Mercado precifica rebaixamento do Brasil em recessão: PIB cai 2,55%, inflação sobe a 9,28%, indústria recua 6,20%.

Quem vai pagar a conta são os mais pobres.

(Estadão) Depois da retirada do grau de investimento do Brasil pela agência Standard & Poors na semana passada, a expectativa para a atividade econômica no País azedou ainda mais. Analistas consultados pelo Banco Central para o Relatório de Mercado Focus agora preveem retração de 2,55% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e queda de 0,60% em 2016. Na semana passada, essas projeções eram de recuo de 2,44% em 2015 e retração de 0,50% em 2016.

Também para a inflação as previsões pioraram. A mediana das projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que mede a inflação oficial) em 2016, justamente onde está o foco da atuação do BC neste momento, apresentou elevação pela sexta semana consecutiva, passando de 5,58% para 5,64% - há um mês, estava em 5,44%. Para este ano, a mediana das projeções ficou em 9,28%, uma queda em relação à previsão de 9,29% da semana passada. 

No Top 5 de médio prazo, grupo dos economistas que mais acertam as estimativas, o movimento foi ainda maior: a previsão saiu de 5,28% para 5,98%. Quatro semanas antes estava em 5,38%. Pesou aqui a mudança dos participantes do grupo depois da divulgação do IPCA de agosto, mas, de qualquer forma, é possível perceber a deterioração das expectativas.

O BC promete levar a inflação para a meta de 4,5% no fim do ano que vem, mas recentemente, a autarquia vem chamando a atenção para "novos riscos" que surgiram para o comportamento dos preços. Pelos cálculos da instituição revelados no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o IPCA ficará em 4,8% em 2016 no cenário de referência e em 5,1% no de mercado. Uma nova edição desse documento será divulgada no fim deste mês.

Os economistas consultados na pesquisa mantiveram as previsões para a taxa de juros este ano e no próximo. A expectativa é de que a Selic encerre 2015 no patamar atual, de 14,25% ao ano. Para 2016, a projeção é de que ela fique em 12% ao ano - há quatro semanas, a mediana das projeções estava em 11,88%. 

Indústria. A constatação de recessão econômica com a divulgação do PIB do segundo trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também levou à piora das projeções para a produção industrial no País.

No boletim de hoje, a projeção saiu de uma baixa de 6,00% para um recuo de 6,20% em 2015. Já para 2016, a mediana das estimativas foi reduzida de uma alta de 0,72% para um avanço de 0,50%. Há quatro semanas, as medianas destas previsões eram de, respectivamente, -5,00% e +1,00%.  

Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro e 1,9% ante o mesmo período de 2014. O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção para este ano, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%. Uma nova edição do documento será apresentada no fim deste mês.

2 comentários

Até aí nenhuma novidade. Foram bucha de canhão do pete nas ultimas eleições, com ameaças de que Aécio cortaria o bolsa família se eleito. (Eu mesmo recebi mensagens no celular neste sentido). Agora os cortes chegaram (vide Veja). Afora isto, a inflação dos alimentos é a mais danosa e atinge em cheio as classes mais necessitadas.

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Só notícia boa!

E não que "quanto pior, melhor"...

A questão é: quanto mais real, mais real!

Só isso!

Uma ducha de água gelada é melhor que um balde de água fervente.

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