Conheça o que os documentos oficiais da Petrobras revelam sobre a negociata da Refinaria Pasadena.


No Relatório da Administração de 2005, a Petrobras informava aos acionistas e aos brasileiros que havia adquirido 50% da Refinaria de Pasadena, Texas, Estados Unidos, por U$ 370 milhões. No entanto, na informação prestada à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a venda foi realizada por U$ 416 milhões. A pergunta que não quer calar: onde foram parar U$ 46 milhões de dólares? 

No Relatório de Administração de 2006, a Petrobras comemorava o bom negócio e informava que os investimentos previstos para a refinaria Pasadena alcançariam U$ 2 bilhões. 
No entanto, o bom negócio logo virou um mico. No Relatório de 2007, a Petrobras informa que a refinaria processou apenas 90,8 mil barris por dia, 10% abaixo da capacidade. No Relatório de 2008, a performance informada é ainda pior: a refinaria processou apenas 68,8 mil barris por dia, mais de 30% abaixo da capacidade de produção. A explicação foram paradas não programadas. 

Na prática, a refinaria de Pasadena comprovava que era uma verdadeira sucata.

Em outubro de 2008, a Câmara de Arbitragem, em processo internacional, proferiu sentença provisória considerando válida a opção de venda dos 50% de participação da Astra Oil na refinaria Pasadena. O Relatório da Administração informa que “ sendo a sentença confirmada, a companhia passará a deter 100% da PRSI e suas afiliadas”. Em Relatório de Gestão ao Tribunal de Contas da União, a Petrobras informa que lançou uma perda por pagamento de ágio da ordem de R$ 127 milhões. 

No Relatório de 2009, a Petrobras confirma a compra e informa o preço ao mercado, com o seguinte texto:

Em 2009, a Petrobras America Inc., subsidiária da Petrobras nos Estados Unidos, adquiriu a participação de 50% do Transcor Astra Group na Pasadena Refining Systems, Inc. (PRSI). O valor de compra, definido e proferido em processo arbitral, foi de US$ 466 milhões, pagos quando o Astra Group decidiu exercer a  opção de venda de sua participação. Com essa transação, a Petrobras passou a controlar 100% da PRSI.

Houve, portanto, uma grande mentira da Petrobras ao mercado. A compra não havia sido concretizada. Se tivesse sido, o valor da sentença era de U$ 622 milhões, U$ 156 milhões maior do que o noticiado. No entanto, é bom lembrar, desde a decisão preliminar, em outubro de 2008, a gestão da Refinaria Pasadena estava nas mãos da Petrobras. De fato, ela já era a dona do negócio, conforme informa um relatório de auditoria de 2009.

Na realidade, o que ocorreu foi o seguinte. Uma decisão preliminar em outubro de 2008 deu ganho de causa à Astra, reconhecendo a cláusula "put option". Desta forma, a Petrobras assumiu a gestão e foi discutir o preço por demanda judicial.

Em 10 de abril de 2009, saiu a decisão da arbitragem quanto ao preço. Um valor de U$ 466 milhões pelos restantes 50%, a serem pagos em três parcelas: U$ 296 milhões em 29 de abril de 2009, U$ 85 milhões em setembro de 2009 e U$ 85 milhões em setembro de 2010. 

A decisão arbitral determinou, ainda, adicionalmente ao valor atribuído à compra das ações, o reembolso pela Petrobras à ASTRA do montante de US$ 156 milhões, correspondente a uma garantia relativa a empréstimo contraído pela Trading Company junto ao BNP Paribas.

Este valores foram reconhecidos contabilmente pela Petrobras desde a decisão arbitral de abril de 2009. Em 31.12.2009 esses valores correspondiam a US$ 488 milhões e US$ 177 milhões, respectivamente, já considerados os juros incidentes até essa data. 

Sabedora do enorme prejuízo com a negociação, a Petrobras lançou R$ 341 milhões no seu balanço de 2009, relativos à "perda de investimento da Refinaria de Pasadena". Ou "correspondente à diferença entre o valor dos ativos líquidos e o valor definido pelo painel arbitral." Uma perda de U$ 147 milhões. É reconhecimento explícito do mau negócio que, agora, o PT tenta vender como excelente.

