouca iluminação,
pediu para sua assessora legislativa marcar os demais. O senador afirmou
que orientou a servidora em todas os registros.(Folha de São Paulo)
7 comentários
Quer dizer que faz parte do jogo o proletariado fazer o trabalho braçal enquanto a elite branca comunista supervisiona? Que coisa mais burguesa, senhoras e senhores!
ReplyFrancisco
comece a chamar "base alugada" esse é o certo
ReplyAqui na "Ilha da Magia" tinha um dePUTAdo que era conhecido como pianista.
ReplyFoi flagrado votando por um ausente.
Vicentinho é uma PIADA ! ! ! !
ReplyLunarscape
São Ladrões, isso sim! Roubam até de si mesmos o mínimo de decoro e de respeito às normas regimentais.
ReplyCorja de bandidos!!! IMORAIS!
ReplySe estava sem os óculos, pedisse à assessora para buscá-lo e não que ela votasse em seu lugar, a votação era muito importante para ser delegada a terceiros, mesmo que fossem de total confiança.
ReplyUm deputado nos custa os olhos da cara para que seja tão relapso, desleixado e sem compromisso com o cargo que ocupa, portanto deve sair para que outro que tenha mais zelo pela liturgia do cargo ocupe seu lugar.
Bando de preguiçosos!