(Estadão) Auditoria da BR Distribuidora em contratos investigados pela
Operação Lava Jato descobriu que a empresa direcionou quatro licitações
vencidas pela UTC Engenharia no valor de R$ 574,1 milhões em 2010. Até
agora, havia sido descoberto apenas que a empreiteira pagou R$ 20
milhões em propina para ter acesso antecipado a estimativas de preços, o
que lhe garantiu apresentar a melhor proposta nos certames.
Mas o relatório de auditoria, finalizado em março deste
ano e inédito até agora, apontou, no entanto, que a BR também facilitou
a vitória ao substituir uma lista inicial de empresas que seriam
convidadas a participar das licitações por outra relação que incluiu
empreiteiras do chamado “clube da propina” – que já fraudavam, com a
UTC, as licitações na Petrobrás.
O resultado da auditoria reforça a tese da força-tarefa da
Operação Lava Jato de que as empreitaras investigadas atuavam em
conjunto, como um cartel, para lesar a Petrobrás e suas subsidiárias.
Um e-mail enviado pelo gerente de Logística da BR na época,
Sérgio Barbosa, ao então diretor de Operações, José Zonis, revelou aos
auditores que a lista inicial tinha dez empresas que já haviam
trabalhado para a BR e que poderiam fazer as obras. A relação que foi à
votação continha dez nomes. Mas cinco dos sugeridos inicialmente
desapareceram da listagem.
Foram incluídas empresas que estavam fora do cadastro da BR
como: Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Skanksa Brasil. A UTC Engenharia,
a Andrade Gutierrez e a Mendes Júnior constavam da primeira relação e
foram mantidas entre as convidadas a participar. O atual presidente da
BR, José Lima de Andrade Neto, e os diretores à época aprovaram os nomes
dos convidados sem contestações durante reunião de diretoria.
Os auditores concluíram que, ao editar a lista inicial de
convidados e limitar em dez o número de empresas, a BR direcionou a
licitação, uma vez que ao menos 30 empresas teriam condições de prestar
os serviços. Os auditores também contestaram justificativa de que foram
chamadas apenas empresas de “grande porte”, termo muito amplo que
permitiu ao comando da BR colocar ou retirar empresas sem a verificação
de condições objetivas.
A auditoria não concluiu quem produziu a lista final de
convidados para os certames, mas indicou haver indícios de que o
ex-diretor José Zonis teria influenciado a relação final. Além do
direcionamento e do acesso antecipado à planilha de preços, a auditoria
também diz que a BR, antes de licitar, subiu preços de acordo com os
interesses de Ricardo Pessoa. Segundo a auditoria, não havia controle sobre quem tinha acesso à planilha de valores.
As obras. Sem tradição em grandes obras de
infraestrutura, a decisão da BR em fazer as licitações coincidiu com o
início da influência na empresa dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA),
então ministro de Minas e Energia, e Fernando Collor (PTB-AL). O atual
presidente, Lima Neto, deixou a secretaria de Petróleo e Gás do
ministério para assumir a BR, em agosto de 2009.
Mal Lima Neto se sentou na cadeira, recebeu um telefonema do
ex-chefe avisando que dois dos diretores seriam substituídos para dar
lugar a José Zonis (Operações) e Luiz Sanches (Rede de Postos), ambos
indicados pelo senador Collor. Os únicos mantidos nos cargos na época
foram Nestor Cerveró e Andurte de Barros Duarte Filho. Este último,
indicado pelo PT.
Ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa disse em delação premiada
que pagou R$ 20 milhões a Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo de Fernando
Collor, para conseguir as obras na BR tocadas na diretoria de Zonis.
Zonis, Sanches e Cerveró são hoje investigados na Lava Jato em casos de
corrupção na Petrobrás.
Um ano e um mês após essa nova configuração na BR, a diretoria
da empresa decidiu licitar as obras vencidas pela UTC para construção
de tanques de distribuição de combustível no Acre e no Tocantins, além
de ampliar os terminais de Duque de Caxias (RJ) e da Amazônia, sob a
justificativa de que a demanda por combustíveis havia aumentado. Foram
as únicas obras em décadas na empresa, que tem como principal função
comercializar e distribuir derivados de petróleo a seus 7,5 mil postos
de serviço.
A reportagem não conseguiu localizar Collor e Lobão neste
domingo. Collor tem negado as denúncias de que recebeu propina em troca
de conseguir contratos na BR Distribuidora. Lobão também refuta qualquer
tipo de envolvimento com as irregularidades na Petrobrás.
1 comentários:
Essa justiça tupiniquim é mais lerda que um cágado! Esses bandidos todos locupletados nos cargos de governo, reluzindo na testa "sou um dos achacadores", mesmo assim continuam todos nos seus postos de roubo, afundando a mão no que resta nos cofres públicos. Essa frouxidão e leniência dos togados é a alegria da quadrilha, que já deviam há muito tempo estar atrás das grades, mas continuam com todo o tempo do mundo para armar álibis, que os blinde e permita continuar na empreitada de corrupção.
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