O que aumentou no preço depois da decisão da Justiça norte-americana deve-se à teimosia de Dilma Rousseff, que não aceitou o laudo da arbitragem em duas ocasiões.

Por fim, em 10 de março de 2010, a Corte Federal de Houston, Texas, EUA, confirmou a sentença arbitral proferida em 10 de abril de 2009. Ratificou a decisão de que a Petrobras adquiriu 100% da participação acionária da Astra Oil Trading NV na Pasadena, em função da cláusula "put option". A Petrobras continuou recorrendo da parte da decisão que confirmou a competência da corte federal em questão e de outros aspectos do julgado. Uma bobagem bem brasileira.

Somente em 2012, houve a decisão final, conforme informação de Petrobras à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos:

Nos Estados Unidos controlamos 100% do Sistema de Refino de Pasadena, ou PRSI e 100% da empresa comercial exportadora relacionada à PRSI, a PRSI Trading Company. Em 29 de junho de 2012, celebramos um acordo para solucionar todos os litígios existentes com o grupo Transcor/Astra, que controla a Astra Oil Trading NV (Astra). Os processos judiciais derivam do período de parceria entre a Astra e a Petrobras America, Inc., ou PAI, nossa subsidiária indireta nos Estados Unidos, na PRSI e a PRSI Trading Company. O acordo também encerrou o litígio relativo à decisão arbitral que havia reconhecido a opção de venda de sua participação acionária na PRSI e na PRSI Trading Company, o que levou a PAI adquirir a referida participação acionária. No acordo, a PAI pagou o valor da opção de venda estabelecido pela decisão arbitral emitida em 10 de abril de 2009, além de juros e outras despesas judiciais, somando US$ 820,5 milhões. Esse valor já foi totalmente provisionado em nossas demonstrações financeiras consolidadas e auditadas em 2009, 2010 e 2011. O valor remanescente de aproximadamente US$ 70 milhões foi incluído nos resultados das nossas operações referentes ao segundo trimestre de 2012.

No final das contas, o custo da Refinaria de Pasadena somou U$ 1,23 bilhão. Uma diferença de U$ 1,19 bilhão entre o que a Astra pagou pelo negócio, antes de vender para a Petrobras. Além da incompetência do Conselho de Administração e da Diretoria, cabe ressaltar que a teimosia de Dilma Rousseff em aceitar a decisão da Justiça americana em várias instâncias custou cerca de U$ 200 milhões. Basta fazer as contas. 

8 comentários

Ótimo post. O enfrentamento deve se dar nesse campo técnico, do qual o adversário que fugir, dizendo que tudo foi culpa do Cerveró.

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Coronel, que tudo isso mostra má fé, nos sabemos, agora queremos saber quem foi o beneficiário final dessa roubalheira e é só isso o que importa agora, o resto é pura enrolação.

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Qual o nome da empresa de auditoria que auditou a ptbras? Será que foi a Arhur Andersen?????????

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...Arthur Andersen....Empresa de auditoria que "auditou" a ENRON , que faliu nos USA e deu um enorme prejuizo ás viuvas americanas, que compram ações por lá.

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Segundo informa o blog Alerta Total, na justiça brasileira a Dilma e sua tchurma escapam, o que não nos causa nenhuma surpresa, mas nos Estados Unidos onde eles tam,bém estão sendo investigados por conta desta refinaria eles vão ser condenados e muito condenados.

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Eduardo Carvalho mod

Por maior esforço que se faça, não há como não lançar as lentes sobre uma grande fraude perpetrada contra a Petrobras. Os profissionais que estavam à frente de um negócio dessa magnitude não tinham, por hipótese alguma, condições de cometer tamanha barbeiragem. Só uma milionária comissão faria alguém assinar uma transação de compra de uma sucata, achando, talvez, que por ser no exterior e estando tudo dominado pelo PT, esse crime nunca chegaria ao conhecimento do povo brasileiro.

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Temos que saber quem foram os beneficiários dessa negociata com cláusula de ""puta comission".

Francisco

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Coronel,

Soma-se a isto tudo, a perda de credibilidade do Brasil, que esta custando CENTENAS DE BILHÕES DE REAIS ao Brasil!!

Eu achava que só o Lulla, o PT e a Dillma tivessem morrido, mas acho que levaram o NOSSO FUTURO também!!

JulioK

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