Na conversa entre Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff,
na noite de quarta-feira no Palácio do Planalto, o vice-presidente
advertiu o governo a não se intrometer em assuntos domésticos de seu
partido, o PMDB, principalmente tentando recolocar Leonardo Picciani
(RJ) no cargo de líder da bancada da Câmara, do qual foi destituído na
última quarta-feira.
Na quinta, no entanto, Dilma já desconsiderou a
sugestão de Temer e operou para reverter o afastamento de Picciani.— Isso pode acirrar os ânimos no partido, provocando inclusive a
antecipação da convenção que vai decidir sobre a continuidade do apoio
ao governo. E essa antecipação não é boa para o governo — disse Temer à
presidente.
Só que, menos de 24 horas depois, a presidente e o vice voltaram a se
confrontar, desta vez não publicamente, mas através de uma intensa
guerra nos bastidores. Ignorando a advertência de Temer, Dilma continuou
interferindo nas questões internas do PMDB. De Buenos Aires, onde
estava para a posse do presidente argentino Mauricio Macri, ela ligou
para o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, do PR,
pedindo que ele concordasse em ceder um deputado de seu partido para o
PMDB como forma de tentar restituir a liderança do partido a Leonardo
Picciani. A ligação de Dilma a Rodrigues foi confirmada ao GLOBO por
pessoas próximas ao ministro.
Desde
que Picciani foi destituído do cargo por ter se tornado leal ao
governo, o Planalto tem operado para mudar votos de deputados. Até
governadores estão sendo acionados, para chamarem deputados
anti-Picciani para o comando de secretarias estaduais, abrindo vaga na
Câmara a peemedebistas mais ligados a Dilma.
Em contrapartida, o vice, ao tomar conhecimento do telefonema de
Dilma a Rodrigues, determinou imediatamente, como adiantou Lauro Jardim
em seu blog no GLOBO, a impugnação da filiação de todo e qualquer
parlamentar que tente ingressar no PMDB como reforço para Picciani
retornar à liderança.
Há exatamente uma semana, no encontro de 20 minutos que suscitou uma
série de versões que contrariaram o vice, Temer havia sugerido a Dilma
que ela assumisse uma “postura institucional” na defesa de seu mandato,
evitando polarizar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Dilma também fez o contrário, intensificando suas críticas ao fato de
Cunha estar sendo acusado de ter conta na Suíça.
VICE DEFENDE “REUNIFICAÇÃO” DO PAÍS
Na tarde de quarta-feira, ao participar de um evento com empresários em Porto Alegre, Temer defendeu a “reunificação” do país: — Se quisermos fazer o país prosperar, precisamos reunificá-lo,
conversar com todos os movimentos sociais, com todos os partidos
políticos.
Na noite de quarta-feira, Temer tentou se esquivar de perguntas de
correligionários sobre a conversa com a presidente. Depois da reunião no
Planalto, ele foi a um jantar de confraternização na casa do líder do
PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Acabou falando a alguns senadores
estar se sentindo “desconfortável” com a situação e que “não era para
ter acontecido o que aconteceu”, referindo-se ao vazamento da carta que
enviou a Dilma.
Antes de chegar ao jantar na casa de Eunício, Temer se encontrou com
aliados no Palácio do Jaburu e disse ter estranhado a manifestação do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que ele não
consultara o partido para enviar a carta a Dilma.
— Como eu poderia consultar o partido sobre uma carta pessoal, que
fiz questão de chamar de desabafo? Foi uma comunicação direta entre o
vice-presidente e a presidente da República — disse Temer a um aliado.
Na conversa com Dilma, Temer afirmou que não pretende tomar posição
sobre o impeachment porque o PMDB, está dividido em relação à questão. O
vice, porém, diz que o movimento da ala pró-impeachment do PMDB tem que
ser entendido como natural e decorrente do esgarçamento das relações
entre o PT e o PMDB.
Um senador peemedebista, que conversou com o vice
no jantar, relatou que a relação de confiança mínima que existia entre
Dilma e Temer se quebrou. — É preciso manter a relação institucional até o fim do governo. Mas
nada além disso. Não há o que cole o que foi quebrado — disse. (Globo)
4 comentários
Temer disse que a dilma estava muito abatida na reunião que fizeram pela reconciliação após a divulgação da carta confidencial. Puro fingimento da dilma. Agora se lança com toda força para tramar a recondução do Picciani à liderança do PMDB .Por esta e por outras , acho que, como atriz, dilma teria mais sucesso do que como presidente.
ReplySabe Coronel, tem coisas que são por natureza política, incompreensíveis; mas, o PMDB, com todo o poder que tem continuar dormindo com o inimigo achando que elle não é perigoso, é de uma ingenuidade atroz. Acredito que a palavra que melhor os definem é SUBMISSÃO PATOLÓGICA"
ReplyJá vimos um pouco de tudo neste país, mas estadista não temos nenhum no momento que consiga aglutinar forças em prol do país e, só do país e, o principal adjetivo que deve ter esse estadista é CORAGEM. Não vejo nenhum com esse atributo! Temer terá coragem de usar mecanismos constitucionais e a lei para enfrentar esses esquerdopatas após a saída da dilmanta. Se a resposta for negativo, já vai começar mal!
ReplyO mordomo só está esperando para pegar a caneta e mandar ver.
ReplyJá li comentários que o X-9dedos quer entregar o "seu poste" para poder se aproximar do mordomo 'Temer', com o intuito de que o mordomo não deixe evoluir a cobrança de suas kgadas e o coloquem num "ENGRADADO".