(Estadão) Com votos contrários do próprio PT e do PCdoB, o governo foi
derrotado e viu a Câmara incluir na Medida Provisória 664 um dispositivo
que cria uma alternativa ao fator previdenciário - fórmula que reduz o
valor das pensões e que tem por objetivo desestimular aposentadorias
precoces. Por
232 votos 210, além de duas abstenções, os deputados aprovaram uma
emenda do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) que estabelece uma
"porta de saída" para o fator para quem atingir uma somatória que leva
em conta a idade e o tempo de trabalho. Pelo texto de Faria de Sá, a
soma para deixar o fator passa a ser de 85 para as mulheres e de 95 para
os homens, desde que o tempo mínimo de contribuição seja de 30 anos
para as mulheres e de 35 anos para os homens.
A MP em análise hoje pela Câmara faz parte do ajuste fiscal e
torna mais difícil o pagamento da pensão por morte e do auxílio-doença,
entre outros benefícios. O texto-base da medida foi aprovado, mas o
Palácio do Planalto trabalhou contra a emenda temendo o impacto nas
contas da Previdência.
No PT, partido da presidente Dilma Rousseff, houve nove votos
contra o governo, gesto também adotado por todos os 12 parlamentares do
PCdoB presentes. "Votei de acordo com a minha consciência", justificou a
deputada Erika Kokay (PT-DF). "Tenho a convicção que o governo vai
rever o fator previdenciário e essa decisão (aprovação da emenda) ajuda
nessa perspectiva", completou a deputada, uma das petistas que
contrariaram a orientação da legenda.
A flexibilização do fator previdenciário era considerada pelo
Palácio do Planalto o ponto mais delicado da votação da MP 664. A
coordenação política do governo Dilma Rousseff, comandada pelo
vice-presidente Michel Temer (PMDB), identificou nos últimos dias que as
mudanças no fator contariam com apoio de petistas. Os parlamentares do
PT temem o desgaste eleitoral de apoiar as medidas do ajuste fiscal -
que tornam mais difícil o pagamento de benefícios trabalhistas e
previdenciários - e viram na emenda de Faria de Sá uma forma de acenar
às suas bases.
Temer se encontrou à tarde com o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), para debater as dificuldades em evitar a aprovação da
emenda. Faria de Sá alegou que o Executivo pediu que Cunha declarasse a
emenda matéria estranha à medida provisória, o que não foi feito. Durante todo o dia de hoje, aliados do Planalto tentaram
convencer o petebista a retirar a emenda e prometeram instalar um grupo
de trabalho (formado pelo Executivo, pelo Congresso e pelas centrais
sindicais) para formular uma proposta que levasse à substituição do
fator previdenciário. Mas isso não foi suficiente para sensibilizar a
base. O Planalto, que havia aberto uma vantagem confortável nas outras
votações da noite, acabou derrotado na emenda.
A situação fica ainda mais complicada para a presidente Dilma
porque governistas consideram improvável que o Senado retire esse
dispositivo do texto. Não só para evitar o confronto com a opinião
pública, mas porque qualquer mudança na redação faria com que a MP
retornasse à Câmara, o que colocaria em risco a validade de toda a
proposta. Se o Senado preservar a alteração no fator previdenciário, o
ônus de vetar a emenda recairá sobre Dilma.
O que muda:
A emenda aprovada no plenário da Câmara nesta quarta, de autoria do PTB,
propõe uma exceção a essa regra, com a adoção da fórmula 85/ 95 --soma,
para mulheres e homens, da idade mais o tempo de contribuição. Caso o
trabalhador decida se aposentar antes de atingir essa marca, a emenda
determina que a aposentadoria continue sendo reduzida pelo fator
previdenciário.
Veja aqui como votaram os deputados em todas as emendas.
Veja aqui como votaram os deputados em todas as emendas.
2 comentários
os petistas estão tomando gosto por votar de acordo com a sua "consciência"...
Replyque diga-se de passagem, se chama Lula...
é essa a tal "consciência" dos petistas...
ele manda, eles obedecem...
Cel,
ReplyApesar da derrota, o PT, partido dos trabalhadores votou contra os tralhadores em sua maioria.