A polêmica refinaria de Pasadena já era malvista pela área técnica da
 Petrobras desde o início do processo de avaliação para a aquisição. O 
desconforto era tal que a refinaria americana tinha um curioso apelido 
dados por funcionários antes da realização da compra. O diretor 
financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, que no cargo desde 2003, contou
 em depoimento à Comissão Interna de Apuração que a refinaria era 
chamada de “ruivinha”, e explicou o motivo mostrando o desconforto com o
 negócio: Pasadena estava toda enferrujada. 
“Pessoas desta sede viajaram para avaliação in loco, e houve reação 
negativa dessas pessoas, que não gostaram do que viram e apelidaram a 
refinaria de ruivinha, porque estava tudo enferrujado. Havia sentimento 
muito negativo, mas também desejo muito forte da área Internacional de 
que o negócio ocorresse”, disse Barbassa em 13 de maio deste ano. 
Apontado no relatório da comissão como principal articulador do 
negócio e responsável em dez das 11 irregularidades levantadas pela 
investigação interna, o ex-diretor da área Internacional Nestor Cerveró 
atribuiu o mau estado de conservação à falta de preocupação dos 
americanos com “aparência”. Ele foi ouvido antes de Barbassa, em 5 de 
maio. 
“Questionado sobre as recomendações iniciais das avaliações, com 
itens apontando deficiências, o depoente declara que as refinarias nos 
EUA não têm a mesma preocupação com a aparência como ocorre com as da 
Petrobras (meio-fio pintado de branco, tanques pintados etc.)”, registra
 o extrato do depoimento do ex-diretor internacional. Cerveró foi além, 
dizendo que eventuais problemas nunca foram apontados pela área técnica 
como “algo inaceitável ou irreparável”. Destacou que a refinaria nunca 
tinha sido proibida de operar nos EUA. 
PREJUÍZO CHEGA A US$ 530 milhões
O GLOBO teve acesso ao relatório da comissão e aos extratos dos 
depoimentos prestados. Além de Cerveró, foram apontados como 
responsáveis pelas irregularidades o ex-presidente José Sérgio 
Gabrielli, os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Jorge Zelada e cinco 
funcionários. O documento foi encaminhado à área jurídica, para se 
avaliar a obrigatoriedade de enviá-lo ao Ministério Público Federal. A 
refinaria foi comprada da belga Astra Oil por US$ 1,25 bilhão, em 2 
operações. A Petrobras já reconheceu prejuízo contábil de US$ 530 
milhões. 
Em seu depoimento, Barbassa fez diversas críticas ao negócio. Para 
ele, o processo de compra foi “bem rápido”, e a Diretoria Internacional 
tinha autonomia “muito grande” e adotava procedimentos “mais 
simplificados”. Destacou que a compra da 1ª metade começou a ser 
negociada no fim de 2005, e em fevereiro de 2006 já foi aprovada pela 
Diretoria Executiva e pelo Conselho de Administração. Barbassa disse que
 a diretoria, em fevereiro, não sabia das cláusulas Marlim e “put 
option”, que garantiam rentabilidade mínima à sócia e obrigavam a 
Petrobras a comprar a 2ª metade em caso de desacordo comercial. Afirmou 
que as cláusulas estavam no anexo XXX e só foram conhecidas após 
aprovado o negócio. Mas frisou que isso ocorreu antes da assinatura do 
contrato, em setembro de 2006. Disse que o negócio não foi desfeito 
pois, na Diretoria Internacional, “havia muita vontade de levar 
adiante”. 
Barbassa contou que só em 2007 sua diretoria conseguiu precificar a 
cláusula Marlim, e passou-se a saber quanto representariam os 6,9% de 
rendimento mínimo à Astra. Não disse qual seria esse custo, mas frisou 
não ser usual que se oferecesse ao vendedor parte do que seria ganho no 
futuro. Observou que a ampliação da refinaria para 200 mil barris/dia 
foi adiante mesmo estando no contrato a manutenção em 100 mil 
barris/dia. Isso gerou briga com a sócia. Afirmou que a compra da 2ª 
metade foi negociada para se livrar das duas cláusulas. Barbassa disse 
que Pasadena deu prejuízo todos os anos até 2013 e defendeu seu 
fechamento. 
Cerveró apoiou a condução do negócio. Disse não ser comum se alongar 
sobre “cláusulas de saída” quando se negocia proposta de compra. Seu 
advogado, Edson Ribeiro, enviou depois carta registrando que a 
responsabilidade pela compra era do Conselho de Administração, então 
presidido pela presidente Dilma. Gabrielli também defendeu na comissão a
 lisura da compra. Em depoimento em 7 de maio, destacou a necessidade 
de, naquele momento, investir-se em refino no exterior. Costa respondeu a
 perguntas da comissão antes da delação premiada. Seu atual advogado, 
João Mestieri, disse que o ex-diretor “não teve nada a ver” com a compra
 de Pasadena. Mas não comentou a informação de que na delação Costa 
admitiu ter recebido US$ 1,5 milhão para não atrapalhar o negócio. (O Globo)


6 comentários
Um enrola enrola danado.
ReplyUm disse que disse que até o menor QI do mundo entenderia que foi um golpe muito bem armado. Isso até já foi palco de artigos muito bem analisados.
A tal cláusula que previa a compra da outra parte, por desentendimentos, foi tudo armação. As inventivas para o desentendiemento foram forjadas e criadas. Inventaram problemas o suficiente para convencer qualquer juiz. E como a decisão ocorreu na corte americana - que não brinca em serviço - o martelo bateu a favor da Belga. E a Petrobrás desenbolsou mais grana pesada para adquirir a 2ª metade. Legal, não?
Em suma, o golpe do século, por enquanto!
Assim, os belgas sairam felizes porque lucraram (não tem culpa alguma) e a máquina petista 'fabricou' grana para financiar seus intentos e de quebra enriquecer as contas bancárias de alguns.
É isso que deve ser dito às claras, ao final do processo.
Cavalaria Ligeira
Espero que a "ruivinha" ajude a defenestrar a "dentuçinha" e o "pinguçinho".
ReplyQueremos nosso dinheiro de volta , tem hospitais falidos , estradas esburacadas , gente morrendo aos montes pelo alto nível de violência , péssima qualidade de ensino e por aí vai . Enquanto isso nosso governo gastando bilhões em compra de sucata .Isto é o cumulo do absurdo . Punição a todos os corruptos .
ReplyObviosidades! PT Corrupto, incompetente! Este Partido tem de ser proscrito, declarado ilegal. ADilma e seus auxiliares têm de ser afastados.
ReplyO sujeito que passar perto desta porcaria corre o risco de pegar um tétano.
ReplyOS CARAS:
Eles justificam tudo, na maior cara de pau.Quanto a dupla dentuça e pinguço nada vai acontecer. O PMDB nao quer.
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