Oito meses após o escândalo envolvendo a ex-funcionária da
Presidência em São Paulo Rosemary Noronha e as suspeitas de tráfico de
influência nas agências reguladoras, recomeçou a guerra política pelo controle
de cargos de diretoria nessas instituições. PT e PMDB acabaram de travar uma
disputa nas Agências Nacionais de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de Saúde
Suplementar (ANS) em que interesses partidários ditaram os rumos desses órgãos.
O PT teve de esperar quatro meses para que o nome de Ivo
Bucaresky, militante do partido que já havia sido aprovado na Comissão de
Assuntos Sociais do Senado (CAS), fosse enviado ao plenário e, assim, pudesse
assumir o posto na Anvisa. Isso só ocorreu após o PMDB também indicar um nome
para outra diretoria da Anvisa.
Bucaresky foi confirmado na mesma sessão em que a comissão
indicou o funcionário Renato Porto. Ele teve como padrinho de casamento o líder
do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), amigo da família. Em seis dias, o
nome do Porto foi à votação em plenário, 20 vezes mais rápido que Bucaresky.
Embora seja suplente na comissão, Eunício fez questão de participar da
aprovação do afilhado.
Um senador da CAS, sob anonimato, explicou o ocorrido.
“Estava faltando a indicação (no PMDB). O pessoal (parlamentares) ficou
esperando”, disse. A disputa partidária fez com que a Anvisa, que geralmente
atua com cinco diretores na função de liberar o uso de medicamentos no País e
fiscalizar alimentos em âmbito nacional, ficasse mais um terço do ano sem o
quadro de dirigentes completo.
" A sessão de 11 de junho, em que Porto foi sabatinado,
é esclarecedora. “Peço que, se for possível, nós votemos, no dia de hoje, não
somente os dois candidatos, mas também o Dr. Ivo, que está aqui no limbo há um
bocado de tempo”, apelou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Naquele dia, também foi aprovado o nome de Elano Figueiredo
para a ANS a indicação é fruto de consórcio entre PT e PMDB. Ele é investigado
pelo Conselho de Ética da Presidência da República por ter omitido do currículo
vínculo empregatício com a operadora de saúde HP Vida, como revelou o Estado. Na sessão, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também fez um
apelo. “(Quero) pedir a urgência para que possamos votar, hoje, em plenário, o
Dr. Ivo, o Dr. Renato e o Dr. Elano (...) Esperamos fazer uma votação maciça
11a tarde de hoje. Portanto, aprovar os dois nomes para a Anvisa eoDr. Elano
para a ANS ainda nesta tarde.”
Jucá teve apoio da senadora Ana Amélia (PP-RS). “Eu só
queria também endossar a inclusão do nome do Dr. Ivo Bucaresky 110 pedido de
urgência (...) porque eu havia citado apenas os nomes do Dr. Renato e do Dr.
Elano para a Anvisa e para ANS, respectivamente, mas incluo, com muito bom
grado, o nome do Dr. Ivo Bucaresky para a Anvisa na votação de hoje”, disse.
Acordo cumprido.
Eunício Oliveira detende a escolha de Porto, que já era
funcionário da Anvisa. “Indiquei o menino como técnico. O pai dele teve
problema de câncer e morreu, a mãe está doente. É um rapaz muito sofrido, mas
que tem muito valor, é dedicado, batalhador, fichinha limpa”, afirmou. O
senador nega boatos de que Porto seja seu parente. “E se fosse, qual seria o
problema?”
Para o líder do PMDB, “tem gente tentando plantar
informações falsas”. “Deve ser porque eu desagradei a alguém com minha
indicação, ou alguém que queria emplacar um nome ; não teve êxito”, disse. O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou indicar Femando Garcia
Mendes, barrado na triagem inicial para a vaga.
Ajuda - Bucaresky foi indicado pelo ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, e pelo vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT). Petista
desde 1987, ele admite que a filiação partidária o ajudou e que não saberia
dizer se teria sucesso caso não fosse ligado à sigla. O salário de um diretor comissionado de agência reguladora
entre R$ 11,7 mil e R$ 12,3 mil - não costuma ser o principal atrativo do
cargo, mas sim o poder das decisões. As agências regulam e fiscalizam
atividades privadas na execução de serviços de caráter público. As doações de campanha da área de saúde cresceram 746,5% de
2002 a 2010, segundo estudo da USP/UFRJ. Em 2010, o setor distribuiu R$ 11,8
bilhões a candidatos e partidos. (Estadão)
2 comentários
Na ANVISA o Pedro Caroço está envolvido até o pescoço. É só dar umas enxadadas por lá que o ladrão vai aparecer como um doa mais corruptos da Agência.
ReplyCoronel,
Replyestão dando prosseguimento ao que sempre fizeram. O Brasil... o Brasil que continue a aguentar os desmandos.